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sexta-feira



CAPITULO 1

1 - DEPOIS QUE JOSUÉ morreu, o povo de Israel foi à presença do Senhor para receber
instruções. "Qual de nossas tribos deverá ir primeiro guerrear contra os cananeus?,"
perguntaram os israelitas.
2 - Respondeu o Senhor: "Judá. Já entreguei a ele a terra."
3 - Então, os chefes da tribo de Judá pediram ajuda à tribo de Simeão. "Venham lutar junto
conosco contra os cananeus, para tomarmos posse da terra que nos foi dada por sorteio
sagrado," disseram. "Depois nós ajudaremos vocês a conquistar o território que receberam por
sorteio sagrado." Assim o exército de Simeão foi com o exército de Judá.
4 - E o Senhor deu a eles a vitória sobre os cananeus e fereseus. Mataram dez mil soldados
inimigos em Bezeque.
5 e 6 - Enquanto lutavam com os cananeus e com os fereseus em Bezeque, encontraram o rei
Adoni-Bezeque e lutaram contra ele. Adoni-Bezeque fugiu. Mas foi perseguido e preso. Daí
cortaram os polegares das mãos e dos pés dele.
7 - "Cortei os polegares de setenta reis, e eles comiam as migalhas debaixo da minha mesa!"
exclamou Adoni-Bezeque. "Agora Deus me fez pagar do mesmo jeito!" - O rei prisioneiro foi
levado para Jerusalém, e morreu lá.
8 a 11 - Judá conquistou Jerusalém, eliminou a população e pôs fogo na cidade. Depois o
exército de Judá lutou contra os cananeus da região montanhosa, no Neguebe e nas planícies
à beira-mar. Em seguida, marchou contra os cananeus que habitavam em Hebrom, antes da
chamada Quiriate-Arba, destruindo as cidades e Sesai, Aimã e Talmai. Dali partiu contra os
moradores de Debir, antes Quiriate-Sefer.
12 - "Quem quer dirigir o ataque a Debir?," desafiou Calebe. "Quem conquistar a cidade
poderá casar com minha filha Acsa! "
13 - Otniel, sobrinho de Calebe, filho de Quenaz, irmão mais novo de Calebe, foi quem
conquistou a cidade, e casou com Acsa.
14 - Quando o casal estava para sair para a sua casa, Acsa insistiu com Otniel que pedisse ao
pai dela mais um terreno, como presente de casamento. Ela desceu do burro em que estava
montada, para falar com o pai sobre isso. "Que foi? Que posso fazer por você?" perguntou ele.
15 - Ela respondeu: "Quero outro presente, meu pai! A terra que o senhor me deu é um
deserto. Quero uma que tenha fontes de água!" Então ele deu a ela as fontes superiores e as
fontes inferiores.
16 - Quando a tribo de Judá mudou para o novo território, no deserto do Neguebe, ao sul de
Arade, os descendentes do sogro de Moisés - membros da tribo dos queneus - foram junto.
Deixaram os lares em Jericó, a "Cidade das Palmeiras," e as duas tribos passaram a viver
juntas.
17 - Depois os exércitos de Judá e de Simeão, juntos, lutaram com os cananeus que habitaram
em Zefate. Destruíram totalmente a cidade. Por isso a cidade recebeu o nome de Hormá, que
significa "lugar devastado". 18 - O exército de Judá conquistou também as cidades de Gaza,
Ascalom e Ecrom, e suas aldeias.
19 - O Senhor ajudou a tribo de Judá a eliminar os povos das montanhas. Entretanto, Judá não
expulsou os moradores do vale, que tinham carros de ferro.
20 - Calebe recebeu a cidade de Hebrom - como tinha sido prometido. Ele expulsou da cidade
os habitantes, descendentes dos três filhos de Enaque.
21 - A tribo de Benjamim não conseguiu expulsar os jebuseus que moravam em Jerusalém.
Por isso eles vivem lá, misturados com os israelitas, até a data em que este livro é escrito.
22 a 26 - O exército de José, isto é, das tribos de Efraim e Manassés, por sua vez, atacou a
cidade de Betel - antes conhecida pelo nome de Luz. O Senhor ajudou o exército de José.
Primeiro foram uns espiões. Eles prenderam um homem que ia saindo da cidade. Fizeram a ele
esta proposta: "Se você mostrar a entrada (secreta) da cidade, você não morrerá". Ele
mostrou a entrada. Então os israelitas destruíram a cidade, mas deixaram que aquele homem
partisse em paz com a família. Ele foi para a terra dos heteus (na Síria) e ali edíficou uma
cidade que recebeu também o nome de Luz; e Luz é o nome dela até o dia em que este livro é
escrito.
27 e 28 - A tribo de Manassés não pôde expulsar os habitantes das cidades de Bete-Seã,
Taanaque, Dor, Ibleã, Megido, e suas respectivas aldeias; assim os cananeus permaneceram
nesses lugares. Mas depois que os israelitas ficaram mais fortes, obrigaram os cananeus a
trabalhar como escravos. Entretanto, não expulsaram totalmente esse povo do território.
29 - A mesma coisa aconteceu com os cananeus de Gezer: continuaram vivendo ali, junto com
os israelitas da tribo de Efraim.
30 - A tribo de Zebulom não expulsou os habitantes de Quitrom e Naalol; os cananeus
continuaram vivendo ali, mas fazendo trabalhos forçados.
31e 32 - Aser também não expulsou os habitantes de Aco, Sidom, Alabe, Aczibe, Helba,
Afeque e Reobe; daí os israelitas ficaram vivendo nesses lugares junto com os cananeus
antigos moradores dessas terras.
33 - A mesma coisa aconteceu com a tribo de Naftali: não expulsou os habitantes de Bete-
Semes e Bete-Anate; os cananeus continuaram vivendo ali, junto com os israelitas, mas como
escravos.
34 - Quanto à tribo de Dã, foi forçada pelos amorreus a ficar nas montanhas; não conseguiu
descer ao vale.
35 - Mas, avançando os amorreus pelas montanhas de Heres, Aijalom e Saalbim, foram
derrotados pela tribo de José, e passaram a viver como escravos dos israelitas.
36 - A fronteira dos amorreus começava na ladeira de Acrabim ou "do Escorpião", ia até um
ponto chamado Sela, continuando dali para cima.

CAPITULO 2

1 a 3 - UM DIA O ANJO do Senhor chegou a Boquim, vindo de Gilgal, e disse ao povo de Israel:
"Eu trouxe vocês; do Egito a esta terra que prometi aos seus antepassados, e disse que nunca
iria quebrar o meu trato com vocês. Mas isto se você fizessem a sua parte; e não assinassem
nenhum tratado de paz com os moradores desta terra. Ordenei que destruíssem os altares
deles. Porque vocês não obedeceram? Agora, como vocês romperam o trato, também não vou
expulsar estes povos. Eles ficarão aí como espinho nos lombos de vocês, e os deuses deles
serão sempre uma tentação para vocês!"
4 e 5 - O povo se pôs a chorar, ao ouvir as palavras do Anjo. Por isso aquele lugar recebeu o
nome de "Boquim" (que quer dizer: "onde o povo chorou"). Depois os israelitas ofereceram
sacrifícios ao Senhor.
6 - É bom lembrar que Josué tinha dispensado os exércitos de Israel. As tribos tinham ido para
os seus novos territórios tomando posse deles.
7 a 9 - Josué, servo do Senhor, morreu com cento e dez anos de idade. Foi enterrado no limite
das terras que recebeu como herança do Senhor, em Timnate-Heres, na região montanhosa de
Efraim, ao norte do monte Gaás. O povo tinha sido fiel ao Senhor durante toda a vida de
Josué, como também enquanto viveram os homens idosos que tinham visto os grandes
milagres que Deus tinha feito a favor de Israel.
10 - Finalmente morreram todos os que pertenciam àquela época e foram reunidos aos pais
deles.
11 a 14 - Pouco tempo depois, os israelitas deixaram de servir ao Senhor e não deram atenção
aos milagres feitos por Ele a favor de Israel. Abandonaram o Senhor que tinha tirado o povo de
Israel do Egito! Puseram-se a servir e adorar os ídolos dos povos que viviam ali por perto. Com
isso provocaram a irado Senhor! Ele deixou que os inimigos saqueassem os israelitas, porque
estes abandonaram o Senhor e estavam servindo aos (falsos deuses) Baal e Astarote.
15 e 16 - Assim, o Senhor era contra os israelitas quando eles saíam para lutar contra os
inimigos. Ele tinha feito advertências sobre isso e tinha prometido que agiria assim. Israel
estava em grande aperto! Mas o Senhor levantou juízes que livraram Israel dos inimigos.
17 - Contudo, os israelitas não obedeceram aos juízes. Em vez disso, foram infiéis ao Senhor e
adoraram outros deuses. Como se desviaram depressa da verdadeira fé que os seus pais
tinham! Pois, ao contrário deles, não obedeceram aos mandamentos do Senhor!
18 - Durante toda a vida de cada juiz colocado pelo Senhor sobre o povo, o juiz - com a ajuda
do Senhor - livrava o povo de Israel dos inimigos. Isso porque o Senhor tinha compaixão do
povo que gemia pelo aperto e pelas opressões que sofria!
19 - Mas quando o juiz morria, o povo voltava aos mesmos erros, e ficava pior do que os seus
pais, que já tinham morrido! Seguia, servia e adorava falsos deuses! Teimosamente retomava
os maus costumes das nações vizinhas, e não mostrava arrependimento!
20 a 22 - Então Deus ficou de novo irado com Israel. Disse Ele: "Este povo violou o trato que
fiz com os pais dele. Por isso não expulsarei os povos que ainda não tinham sido dominados
por ocasião da morte de Josué. Em vez disso, usarei essas nações para pôr o meu povo à
prova, para ver se obedecerá ou não ao Senhor, como fizeram os pais dele."
23 - Assim o Senhor deixou ficar ali aquelas nações: não expulsou nem permitiu que Israel
destruísse nenhuma delas.

CAPITULO 3

1 - AQUI VAI A LISTA das nações que o Senhor deixou para provar a nova geração de Israel,
que não tinha tomado parte nas guerras de Canaã. Pois o Senhor queria dar oportunidade aos
jovens israelitas para aprenderem a crer e a obedecer quando lutassem para eliminar os
inimigos. Os filisteus (cinco cidades), os cananeus, os sidônios e os heveus que viviam nas
montanhas do Líbano, desde o monte de Baal-Hermon, até a entrada de Hamate.
4 - Estes povos serviram de prova para os israelitas da nova geração - para ver se
obedeceriam aos mandamentos do Senhor, dados por meio de Moisés.
5 a 7 - Portanto, Israel viveu entre os cananeus, os heteus, os heveus, os fereseus, os
amorreus e os jebuseus. E em vez de destruir esses povos, houve casamentos mistos entre os
israelitas e eles. Os rapazes de Israel buscavam esposas entre aqueles povos, e as moças
israelitas aceitavam casamento com rapazes deles. E logo os israelitas estavam adorando os
falsos deuses deles. Assim o povo de Israel praticou o mal diante do Senhor - fez rebelião
contra o Senhor, Deus de Israel, e passou a servir aos Baalins e aos postes-ídolos.
8 - Então O Senhor ficou irado com Israel, e deixou que Israel fosse derrotado por Cusã-
Risataim, rei da Mesopotâmia. Os israelitas ficaram oito anos sob o domínio dele.
9 e 10 - Mas quando Israel pediu socorro ao Senhor, Ele mandou um libertador na pessoa do
sobrinho de Calabe, Otniel, filho de Quenaz, irmão mais novo de Calebe. O Espírito do Senhor
tomou controle total sobre Otniel, e ele exerceu as funções de juiz do povo de Israel, de modo
que quando ele comandou as forças de Israel contra o exército do rei Cusã-Risataim, o Senhor
ajudou os israelitas, e o rei da Mesopotâmia foi derrotado.
11 a 14 - Então a terra ficou em paz durante quarenta anos. Terminado esse período, Otniel
morreu, e o povo de Israel voltou aos velhos erros e pecados. Mas o Senhor deu poder a
Eglom, rei de Moabe, para levar Israel à derrota. Os exércitos de Eglom, ajudados por forças
amonitas e amalequitas, atacaram Israel e conquistaram Jericó, a "Cidade das Palmeiras". O
domínio de Eglom sobre os israelitas durou dezoito anos!
15 - Quando, porém, os israelitas clamaram a Deus por socorro, Deus levantou sobre eles um
libertador - Eúde, filho de Gera, benjamita. Eúde era canhoto. Ele foi encarregado de levar à
capital moabita o pagamento dos impostos cobrados de Israel por Eglom.
16 - Antes de viajar para lá, Eúde fez um punhal de dois gumes, de quase meio metro de
comprimento; prendeu a arma debaixo da roupa, do lado direito da coxa.
17 a 20 - Depois de entregar o dinheiro ao rei, que por sinal era muito gordo, saiu de volta
junto com os companheiros de viagem. Mas quando chegaram ao ponto onde estavam as
pedras esculpidas, perto de Gilgal, Eúde voltou sozinho para falar com o rei. "Tenho uma
mensagem secreta para Vossa Majestade," disse. Eglom, pedindo silêncio, fez sair todos os
que estavam com ele. O rei estava sentado numa sala agradável para os dias de calor, de uso
exclusivo dele. Eúde foi para perto dele e disse: "A mensagem que trago é da parte de Deus."
Eglom ficou de pé.
21 a 23 - Então Eúde com a mão esquerda tirou o punhal do lado direito, e cravou tão fundo a
arma no ventre do rei, que ela afundou até o cabo! Como Eúde não retirou o punhal, este ficou
encoberto pela gordura de Eglom. Eúde trancou as portas e fugiu por uma janelinha.
24 e 25 - Depois chegaram os criados do rei, encontraram fechadas as portas, e comentaram:
"Decerto ele está dormindo na sala de verão." Mas as portas continuaram trancadas muito
tempo. Os criados, cansados de esperar e preocupados, conseguiram uma chave e, abrindo a
porta da sala, viram estendido no chão o corpo do rei. Estava morto.
26 - Aproveitando essa demora toda, Eúde fugiu - passou pelo local das pedras esculpidas, e
foi para Seirá.
27 - Chegando na região montanhosa de Efraim, tocou uma corneta, convocando os israelitas
e formando um exército com eles.
28 - "Sigam-me," disse ele, "pois o Senhor já deu a Israel a vitória sobre os moabitas!" Lá foi
o exército e dominou os pontos de travessia do rio Jordão, perto de Moabe. E nenhum moabita
conseguia passar por ali.
29 - Depois as forças de Israel atacaram os moabitas, matando uns dez mil soldados, todos
fortes e capazes. Nem um só escapou.
30 - Assim Israel dominou Moabe naquele dia. E a terra ficou em paz durante oitenta anos.
31 - Imediatamente depois de Eúde, o juiz foi Sangar, filho de Anate. Ele matou de uma só vez
seiscentos filisteus - e a arma que usou foi um chuço de boiadeiro. Assim Sangar também foi
um libertador de Israel.

CAPITULO 4

1 a 3 - DEPOIS QUE EÚDE morreu, o povo de Israel tornou a pecar contra o Senhor. Por isso o
Senhor deixou que Israel fosse dominado por Jabim, rei de Hazor, em Canaã. Sísera,
comandante do exército de Jabim, vivia em Harosete-Hagoim. Ele tinha novecentos carros de
ferro e já fazia vinte anos que dominava - e com que dureza! - o povo de Israel. Finalmente os
israelitas pediram socorro ao Senhor .
4 e 5 - Nesse tempo, quem exercia as funções de juiz era a profetisa Débora, mulher de
Lapitote. Ela fazia funcionar o tribunal no lugar que veio a ter o nome de "Palmeira de Débora,"
entre Ramá e Betel, na região montanhosa de Efraim. Ali os israelitas procuravam Débora para
resolver as demandas.
6 e 7 - Certo dia ela mandou chamar Baraque, filho de Abinoão, que morava em Quedes, no
território de Naftali, e disse: "O Senhor, o Deus de Israel, mandou você reunir dez mil homens
das tribos de Naftali e de Zebulom. Leve esses exército ao monte Tabor para enfrentar o
poderoso exército de Jabim, com todos os carros que ele tem, estando no comando o general
Sísera. Disse o Senhor: "Eu farei que o exército de Jabim vá para o ribeiro Quisom. Ali você
derrotará as forças inimigas."
8 - "Eu só vou se você for comigo," disse Baraque a Débora. "Do contrário, não."
9 - "Está bem," respondeu ela, "vou com você; mas fique sabendo que quem vai ficar com a
honra de vencer Sísera é uma mulher, e não você. Porque o Senhor a entregará a uma
mulher." E Débora foi com Baraque a Quedes.
10 a 13 - Então Baraque convocou os homens de Naftali e de Zebulom em Quedes. Dez mil
homens foram reunidos e marcharam com ele. Débora também foi com ele. Héber, o queneu -
os queneus eram descendentes de Hobabe, sogro de Moisés - tinha deixado o restante do
grupo de famílias a que pertencia, e tinha estabelecido as moradias dele e da parentela em
diversos lugares, alcançando até ao carvalho de Zaanim, junto a Quedes. Quando contaram ao
general Sísera que o exército comandado por Baraque estava acampado no monte Tabor, ele
reuniu todo o exército, contando os novecentos carros de ferro, e marchou de Harosete-
Hagoim para o ribeiro Quisom.
14 - Disse, pois, Débora a Baraque: "Chegou a hora de entrar em ação! O Senhor vai na
frente! Ele já entregou Sísera a você!" Então Baraque e os dez mil soldados de Israel desceram
do monte Tabor para a batalha.
15 a 17 - O Senhor derrotou totalmente as forças chefiadas por Sísera, pondo em confusão os
soldados e os carros, diante de Baraque. Vendo isso, Sísera saltou do carro e fugiu a pé.
Baraque e os seus soldados perseguiram os homens e os carros inimigos até Harosete-Hagoim,
e destruíram o exército inteiro ao fio da espada. Não escapou nem um homem sequer!
Enquanto isso, Sísera fugiu para a tenda de Jael, mulher do queneu Héber, pois Jabim, rei de
Hazor, e o grupo de famílias chefiadas por Héber estavam em paz.
18 - Jael saiu ao encontro de Sísera, e disse: "Venha para a minha tenda. Ali o senhor estará a
salvo. Não tenha medo." Ele aceitou. Foi para a tenda de Jael e ela cobriu Sísera com uma
coberta.
19 - "Estou com muita sede!," disse ele. '''Por favor, dê-me um pouco de água." Ela abriu uma
vasilha de leite e o deu a Sísera e tornou a estender a coberta sobre ele.
20 - Ele disse a Jael: "Fique à porta da tenda; se chegar alguma pessoa e perguntar se há
alguém aqui, diga que não."
21 - Então a mulher de Héber pegou uma estaca e um martelo e foi pisando levemente até o
lugar em que Sísera dormia sono profundo - porque estava exausto. E Jael enfiou a estaca nas
têmporas de Sísera, martelando firme. A estaca atravessou a cabeça dele e ficou fincada no
chão. Assim morreu Sísera!
22 - Baraque vinha perseguindo Sísera. Jael foi ao encontro dele e disse: "Venha ver o homem
que você está procurando!" Ele foi, e viu Sísera morto, com a estaca espetada na cabeça.
23 e 24 - Assim, naquele dia Deus usou Israel para derrotar Jabim, rei de Canaã. E o povo de
Israel foi ficando cada vez mais forte, conseguindo mais e mais vitórias sobre Jabim, até que
ele e o povo dele foram destruídos.

CAPITULO 5

1 - ENTÃO DÉBORA e Baraque cantaram esta canção de louvor, celebrando a grande vitória:
2 - "Os chefes de Israel foram na frente; e o povo foi atrás alegremente! Bendigam o Senhor!
3 - Ouçam, príncipes e reis, eu cantarei ao Senhor, ao Senhor, Deus de Israel.
4 - Quando nos conduziu de Seir, marchando pelos campos, desde Edom, a terra tremeu, os
céus gotejaram, sim, as nuvens despejaram gotas de água,
5 - e os montes vacilaram diante do Senhor. Até o monte Sinai estremeceu diante do Senhor,
Deus de Israel!
6 - Nos dias de Sangar e de Jael, cessou o movimento nas estradas e os viajantes tomavam
rumos tortos.
7 - As aldeias de Israel ficaram desertas e adormecidas, até que surgiu Débora em Israel, mãe
que foi da nação!
8 - Quando Israel escolheu novos deuses, esse desvio favoreceu a guerra, mas em quarenta
mil israelitas não havia nem uma lança, nem escudo!
9 - Quanto me alegro com os capitães de Israel que foram voluntários valorosos! Louvem o
Senhor!
10 - Falem todos destas coisas: vocês que montam jumentas brancas; vocês que sentam em
ricos tapetes, e vocês que andam a pé.
11 - Ao som da música daqueles que cuidam das águas das pastagens, falem dos atos justos
do Senhor em favor das aldeias de Israel permitindo então ao povo do Senhor voltar feliz aos
seus lares!
12 - Desperte, Débora, desperte! Desperte! Acorde e entoe uma canção; levante-se, Baraque,
e leve presos aqueles que queriam prender você, ó filho de Abinoão!
13 e 14 - Do monte Tabor, pelas vertentes, desceu o restante dos valentes. O povo do Senhor
em meu auxílio marchou contra inimigos poderosos: Da antiga região de Amaleque desceram
os guerreiros de Efraim; e seguindo os passos de Débora marcharam multidões de Benjamim;
desde Maquir desceram comandantes - os hábeis capitães de Zebulom.
15 e 16 - Foram com Débora também os príncipes de Issacar. Issacar seguiu a Baraque; com
ele chegou ao vale. Mas vários grupos de Ruben discutiram fortemente: "Por que ficaram em
casa ouvindo ou tocando flauta?! Ouçam! Na tribo de Ruben houve grande discussão!
17 - Gileade não saiu do outro lado do Jordão; e por que Dã ficou lá parado nos seus navios?!
E por que Aser, sossegado, ficou na praia sentado, descansando nas baías?!
18 - Mas a tribo de Zebulom e os homens de Naftali arriscaram a própria vida nos campos de
batalha!
19 - Os reis de Canaã pelejaram em Taanaque, junto às fontes de Megido, mas nada
conseguiram e nada levaram!
20 - As próprias estrelas do céu, lá nas suas órbitas, contra Sísera lutaram!
21 - Quisom arrastou o inimigo, Quisom, o ribeiro das batalhas! Avante, ó minha alma, firme!
22 - Os cascos dos cavalos galopando, socavam o chão; os cavalos dos guerreiros galopando.
23 - Mas o Anjo do Senhor amaldiçoou Meroz. "Amaldiçoem duramente," disse Ele, "os
moradores de Meroz, porque não vieram combater com o Senhor, combater ao lado do Senhor
e Seus heróis!
24 - Dentre todas as mulheres, seja bendita Jael, mulher de Héber, queneu.
Sim, dentre todas as mulheres que habitam tendas de Israel, seja bendita Jael!
25 - Água ele pediu; leite ela deu; em taça principesca a nata ofereceu!
26 - Com a esquerda a estaca pegou, com a direita o martelo, e a Sísera golpeou. Furou,
rachou, e traspassou a cabeça do general!
27 - Aos pés de Jael foi caindo e ficou lá estirado; aos pés dela dobrou o corpo e ali mesmo
caiu morto!
28 - A mãe de Sísera olhava pela janela, e exclamava, grudada na grade:
'Por que demora o carro dele?! Por que não ouço o ruído do trotar dos cavalos?!
29 - Mas suas damas de companhia - e ela mesma – respondiam:
30 - "Decerto há despojos abundantes, que demora repartir; uma ou duas moças para cada
homem, e para Sísera, tecidos de várias cores; tecidos coloridos e bordados; e uma ou duas
estolas finalmente bordadas para a esposa distante!'
31 - Morram assim, Ó Senhor, todos os seus inimigos, como Sísera morreu! Mas os que amam
o Senhor brilhem como brilha o sol no matutino arrebol!
32 - Depois dessas coisas, a terra ficou em paz durante quarenta anos.

CAPITULO 6

1 - ENTÃO O povo de Israel voltou a pecar contra o Senhor como antes, e de novo o Senhor
permitiu que ele fosse dominado por inimigos. Dessa vez o domínio foi dado ao povo de Midiã,
e durou sete anos.
2 - Os midianitas foram tão cruéis que os israelitas tiveram de abrir covas e cavernas e
construir fortificações nas montanhas, para proteger as colheitas.
3 e 5 - Isso porque depois de cada sementeira feita pelos israelitas, vinham bandos de Midiã,
de Amaleque, e doutros povos vizinhos, acampavam nos territórios de Israel e consumiam os
produtos da terra até perto de Gaza. E quando iam embora, não deixavam provisão nenhuma -
nem mesmo ovelhas, bois e animais de carga! Pois esses bandos atacavam como nuvens de
gafanhotos. Vinham em multidão tão grande que não dava para contar nem os homens nem os
camelos! E devastavam tudo!
6 - Assim os midianitas deixaram o povo de Israel na maior miséria e fraqueza. Então os
israelitas clamaram ao Senhor por socorro. Pedindo Israel socorro ao Senhor.
8 a 10 - Ele respondeu por meio de um profeta, que disse: "Assim diz o Senhor Deus de Israel:
'Fui eu que libertei vocês da escravidão do Egito. Fui eu que trouxe vocês para estas terras.
Livrei vocês não só do Egito, mas de todos os povos que oprimiam vocês - expulsei todos estes
povos, e dei a vocês as terras deles. Então eu disse: Eu sou o Senhor, o Deus de vocês. Não
sirvam aos deuses dos amorreus que estão ao redor de vocês. Mas vocês não deram ouvidos!'"
11 - Contudo, um dia o Anjo do Senhor veio e sentou debaixo do carvalho da fazenda de Joás,
da família de Abiezra, em Ofra. Gideão, filho de Joás, estava batendo trigo. Fazia isso no lagar
- local onde as uvas eram espremidas para a fabricação do vinho - para esconder dos
midianitas o produto.
12 - O Anjo do Senhor apareceu a Gideão e disse: "Homem valente, o Senhor está com você!"
13 - Gideão respondeu: "Ora, meu Senhor, se o Senhor está conosco, por que aconteceu com
o meu povo tudo isto? E onde foram parar todos os milagres que os nossos pais contaram -
como os que aconteceram quando o Senhor libertou Israel do Egito? Porém, agora o Senhor
deixou o meu povo desamparado e entregue ao domínio destruidor dos midianitas!"
14 - Então disse o Senhor: "Com essa força que você tem, vá avante! Livre Israel do poder dos
midianitas! Veja! Sou Eu quem dá a você esta missão.
15 - Gideão respondeu, porém: "Meu Senhor, com que vou livrar Israel?! Pois a minha família
é a mais pobre da tribo de Manassés, e na minha família eu sou o mais insignificante!"
16 - A isso respondeu o Senhor: "Mas eu, EU sou estarei com você! Por isso você vai destruir
rapidamente os bandos midianitas!"
17 e 18 - Respondeu Gideão: "Se é certo que vai me ajudar desse jeito, e se é certo que estou
mesmo falando com o Senhor, faça algum milagre para provar isso. Peço, porém, que espere
aqui; vou buscar um presente para oferecer ao Senhor." Respondeu o Senhor: "Esperarei até
você voltar. "
19 - Gideão foi para casa e preparou um cabrito e bolos sem fermento, usando para isso mais
de vinte quilos de farinha! Colocou a carne em uma cesta, o caldo numa panela, e levou tudo
aonde estava Ele, à sombra do carvalho. E lhe ofereceu tudo o que tinha preparado.
20 - Mas o Anjo de Deus disse: "Coloque a carne e os bolos nessa pedra, e derrame por cima o
caldo". Ele obedeceu.
21 - Então o Anjo do Senhor encostou na carne e nos bolos a vara que trazia. Imediatamente
subiu fogo da rocha e consumiu tudo! E de repente o Anjo do Senhor desapareceu de vista!
22 - Quando Gideão viu que era de fato ó Anjo do Senhor, exclamou: "Ai de mim, Senhor
Deus, pois vi face a face o Anjo do Senhor!
23 - "Está tudo bem," disse o Senhor. "Não tenha medo! Você não vai morrer por causa disto!"
24 - Gideão construiu um altar ali, e deu a ele o nome de "Altar do Senhor que é paz." Esse
altar ainda está lá em Ofra, no território da família de Abiezra.
25 - Naquela noite o Senhor disse a Gideão que tomasse um dos bois do pai dele - o boi de
sete anos, o segundo em idade. Disse também que derrubasse o altar de Baal, pertencente ao
pai dele, e cortasse o poste-ídolo fincado junto ao altar.
26 - Continuando as instruções, disse o Senhor: "Construa depois um altar dedicado ao Senhor
seu Deus, no alto do morro. Depois sacrifique o boi como oferta queimada ao Senhor. Para o
fogo, use como lenha o poste-ídolo que vai cortar.
27 - Gideão reuniu dez dos seus criados e fez tudo o que o Senhor mandou. Mas teve o
cuidado de fazer tudo de noite, com medo dos parentes, e com medo dos homens da cidade.
28 - De manhã cedo, quando a cidade estava despertando, viram o que tinha acontecido: o
altar de Baal tinha sido derrubado, o poste-ídolo fora cortado, e num novo altar alguém tinha
sacrificado um dos bois do pai de Gideão.
29 - Toda gente quis saber quem tinha feito aquilo. Pergunta daqui e dali, a verdade apareceu:
"Foi Gideão, o filho de Joás."
30 - "Traga para fora o seu filho!" gritaram os cidadãos. "Ele terá de morrer, pois derrubou o
altar de Baal, e cortou o poste-ídolo!"
31 - Porém Joás disse a todos os que estavam contra Gideão: "Ora, ora! Vocês vão comprar a
briga de Baal?! Será que o deus Baal precisa disso? Quem fizer isso é que deverá morrer, pois
estará insultando Baal! Se Baal é deus, ele que cuide disto e mate aquele que destruiu o
altar!"
32 - Desse dia em diante, Gideão foi chamado "Jerubaal" - apelido que significa isto: "Baal que
cuide dele mesmo."
33 - Pouco depois, os exércitos de Midiã, de Amaleque e doutros povos vizinhos fizeram um
tratado, planejando atacar juntos o povo de Israel. Atravessaram o Jordão e acamparam no
vale de Jezreel.
34 e 35 - Então o Espírito do Senhor tomou controle de Gideão, e ele ordenou toque de reunir.
Os homens de Abiezer foram ter com ele. Gideão mandou mensageiros às tribos de Manassés,
Azer, Zebulom e Naftali - e os homens atenderam à convocação.
36 e 37 - Então disse Gideão a Deus: "Se de fato o Senhor vai usar a mim para salvar Israel,
como prometeu, dê-me uma prova desta maneira: Vou deixar um pouco de lã no pátio: se só a
lã estiver molhada do orvalho, e a terra em volta estiver seca, então terei certeza de que o
Senhor vai libertar Israel por meu intermédio, como disse."
38 - E foi justamente isso que aconteceu! Pois no dia seguinte bem cedo, Gideão foi lá,
espremeu a lã, e colheu uma tigela de água!
39 - Disse ainda Gideão ao Senhor: "Não fique irado comigo, mas eu peço que me deixe fazer
só mais uma prova com a lã: que desta vez só a lã fique seca, e a terra em volta dela fique
molhada do sereno.
40 - E Deus fez o que ele pediu naquela noite. Gideão viu que a lã estava seca, e que a terra
em volta dela estava molhada!

CAPITULO 7

1 - JERUBAAL, ISTO É, Gideão, e o exército israelita partiram de madrugada e acamparam
junto da fonte de Harode. Os exércitos de Midiã estavam acampados ao norte deles, no vale,
ao lado da colina de Moré.
2 e 3 - Disse o Senhor a Gideão: "Você está com gente demais! Não posso deixar tantos
homens lutarem contra os midianitas porque, se não, o povo de Israel vai gabar-se diante de
Mim, de que conseguiu sozinho a vitória! Mande para casa os medrosos e os que já estão
apavorados. Então voltaram vinte e dois mil homens, e ficaram dez mil.
4 - Mas o Senhor disse a Gideão: "Ainda há muita gente. Leve os soldados até às águas da
fonte. Ali vou mostrar quem deve ir com você, e quem deve voltar para casa.
5 e 6 - Gideão obedeceu. Então disse o Senhor: "Separe os homens em dois grupos, conforme
a maneira como beberem água. Num deles, ponha os que bebem água nas mãos, lambendo
como fazem os cães; no outro grupo, ponha os homens que ajoelham e põem a boca nas
águas, para beber." Só trezentos beberam levando as mãos à boca; todos os outros beberam
baixando a boca às águas.
7 - "Derrotarei os midianitas e livrarei o meu povo com os trezentos homens que beberam
levando as mãos à boca," disse o Senhor a Gideão, "Mande embora todos os outros!"
8 - Gideão recolheu as vasilhas de barro e as cornetas do exército, e depois mandou para casa
os homens, só ficando com os trezentos.
9 a 11 - Naquela mesma noite, estando os midianitas acampados abaixo, no vale, o Senhor
disse a Gideão: "Levante-se! Ataque o acampamento, porque farei que você tenha completa
vitória! Mas se você receia lançar o ataque agora, desça até lá primeiro, você e Pura, o seu
assistente. Você ouvirá o que dizem os midianitas. E o que ouvir vai encher você de coragem e
de ânimo para atacar o inimigo!" Gideão e Pura desceram então até os postos mais avançados
do acampamento inimigo.
12 - Os numerosos exércitos de Midiã, de Amaleque e doutros povos do oriente estavam
reunidos formando multidão enorme, cobrindo o vale como nuvens de gafanhotos - sim, como
a areia da praia do mar - e os camelos eram tantos que não dava para contar!
13 - Gideão chegou perto, justamente na hora em que um homem estava contando um sonho
ao companheiro. "Veja o sonho que tive!" disse ele. "Vi um grande pão de cevada que vinha
rodando contra o nosso acampamento, e bateu na tenda do comandante. A tenda virou de
cima para baixo, e ficou achatada!"
14 - Disse o outro soldado: "O seu sonho só pode significar uma coisa: É a espada de Gideão
que vem sobre nós! - Gideão, o israelita, filho de Joás. Deus já garantiu a vitória dele sobre
todos nós - midianitas e aliados!"
15 - Quando Gideão ouviu o sonho e a interpretação, adorou a Deus. Depois voltou ao
acampamento israelita, e bradou: "Todos de pé! Porque Deus vai usar vocês para dominar e
destruir o acampamento dos midianitas!"
16 a 18 - Gideão dividiu os trezentos homens em três batalhões, e deu a cada soldado uma
corneta, um vaso de barro e uma tocha dentro do vaso. Depois explicou o plano: "Fiquem
olhando para mim, e façam o que eu fizer. Quando estivermos chegando perto do
acampamento, façam exatamente o que eu fizer. Logo que eu e os homens do meu batalhão
tocarmos as cornetas, toquem vocês também as cornetas por todos os lados do acampamento,
gritem: 'Pelo Senhor e por Gideão!'"
19 e 20 - Foi logo depois da meia noite, e da mudança da guarda inimiga, que Gideão e os
cem soldados que estavam com ele chegaram perto do acampamento em Midiã. De repente,
tocaram as cornetas e quebraram os vasos, de modo que as tochas brilharam na escuridão da
noite. Então os outros duzentos homens fizeram o mesmo, segurando as tochas com a mão
esquerda, e com a direita as cornetas que tocavam. Depois gritaram: "Pelo Senhor e por
Gideão!"
21 e 22 - Feito isso, pararam e ficaram nos seus lugares, observando a confusão dos inimigos -
todos a correr, a gritar e a fugir! Porque, quando soaram as trezentas cornetas, o Senhor fez
Com que os inimigos virassem uns contra os outros, de tal maneira que houve tremenda
matança entre eles, de uma ponta à outra do acampamento! E os inimigos de Israel fugiram
em direção a Zererá, chegando até Bete-Sita e até os limites de Abel-Meloá, acima de Tabate.
23 e 24 - Então foram convocados os homens das tribos de Naftali, de Aser e de Manassés
para perseguirem os fugitivos. Além disso, Gideão mandou mensageiros à região montanhosa
de Efraim, convocando as tropas com estas ordens: "Desçam ao encontro dos midianitas e
cortem as passagens pelas águas do Jordão, até Bete-Bara, de modo que eles não possam
escapar."
25 - Orebe e Zeebe, dois generais de Midiã, foram capturados. Orebe foi morto na rocha agora
conhecida pelo nome dele, e Zeebe foi morto na prensa de vinho que passou a ter o nome de
"Lagar de Zeebe." Depois de perseguirem os midianitas, os homens de Efraim voltaram e
atravessaram o Jordão levando as cabeças de Orebe e Zeebe.

CAPITULO 8

1 - MAS OS OFICIAIS de Efraim ficaram zangados com Gideão. "Por que você não mandou
chamar as nossas tropas quando lançou o primeiro ataque aos midianitas?," reclamaram eles.
2 e 3 - Gideão respondeu, porém: "Ora, Deus deixou que vocês prendessem Orebe e Zeebe, os
generais do exército de Midiã! Que fiz eu, em comparação com isso?! Seus atos no final do
combate foram mais importantes do que os nossos no início. Com estas palavras eles ficaram
mais calmos.
4 - Gideão e os trezentos, cansados como estavam, atravessaram o Jordão e continuaram
perseguindo os inimigos.
5 – Passando por Sucote, pediram alimentos aos moradores do lugar. "Estamos cansados,"
explicaram, "porque estamos perseguindo Zeba e Salmuna, reis dos midianitas. "
6 - Mas os homens de Sucote disseram a Gideão: "Por acaso você já capturou Zeba e
Salmuna? E quem garante que vai conseguir isso? Só assim é que daremos alimentos ao seu
exército!"
7 - Então disse Gideão: "Pois saibam que quando o Senhor entregar ao meu poder os reis Zeba
e Salmuna, vou picar as carnes de vocês com espinhos e cactos do deserto! "
8 e 9 - Foram a Penuel e pediram comida lá. Receberam a mesma resposta negativa. Gideão
disse também aos moradores de Penuel: "Quando terminar este conflito e eu voltar, derrubarei
esta torre!"
10 - Enquanto isso, os reis Zeba e Salmuna estavam em Carcor. Estavam com eles uns quinze
mil homens - tudo que restou dos exércitos de todos os aliados do leste. Restaram poucos,
pois os que tinham morrido eram cento e vinte mil soldados!
11 e 12 - Gideão seguiu a rota das caravanas, a leste de Noba e Jogbeá, e atacou de surpresa
os midianitas, que estavam descuidados. Os reis Zeba e Salmuna fugiram, mas Gideão
perseguiu e capturou os dois, e pôs em fuga todo o exército deles!
13 e 14 - Mais tarde Gideão começou a marcha de volta, subindo pela passagem de Heres. Em
certo ponto, Gideão fez parar um jovem morador: de Sucote. Fez perguntas ao rapaz, e exigiu
que ele fizesse por escrito uma lista dos chefes políticos e religiosos da cidade. Ele anotou
setenta e sete nomes.
15 - Depois Gideão entrou em Sucote e disse aos homens de lá: "Vocês estão vendo aqui os
reis. Zeba e Salmuna! Vocês zombaram de mim, afirmando que eu nunca ia conseguir apanhar
os dois reis. E negaram comida quando estávamos cansados e com fome!
16 - Dizendo isso, Gideão prendeu os chefes da cidade e deu terrível lição a eles, com espinhos
e cactos do deserto, como tinha dito!
17 - Em seguida, foi a Penuel, derrubou a torre e matou os homens da cidade!
18 - Depois disso Gideão perguntou a Zeba e a Salmuna: "como eram os homens que vocês
mataram em Tabor?" Eles responderam: "Eram assim como você; pareciam filhos de reis."
19 - "Só podem ser meus irmãos!" exclamou Gideão. E acrescentou: "Diante do Senhor, o
Deus vivo e verdadeiro, eu digo que não mataria vocês, se não tivessem matado os meus
irmãos!"
20 - Gideão encarregou Jeter, seu filho mais velho, de matar os dois reis. Mas o rapaz era
muito jovem e não teve coragem.
21 - Então disseram Zeba e Salmuna a Gideão: "Faça isso você mesmo! Mostre que é
homem!" Gideão matou, pois, Zeba e Salmuna, e tirou os enfeites em forma de meia-lua, que
adornavam os pescoços dos camelos deles.
22 - Passadas estas coisas, os homens de Israel foram ter com Gideão e disseram: "Seja nosso
rei! Você, os seus filhos e os seus descendentes reinarão sobre nós pois você salvou Israel do
domínio de Midiã! "
23 e 24 - Mas Gideão respondeu: "Nem eu nem meu filho seremos reis sobre vocês; o Senhor
é o nosso Rei! Só uma coisa peço: que me dêem as argolas de ouro que vocês tomaram dos
inimigos que tombaram" - pois os soldados de Midiã, sendo ismaelitas, usavam argolas de ouro
como brincos.
25 e 26 - "Com todo o prazer!" responderam. Estenderam uma capa no chão para juntar nela
as argolas. As argolas reunidas deram um total de 170 quilos de ouro. Isto sem contar os
pendentes, os enfeites em forma de meia-lua e as finas vestes dos reis capturados, e sem
contar os enfeites dos pescoços dos camelos!
27 - Desse ouro todo, Gideão mandou fazer uma faixa sacerdotal que colocou em Ofra, cidade
dele. Mas logo todo o povo de Israel - infiel a Deus - começou a adorar a faixa! Ela veio a ser
armadilha e tentação para Gideão e para a família dele.
28 - Termina aqui a fiel narrativa de como Israel derrotou e dominou os midianitas. Midiã
nunca mais conseguiu a recuperação, e a terra gozou paz durante quarenta anos - ou seja,
enquanto viveu Gideão.
29 a 31 - Gideão, que é Jerubaal, filho de Joás voltou a morar na antiga casa dele. Como
Gideão casou com muitas mulheres, chegou a ter setenta filhos. Além disso, teve um filho da
mulher que tinha em Siquém. Este filho recebeu do pai o nome de Abimeleque.
32 - Gideão morreu com idade bem avançada, e foi enterrado no túmulo do pai dele, em Ofra,
no território da família de Abiezra.
33 - Depois da morte de Gideão, os israelitas - infiéis ao Senhor - voltaram a adorar os
Baalins, e adotaram Baal-Berite como deus!
34 - Depressa esqueceram que o Senhor era o Deus deles, e que Ele tinha livrado o povo de
Israel de todos os inimigos que o rodeavam.
35 - Os israelitas nem sequer foram bondosos para com a família de Gideão, não dando
atenção a todo o bem que ele fizera a Israel!

CAPITULO 9

1 - CERTO DIA ABIMELEQUE, filho de Gideão, visitou os tios – irmãos da mãe dele - em
Siquém. Conversou com a família inteira.
2 - "Vão falar com os chefes de Siquém," pediu ele. "Perguntem se preferem ser governados
por setenta reis – os setenta filhos de Gideão - ou por um só homem. Neste caso, é bom
lembrar que também sou da mesma carne e do mesmo sangue de vocês."
3 - Os tios de Abimeleque procuraram os oficiais da cidade e apresentaram a proposta dele. Os
cidadãos de Siquém concordaram em aceitar a chefia de Abimeleque, e concluíram: "Afinal, ele
é nosso irmão!"
4 e 5 - Para isso, deram a ele setenta peças de prata, retiradas do templo - as ofertas feitas ao
deus Baal-Berite. Com esse dinheiro ele alugou uns homens sem caráter e atrevidos, que
concordaram em fazer o que ele dissesse. Abimeleque foi com eles a Ofra, à casa do pai dele,
e sobre uma rocha matou todos os seus irmãos - os setenta filhos de Jerubaal, menos o mais
novo deles, Jotão. Este conseguiu fugir e ficar escondido.
6 - Então foi feita uma assembléia de todos os cidadãos de Siquém e de Bete-Milo. Resolveram
proclamar rei a Abimeleque - o que fizeram junto do carvalho-monumento, perto de Siquém.
7 - Quando Jotão ficou sabendo disso, subiu ao topo do monte Gerizim, e dali gritou em alta
voz: "Cidadãos de Siquém! Se vocês querem a bênção de Deus, escutem o que vou dizer!
8 e 9 - "Certa vez as árvores resolveram eleger um rei. Primeiro escolheram a oliveira, mas ela
não quis. 'Vocês acham que eu iria deixar de produzir o óleo que agrada a Deus e aos homens,
só para ficar me agitando por cima das outras árvores?', disse ela.
10 - "Então disseram à figueira: 'Seja nossa rainha!'
11 - "Mas a figueira também recusou o cargo. 'Vocês acham que eu iria deixar de produzir
minha doçura e meus frutos, só para ficar com a cabeça acima das outras árvores?,' disse ela.
12 - "Então falaram com a videira: 'Você reinará sobre nós!'
13 - "Mas a videira respondeu: 'Vocês acham que eu iria deixar de produzir o vinho, que
agrada a Deus e aos homens, só para ficar mais poderosa do que todas as outras árvores?'
14 - "Então todas as árvores disseram ao espinheiro: 'Seja você o nosso rei!'
15 - "O espinheiro respondeu: 'Se querem mesmo que eu seja o rei, venham procurar abrigo
debaixo da minha sombra! Se não, saia fogo de mim e queime os grandes cedros do Líbano!'
16 a 20 - " Agora, pois, vejam bem se estão tomando a decisão certa, fazendo de AbimeIeque
rei sobre vocês, e se estão sendo justos para com Jerubaal e a família dele; vejam se o que
estão fazendo é o que ele merece, lembrando os feitos dele. Pois meu pai lutou por vocês,
arriscou a vida e livrou vocês dos midianitas. Apesar disso, vocês fizeram rebelião contra ele, e
mataram os setenta filhos dele sobre uma pedra. E agora vocês acabam de escolher
Abimeleque - filho de uma escrava de Gideão - para ser o rei, só porque ele é parente de
vocês! Se vocês têm toda a certeza de que estão sendo corretos para com Jerubaal e a família
dele, muito bem; sejam felizes, vocês e Abimeleque! Se não, que Abimeleque elimine os
cidadãos de Siquém e de Bete-Milo; e que os cidadãos de Siquém e de Bete-Milo eliminem
Abimeleque!"
21 - Logo depois disso, Jotão fugiu e ficou morando em Beer, porque tinha medo de
Abimeleque, irmão dele.
22 a 24 - Depois de três anos de reinado de Abimeleque, Deus fez surgir um espírito mau
entre ele e os cidadãos de Siquém. Com isso, a população fez revolta contra o rei. Com tudo o
que passou a acontecer, tanto Abimeleque como os habitantes de Siquém foram castigados,
por causa da cruel matança dos setenta filhos de Gideão; porque os moradores de Siquém
colaboraram com Abimeleque no assassinato dos próprios irmãos dele!
25 - Os cidadãos de Siquém mandaram uns homens armarem emboscadas nas "trilhas das
montanhas. Mas, enquanto esperavam ocasião para pegar Abimeleque, os homens assaltavam
qualquer pessoa que passasse por perto. Abimeleque, porém, ficou sabendo disso.
26 - Nesse meio tempo, Gaal, filho de Ebede, mudou com os irmãos dele para Siquém. Todos
confiavam nele!
27 - Naquele ano, durante a festa das colheitas realizada em Siquém, no templo do deus local,
o vinho correu abundante. Logo todos estavam amaldiçoando Abimeleque.
28 e 29 - Gaal levantou a voz e disse: "Quem é Abimeleque? Por que há de ser ele o nosso rei?
Por que nós, cidadãos de Siquém, temos de servir a ele? É filho de Jerubaal, Zebul é o seu
braço direito. É gente de fora. Melhor seria que Hamor, pai de Siquém, fosse o nosso rei!
Abaixo Abimeleque! Ah! se vocês me aceitassem como líder! Logo veriam o que eu ia fazer
com Abimeleque! Eu diria a ele: 'Trate de preparar bem o seu exército, e venha contra mim!'"
30 a 33 - Zebul era o governador da cidade. Quando soube o que Gaal andava dizendo, ficou
furioso! Mandou mensageiros a Arumá, onde estava morando o rei, com a seguinte mensagem
para Abimeleque: "Gaal e os outros filhos de Ebede estão morando em Siquém, e estão
levando a cidade à rebelião contra você. Venha, pois, com um exército, de noite, e fique com
ele escondido nos campos. De manhã, ao nascer do sol, ataque a cidade de surpresa. E se
tiver de enfrentar Gaal e a gente dele, faça o que quiser com eles!"
34 - Assim Abimeleque e os homens que estavam com ele saíram de noite, formaram quatro
grupos e ficaram escondidos em volta de Siquém.
35 - Na manhã seguinte, enquanto Gaal e outros oficiais tratavam de vários assuntos, junto da
porta da cidade, as tropas de Abimeleque deixaram os esconderijos e marcharam contra a
cidade.
36 - Quando Gaal viu que vinham, exclamou a Zebul. "Olhe para o alto daqueles montes! Vem
gente lá!" Zebul respondeu, porém: "Não é não; você está confundindo as sombras com
homens!"
37 - "Não, olhe para lá," disse Gaal. "Tenho certeza que vem vindo gente para cá. E olhe! Lá
vêm outros, pela estrada do carvalho de Moenenim!"
38 - Então falou Zebul: "Onde foi parar toda a sua conversa?! Não foi você que disse: 'Quem é
Abimeleque? E por que há de ser nosso rei?' Não foi desses homens que vêm aí que você
zombou? Pois vá lá, e lute contra eles.!"
39 e 40 - Gaal, pois, chefiou os homens de Siquém, e enfrentou Abimeleque, mas foi
derrotado. Abimeleque perseguiu os vencidos, e muitos cidadãos de Siquém caíram feridos
pelo caminho, até à entrada da porta da cidade.
41 - Abimeleque continuou morando em Arumá; e Zebul expulsou Gaal e os irmãos dele,
proibindo que voltassem a morar em Siquém.
42 a 45 - No dia seguinte, os homens de Siquém saíram para pelejar de novo. Sabedor do
plano, Abimeleque tinha deixado três grupos de soldados escondidos por perto, nos campos.
Quando viu os homens saírem da cidade, Abimeleque atacou. O grupo chefiado por
Abimeleque fez um rápido ataque de surpresa, e tomou posição junto da porta da cidade.
Enquanto isso, os outros dois grupos destruíram os homens de Siquém nos campos. A batalha
durou o dia inteiro. Por fim, Abimeleque tomou a cidade, matou a população e fez de Siquém
um aterro coberto de sal!
46 - Quando o povo da vizinha cidade de Migdol-Siquém viu o que tinha acontecido, procurou
refúgio na fortaleza subterrânea que ficava junto ao templo de EI-Berite.
47 a 49 - Quando Abimeleque soube disso, levou as tropas ao monte Salmom. Ali Abimeleque
pegou. um machado, cortou lenha e pôs nos ombros. "Façam o que eu fiz," disse ele aos
soldados. Assim, cada um deles cortou depressa um feixe de lenha e com ele aos ombros,
seguiu Abimeleque até à fortaleza subterrânea. Ali empilharam a lenha em cima da fortaleza e
puseram fogo. Assim todos os que estavam dentro morreram queimados ou sufocados! Os que
morreram foram uns mil homens e mulheres.
50 a 53 - Depois Abimeleque atacou e conquistou a cidade de Tebes. Contudo, havia uma
fortaleza no meio da cidade. Toda a população fugiu para lá, trancou as portas e subiu ao
terraço. Abimeleque chegou perto da fortaleza, fez tentativas de ataque e foi queimar a porta.
Nisso, uma mulher que estava no terraço, em cima, jogou uma pedra de moinho na cabeça de
Abimeleque, e quebrou o crânio dele.
54 - "Mate-me!" ordenou ele ao ajudante de armas. "Que ninguém possa dizer que uma
mulher matou Abimeleque!" O jovem soldado obedeceu e matou o rei.
55 - Quando os israelitas comandados por Abimeleque viram que ele estava morto,
debandaram e voltaram para casa.
56 e 57 - Deste modo Deus castigou tanto Abimeleque como os homens de Siquém pelo
assassinato dos setenta filhos de Gideão. Assim foi cumprida a maldição de Jotão, filho de
Jerubaal.

CAPITULO 10

1 - DEPOIS DA MORTE de Abimeleque, surgiu um juiz e libertador de Israel chamado Tola, filho
de Pua, neto de Dodo. Era da tribo de Issacar, mas vivia na cidade de Samir, na região
montanhosa de Efraim.
2 a 3 - Exerceu as funções de juiz durante vinte e três anos. Quando morreu, foi sepultado em
Samir, e a vaga foi ocupada por Jair, de Gileade. Os serviços de Jair como juiz de Israel
duraram vinte e dois anos.
4 - Jair tinha trinta filhos, que costumavam montar trinta burros, e que possuíam trinta
cidades, na região de Gileade. Essas trinta cidades eram chamadas "Havote-Jair" - nome que
conservavam até a data em que este livro é escrito.
5 - Quando Jair morreu, foi enterrado em Camom.
6 - Então o povo de Israel abandonou de novo o Senhor, e voltou a adorar os Baalins, Astarote,
os deuses da Síria, de Sidom, de Moabe, de Amom e da Filístia; e deixaram de uma vez de
seguir e servir ao Senhor.
7 - Isto levou o Senhor a ficar irado com o Seu povo, e Ele permitiu que Israel fosse
atormentado pelos filisteus e pelos amonitas.
8 - Estes povos começaram nesse mesmo ano a maltratar os israelitas. Durante dezoito anos
foram oprimidos os israelitas que ocupavam territórios a leste do rio Jordão, na terra dos
amorreus, isto é, em Gileade.
9 - Não demorou e as tribos de Judá, Benjamim e Efraim começaram a sofrer as mesmas
coisas. Isso porque eram atacados pelos amonitas que, para isso, atravessavam o Jordão.
Assim Israel foi ficando cada vez mais angustiado!
10 - Finalmente os israelitas clamaram ao Senhor: "Socorro, Senhor! Salve o seu povo!
Pecamos contra o Senhor, pois deixamos de servir ao nosso Deus para servir deuses falsos!"
11 a 14 - Mas o Senhor respondeu: "Eu não livrei vocês dos egípcios, dos amorreus, dos
amonitas, dos filisteus, dos sidônios, dos amalequitas e dos amonitas? Houve alguma vez que
clamassem a Mim, que Eu não livrasse vocês? Apesar disso, vocês Me deixaram para servir a
outros deuses. Por esta razão, não libertarei mais vocês! Vão pedir socorro aos deuses que
escolheram! Eles que tirem vocês dos apuros! "
15 - Mas os israelitas disseram ao Senhor: "Nós pecamos. Faça conosco tudo o que quiser, mas
livre só mais esta vez o seu povo!"
16 - Então eles destruíram os deuses dos estrangeiros e serviram só ao Senhor – e o Senhor já
não conteve a sua compaixão pela desgraça de Israel!
17 - Os exércitos de Amom tinham sido convocados. Acampados em Gileade, faziam
preparativos para atacar o exército israelita acampado em Mispa.
18 - Em certo momento, o povo, ou melhor, os oficiais de Gileade, lançaram um desafio:
"Quem irá à frente das nossas forças, para o primeiro ataque aos amonitas? Quem fizer isso
governará sobre nós!"

CAPITULO 11

1 e 2 - ORA, JEFTÉ ERA valente guerreiro nascido nas terras de Gileade, mas a mãe dele era
prostituta. O pai dele, que tinha o nome de Gileade, tinha vários outros filhos, da legítima
esposa. Quando estes cresceram, expulsaram Jefté e disseram: "Você é filho doutra mulher, e
não há de ser herdeiro em nossa casa!"
3 - Assim Jefté fugiu de casa, e ficou morando na terra de Tobe. Logo ele passou a chefiar um
bando de marginais, e juntos viviam como bandidos. 4 - Passado algum tempo, os amonitas
atacaram o povo de Israel.
5 e 6 - No meio da luta, os oficiais de Gileade foram chamar Jefté, querendo que ele fosse
comandar os israelitas na guerra contra Amom.
7 - Disse, porém, Jefté: "Ora, vocês não mostraram ódio para comigo, e não me mandaram
embora da casa do meu pai? Por que me chamam agora, que estão em aperto?"
8 - "Porque precisamos de você," foi a resposta. "Se você comandar as nossas tropas contra os
amonitas, ficará sendo o governador de Gileade."
9 - Disse Jefté: "Vocês garantem que se eu dirigir Israel nos combates contra os amonitas, e
se o Senhor me fizer vitorioso, eu governarei a terra de Gileade?"
10 - "Prometemos isto diante do Senhor," responderam os oficiais de Gileade. "Deus é nossa
testemunha! Se não cumprirmos o compromisso, Ele trará castigo sobre nós!"
11 - Assim Jefté aceitou a missão e ficou sendo o comandante do exército e o governador do
povo de Gileade. Jefté ditou os termos do acordo numa assembléia do povo realizada em
Mispa, diante do Senhor.
12 e 13 - Logo depois, Jefté mandou mensageiros ao rei de Amom, exigindo que ele dissesse
porque Israel estava sendo atacado. Os mensageiros voltaram com esta resposta do rei: "É
porque, quando vocês saíram do Egito, vieram para cá e roubaram as minhas terras desde o
rio Arnom até o Jaboque, e até o Jordão. Devolvam pacificamente o território!"
14 a 17 - Jefté não se abalou; ao contrário, mandou mensageiros outra vez ao rei dos
amonitas com esta mensagem: "Israel não roubou terra de ninguém. O que aconteceu foi isto:
Quando o povo de Israel chegou a Cades - depois de cruzar o Mar Vermelho, vindo do Egito -
mandou mensagem ao rei de Edom pedindo licença para passar pelas terras dele. Mas o
pedido não foi atendido. Depois fez igual pedido ao rei de Moabe. Ele também disse não. Por
isso Israel ficou parado em Cades.
18 - "Mais tarde os israelitas saíram pelo deserto, rodearam as terras dos edomitas e dos
moabitas, e acamparam a leste dessas terras, fora dos limites de Moabe, perto do rio Amom.
19 a 22 - "Então Israel mandou mensageiros a Seom, rei dos amorreus, que vivia em Hesbom,
pedindo licença para passar pelas terras dele, direto ao destino visado. Ele negou permissão.
Em vez disso, ajuntou as tropas, acampou com elas em Jaza, e pelejou contra Israel. Mas o
Senhor, o Deus de Israel, fez com que Israel vencesse o rei Seom e todo o exército dele. Foi
por isso que Israel tomou as terras ocupadas pelos amorreus, do rio Arnom ao Jaboque, e do
deserto ao rio Jordão.
23 e 24 - "Como você vê, foi o Senhor, o Deus de Israel, quem tirou estas terras dos
amorreus. Israel recebeu o território das mãos de Deus! Por que haveria de ser devolvido a
você? Você costuma considerar sua propriedade tudo o que recebe do seu deus Camos. Assim
também nós temos direito de tomar posse do território de todos aqueles que Deus expulsou da
nossa frente!
25 - "Além disso, quem você pensa que é? Você acha que é melhor do que Balaque, filho de
Zipor, rei de Moabe? Acaso tentou ele recuperar o território, depois que foi derrotado por
Israel? Claro que não!
26 - "Entretanto, agora, passados trezentos anos, você levanta esta questão! Todo esse tempo
Israel viveu aqui, ocupando terras que vão de Hesbom até Areor, e que margeiam todo o rio
Arnom. Por que os amonitas não tentaram recuperar essas terras antes?
27 - "Não fui eu quem pecou contra você. Você é que erra, fazendo guerra contra mim. Mas o
Senhor, o Juiz, logo mostrará qual de nós está certo - Israel ou Amom."
28 - Porém o rei dos amonitas não deu atenção à mensagem de Jefté.
29 - Então o Espírito do Senhor impulsionou Jefté, e ele foi com as tropas através da terra de
Gileade e de Manassés, passou por Mispa, de Gileade, e atacou o exército de Amom.
30 e 31 - Nesse meio tempo, Jefté havia feito voto ao Senhor nestes termos: Se Deus
ajudasse Israel a vencer os amonitas, o primeiro que saísse de casa ao encontro dele, quando
voltasse para casa em paz, seria dedicado ao Senhor e oferecido como sacrifício queimado!
32 e 33 - Jefté dirigiu, pois, o exército contra os amonitas, e o Senhor deu a Israel a vitória
total! Os inimigos foram destruídos desde Aroer até perto de Minite, incluindo vinte cidades, e
chegando até Abel-Queramim. Foi uma terrível derrota! Assim os amonitas foram dominados
pelo povo de Israel.
34 - Jefté não tinha filhos, mas somente uma filha. Quando ia voltando para casa, a filha dele -
a filha única! - correu para ele, tocando pandeiro e dançando de alegria.
35 - Quando Jefté viu a moça, rasgou as próprias roupas, cheio de angústia. "Ah! filha
minha!," exclamou ele. "Você me faz cair ao pó, e traz ao meu coração a maior angústia!
Porque fiz voto ao Senhor, e não posso desistir!"
36 e 37 - Disse ela: "Meu pai, faça tudo que prometeu ao Senhor, pois Ele deu a você grande
vitória sobre os amonitas, inimigos de Israel. Só peço uma coisa: Deixe que eu ande pelos
montes dois meses, junto com minhas amigas - para chorar porque não casarei nunca."
38 a 40 - "Faça isso, minha filha; vá," disse Jefté. Ela foi, acompanhada das amigas, e ficou
dois meses vagando, a chorar porque nunca seria esposa e mãe. Depois voltou para casa, e o
pai cumpriu o voto feito. Assim ela nunca chegou a casar. Daí nasceu em Israel o costume de
saírem as moças todos os anos, por quatro dias, para celebrar a memória da filha de Jefté.

CAPITULO 12

1- ENTÃO A TRIBO de Efraim convocou os soldados. Reunido o exército, foi para Zafom e
mandou esta mensagem a Jefté: "Por que você não chamou os nossos homens para ajudarem
na luta contra Amom? Pois agora vamos queimar sua casa, com você dentro!"
2 e 3 - "Eu convoquei vocês, e vocês não atenderam'," disse Jefté. "Na hora em que
precisávamos, vocês falharam. Assim arrisquei a vida e enfrentei os amonitas e o Senhor
permitiu que eu vencesse. Por que vocês vêm agora contra mim?"
4 - Então os soldados de Gileade pelejaram contra os de Efraim. E mais furiosos ficaram os
homens de Gileade, porque os de Efraim diziam: "Vocês, gileaditas, moram entre Efraim e
Manassés como parasitas, e fogem de medo de Efraim."
5 e 6 - Jefté tomou os pontos de travessia do Jordão, nos caminhos para Efraim. Quando
algum fugitivo de Efraim aparecia querendo atravessar o rio, os guardas de Gileade
perguntavam: "Você é membro da tribo de Efraim?" Se o fugitivo dizia que não, os guardas
exigiam que ele pronunciasse a palavra "Chibolete". Se ele não fosse capaz de dizer bem a
palavra, e pronunciasse "Sibolete" em vez de "Chibolete", ficava claro que estava mentindo.
Neste caso, era morto. Em toda aquela luta morreram quarenta e duas mil pessoas de Efraim!
7 - Jefté foi juiz de Israel por seis anos; depois disso morreu, e foi enterrado numa das cidades
de Gileade.
8 a 10 - O sucessor dele como juiz foi Ibsã, que vivia em Belém. Ele tinha trinta filhos e trinta
filhas. Casou as filhas com rapazes de fora do grupo de famílias que ele chefiava; e trouxe de
fora trinta moças para casarem com os filhos dele. Julgou a Israel sete anos, quando então
morreu, e foi enterrado em Belém.
11 e 12 - Elom, da tribo de Zebulom, foi juiz de Israel depois de Ibsã. Havendo julgado a Israel
durante dez anos, morreu, e foi sepultado em Aijalom, no território de Zebulom.
13 - Depois dele, o juiz foi Abdom, filho de HileI. Abdom era de Piratom.
14 - Tinha ele quarenta filhos e trinta netos, acostumados a cavalgar setenta burros. Foi juiz
de Israel oito anos.
15 - Então morreu, e foi enterrado em Piratom, no território de Efraim, na região montanhosa
dos amalequitas.

CAPITULO 13

1 - O povo de Israel tornou a pecar contra o Senhor. Por isso o Senhor deixou que ele fosse
dominado pelos filisteus - domínio que durou quarenta anos.
2 a 5 - Então apareceu um dia o Anjo do Senhor à mulher de Manoá, da tribo de Dã. Morava
na cidade de Zorá, e não tinha filhos. Mas o Anjo disse a ela: "Até agora você não pôde ter
filhos, mas agora vai conceber e dar à luz um filho. Cuidado, porém, não beba vinho nem
qualquer bebida alcoólica, e não coma comida declarada impura pela lei. O cabelo do filho que
você vai ter nunca poderá ser cortado, pois ele será nazireu - servo de Deus especialmente
consagrado desde o nascimento; e ele começará a livrar Israel do domínio dos filisteus.
6 e 7 - A mulher foi correndo contar ao marido: "Apareceu a mim um homem de Deus que
parecia o Anjo de Deus! A aparência, dele era quase gloriosa demais para se olhar! Não
perguntei donde era, e ele não me disse o nome dele. Mas escute o que disse: 'Você vai ter um
menino!' E disse que eu não devo beber vinho e nenhuma bebida alcoólica, e que não devo
comer nada do que a Lei declara impuro, pois o menino será nazireu - será dedicado a Deus
desde o momento em que nascer até o momento em que morrer."
8 - Então Manoá fez esta oração ao Senhor: "Ó Senhor, peço que mande aqui outra vez o
homem de Deus que apareceu à minha mulher! Sim, para recebermos instruções sobre o que
devemos fazer ao menino que vai nascer!"
9 e 10 - O Senhor atendeu à oração, e o Anjo de Deus apareceu outra vez à mulher, quando
ela estava sentada sozinha no campo. Ela saiu correndo e foi chamar o marido: "Venha,
Manoá," disse ela. "Apareceu de novo aquele homem que esteve aqui outro dia!"
11 - Manoá correu junto com a mulher, e logo perguntou ao homem: "Foi o senhor que falou
com minha mulher outro dia?" Ele respondeu que sim,
12 - Então disse Manoá: "Gostaríamos de receber toda instrução possível, para que possamos
criar bem o menino que vai nascer - para que ele fique bem preparado para a vida e a vocação
dele."
13 e 14 - O Anjo do Senhor respondeu: "Cuide que sua mulher siga as instruções que dei. Ela
não poderá comer coisa nenhuma que venha das plantações de uvas; não poderá tomar vinho,
nem qualquer outra bebida forte; e não poderá comer nenhum alimento declarado impuro pela
Lei. Ela deverá obedecer rigorosamente ao que digo."
15 - "Espere um pouco aqui, por favor," disse Manoá ao anjo de Deus, "Vamos preparar um
cabrito para o Senhor comer."
16 - Porém o Anjo do Senhor disse a Manoá: "Posso ficar, mas não para comer. Contudo, se
você quer preparar alguma coisa, traga uma oferta para sacrificar ao Senhor. "Manoá ainda
não tinha percebido que era o Anjo do Senhor.
17 - Então Manoá perguntou o nome dele. "Quando acontecer tudo isso, e nascer a criança,"
disse ele ao Anjo, "queremos manifestar a nossa gratidão."
18 - "Nem sequer pergunte pelo meu nome," replicou o Anjo, "pois é maravilhoso."
19 a 21 - Manoá tomou um cabrito e uma oferta de cereais, e ofereceu tudo como sacrifício ao
Senhor. Então o Anjo fez uma coisa fora do comum, verdadeiramente maravilhosa! Manoá e a
mulher estavam observando. Viram que, quando as chamas do altar foram subindo para o céu,
o Anjo do Senhor subiu nelas! Vendo isso, Manoá e a mulher dele caíram com o rosto em terra.
E essa foi a última coisa que o casal viu do Anjo do Senhor. Só então Manoá ficou sabendo que
tinha visto o Anjo do Senhor.
22 - "Na certa que vamos morrer," disse Manoá à mulher, "pois vimos Deus!"
23 - Mas a mulher disse: "Se o Senhor quisesse dar fim às nossas vidas, não teria aceitado o
nosso sacrifício queimado e a nossa oferta. Também não teria aparecido a nós e não teria
contado nem mostrado todas estas coisas maravilhosas!"
24 - Quando o filho dela nasceu, recebeu o nome de Sansão. O menino foi abençoado por
Deus, e cresceu.
25 - O Espírito do Senhor agia com vigor no rapaz sempre que ele ia a Maané-Dã, entre as
cidades de Zorá e Estaol.

CAPITULO 14

1 - UM DIA SANSÃO foi a Timna e viu ali certa jovem filistéia que chamou a atenção dele.
2 - Voltando para casa, disse aos pais que queria casar com aquela moça. 3 - Eles fizeram
forte oposição: "Por que não casa com uma jovem do nosso povo?", perguntaram. "Por que
você tem de arranjar esposa entre aqueles filisteus, que não obedecem ao Senhor? Acaso não
existe em Israel moça nenhuma que sirva para casar com você?!" Porém Sansão disse ao pai:
"Aquela é a que eu quero. Peça a moça em casamento para mim!"
4 - O pai e a mãe de Sansão não perceberam que o Senhor estava por trás daquele pedido.
Com isso, Deus estava preparando uma ação contra os filisteus - que nesse tempo dominavam
sobre o povo de Israel.
5 - Quando Sansão estava indo com os pais a Timna, já nas vizinhanças da cidade, foi atacado
por um leão novo, nas plantações de uva ali existentes.
6 - Então o Espírito do Senhor tomou posse de Sansão de tal maneira, que ele rasgou o animal
como se fosse um cabrito - e fez isso com as mãos, pois não estava carregando nenhuma
arma! Mas os pais dele não ficaram sabendo desse acontecimento.
7 - Em Timna, conversou com a jovem, e confirmou que queria casar com ela.
8 - Quando voltou a Timna para o casamento, saiu da estrada para ver o corpo do animal. Viu
nele um enxame de abelhas com mel.
9 - Pegou o favo de mel, e foi embora, andando e comendo. Chegando ao pai e à mãe, deu
mel a eles, e comeram. Mas não ficaram sabendo que o mel tinha sido tirado da carcaça do
leão.
10 e 11 - Ao chegar à cidade, o pai foi fazer os arranjos finais para as bodas. Seguindo o
costume, Sansão ofereceu uma festa, convidando para ela trinta rapazes de Timna.
12 e 13 - Em certo momento, Sansão desafiou os moços a decifrarem uma charada. "Se vocês
conseguirem decifrar o enigma durante os sete dias da celebração do casamento," disse ele,
darei a vocês trinta camisas finas e trinta trajes próprios para festas. Se não conseguirem,
vocês me darão as trinta camisas e os trinta trajes!" Eles concordaram, e disseram: "Diga logo
o tal enigma!"
14 - A charada que Sansão apresentou aos moços foi esta: "Do comedor saiu comida, e do
forte saiu doçura." Três dias depois, eles ainda não tinham conseguido dar a interpretação.
15 - No quarto dia, os moços disseram à mulher de Sansão: "Se você não quer morrer
queimada, e não quer que ponhamos fogo na casa do seu pai, trate de convencer Sansão e
revelar a solução da charada. Fomos convidados para esta festa para sermos despojados do
que temos?!"
16 - Ora, a mulher vinha insistindo com Sansão para que contasse a ela o segredo; chorava e
dizia: "Você me despreza! Você não me ama! Pois você deu uma charada à minha gente, e até
agora você não me disse a solução!" E Sansão dizia a ela: "Se nem ao meu pai e à minha mãe
eu revelei qual é a solução, por que haveria de contar a você?!"
17 - E durante os sete dias da festa, ela chorava diante dele. E no sétimo dia ainda mais, pela
ameaça dos rapazes. E tanto fez, e tanto importunou Sansão, que ele revelou a solução do
enigma a ela. E a mulher contou à gente dela como era.
18 - Então, no sétimo dia da festa, antes do pôr-do-sol, eles disseram a Sansão: "Que coisa
existe mais doce do que o mel? e mais forte que o leão?" Sansão respondeu, aplicando um
ditado: "Se vocês não tivessem lavrado com a minha novilha, nunca teriam conseguido
decifrar o enigma!"
19 - Então o Espírito do Senhor assumiu controle sobre Sansão de tal maneira, que ele foi à
cidade de Ascalom, matou trinta homens de lá, e tirou os trajes de festa que vestiam. Depois
entregou os trajes aos que tinham dado resposta ao enigma. Enfurecido, porém, deixou a
mulher e voltou para casa dos pais.
20 - E a mulher foi dada em casamento ao homem que tinha sido o padrinho de casamento de
Sansão.

CAPITULO 15

1 - ALGUM TEMPO depois, durante a colheita do trigo, Sansão pegou um cabrito para dar de
presente à mulher dele. Fez isso com a intenção de passar a noite com ela. Mas o pai dela não
deixou que ele entrasse em casa.
2 - "O fato é que eu pensei que você tinha ficado cheio de ódio dela," explicou ele, "de modo
que fiz com que se casasse com o melhor amigo que você tem aqui. Mas olhe, a irmã dela é
mais nova e mais bonita. Case com ela! "
3 - Sansão ficou furioso, e disse: "Agora ninguém poderá reclamar quando eu causar algum
dano aos filisteus!"
4 e 5 - Saindo dali, prendeu trezentas raposas. Depois amarrou as raposas, aos pares, pelas
caudas - cauda com cauda. Para cada par de raposas, arranjou uma tocha, e amarrou a tocha
nos rabos presos de cada par. Feito isto, tocou fogo nas tochas, e pôs as raposas a correr pelas
lavouras dos filisteus. Com o fogo assim espalhado, Sansão queimou e destruiu os feixes de
cereal colhido, o cereal ainda por colher; as plantações de uvas e as oliveiras.
6 - "Quem foi que fez isto?!" perguntaram os filisteus. "Sansão," responderam, "porque o
sogro fez com que o amigo dele casasse com a mulher que tinha desposado." Então os filisteus
queimaram o pai e filha vivos!
7 e 8 - "Ah! Se é isso que querem, vou fazer vingança completa!" disse Sansão. Assim, ele
saiu, atacou os filisteus com fúria terrível, e matou uma porção deles. Depois ficou morando
numa fenda da rocha de Etã.
9 - Então os filisteus foram atacar a tribo de Judá, e ficaram acampados em volta da cidade de
Lei.
10 - "Por que vieram aqui?," perguntaram os homens de Judá. Responderam os filisteus:
"Viemos aqui para prender Sansão e fazer com ele o que ele tem feito conosco".
11 - Por isso três mil homens de Judá foram até à fenda da rocha de Etã para prender Sansão.
"O que você está querendo fazer conosco?" perguntaram a ele. Você não sabe que os filisteus
dominam sobre nós?" Sansão retrucou: "Eu só devolvi a eles o que me fizeram."
12 e 13 - "Nós estamos aqui para prender e entregar você aos filisteus," disseram os homens
de Judá. "Está bem," disse Sansão, "mas prometam que vocês mesmos não me matarão."
"Não," responderam eles, "não faremos isso! Só vamos entregar você amarrado." E levaram
Sansão amarrado com duas cordas novas.
14 - Quando Sansão chegou a Lei, os filisteus correram para ele com gritos de alegria. Mas o
Espírito do Senhor deu poderosa força a Sansão, de modo que ele arrebentou as amarras
como se fossem barbantes chamuscados!
15 - Pegou então uma queixada de burro que achou ali por perto, e com ela matou mil
filisteus!
16 e 17 - Acabada a matança, jogou fora o osso, e exclamou: "Pilha e mais pilha de gente,
com uma queixada de burro! Com uma queixada de burro
matei mil valentes!" O lugar recebeu daí por diante o nome de "Ramate-Lei" ou "Colina da
Queixada" .
18 - Sansão sentiu muita sede e rogou a Deus: "O Senhor deu hoje grande libertação a Israel
por meu intermédio. Agora estou morrendo de sede ! Vou cair nas mãos destes homens que
não temem o seu nome?!"
19 - Então o Senhor fez brotar água de um buraco na terra de Lei. Sansão bebeu e recobrou
as forças e o ânimo. Aquela fonte ficou sendo chamada "En-Hacoré" "Fonte de quem clama",
até o dia em que estas coisas são escritas neste livro.
20 - Sansão foi o juiz de Israel nos vinte anos seguintes. Mas os filisteus continuavam
dominando o país.

CAPITULO 16

1 e 2 - CERTO DIA SANSÃO foi à cidade filistéia de Gaza e passou a noite com uma prostituta.
Correu a notícia de que ele tinha sido visto na cidade. Os homens formaram cerco perto do
portão da cidade, e ficaram esperando, prontos para matar Sansão quando nascesse o dia.
"Quando aclarar o dia, vamos dar cabo dele!," combinaram os filisteus.
3 - Sansão ficou deitado até à meia-noite. Então, saiu da casa, arrancou as folhas da porta da
cidade, com as ombreiras e a tranca. Pôs tudo nos ombros e levou para o alto do monte que
dá de frente para Hebrom!
4 - Mais tarde, ele ficou apaixonado por Dalila - moça que morava no vale de Soreque.
5 - Os oficiais filisteus foram pessoalmente pedir a Dalila que procurasse descobrir o segredo
da grande força de Sansão. "Faça isso," disseram, "para podermos dominar e prender aquele
homem. E você receberá como recompensa uns seis quilos e meio de moedas de prata - de
cada um de nós.
6 - Assim Dalila pediu a Sansão que contasse o segredo. "Diga-me, Sansão, por que você é tão
forte," rogou ela. "Não acredito que exista meio de prender e dominar você, não é? Ou
existe?"
7 - "Bem," respondeu Sansão, "se eu for amarrado com sete cordéis feitos de couro de
animais, cordéis ainda não secos, ficarei fraco e serei como outro qualquer."
8 e 9 - Eles deram sete cordéis desse tipo a Dalila, e ela amarrou Sansão enquanto ele dormia,
Alguns homens estavam escondidos noutro quarto. Assim que amarrou Sansão, ela exclamou:
"Sansão! Os filisteus estão aqui!" Então ele rebentou os cordéis como se fossem fios de estopa
meio queimados. E continuou guardado o segredo da força dele.
10 - Mais tarde Dalila disse a Sansão: "Você anda zombando de mim! Você mentiu para mim!
Diga, por favor, como é que você poderia ficar preso!"
11 - "Pois bem," disse ele, "se eu for amarrado com cordas novas, que não tenham sido
usadas, ficarei fraco, igual aos outros homens."
12 - Dalila conseguiu cordas novas e amarrou Sansão, quando ele estava dormindo. Como da
outra vez, alguns homens estavam escondidos na casa. Amarrado Sansão, Dalila gritou:
"Sansão! Os filisteus vêm aí!" Ele rebentou as cordas como se fossem fios de teia de aranha!
13 - "Até agora você só zombou de mim, dizendo mentiras!," disse Dalila a Sansão. "Você não
me vai dizer agora como é que você pode ser amarrado de uma vez?" "Está bem," disse ele,
"vou contar. Se você prender os meus cabelos como se faz com o tecido no tear, e com o pino
do tear, então ficarei fraco." Enquanto Sansão dormia, Dalila fez como ele dissera.
14 - Depois de prender bem o cabelo com o pino do tear, ela gritou: "Os filisteus estão aqui,
Sansão!" Então ele acordou e soltou o cabelo, arrancando o pino do tear.
15 - "Você fala que me ama. Como pode ser isso, se você não confia em mim?" choramingou
ela. "Já é a terceira vez que você zomba de mim, e ainda não contou o segredo da sua grande
força!"
16 e 17 - E ela foi amolando Sansão todos os dias, até que ele já não pôde agüentar mais, e
acabou contando tudo o que tinha no coração. "Meu cabelo nunca foi cortado," disse ele, "pois
eu sou nazireu - especialmente dedicado a Deus desde antes de nascer. Se cortarem o meu
cabelo, perderei a força e ficarei tão fraco como qualquer outro homem."
18 - Dalila viu que dessa vez Sansão tinha dito a verdade. Assim, mandou aos oficiais filisteus
este recado: "Venham cá mais esta vez, pois agora sei que ele abriu o coração para mim." Os
oficiais foram à casa dela, levando o dinheiro prometido.
19 - Então Dalila fez Sansão dormir nos joelhos dela. Depois mandou alguém cortar o cabelo
dele. Dalila percebeu que já podia ter domínio sobre Sansão, que ele já não tinha aquela força
extraordinária.
20 - Disse a mulher: "Sansão! Os filisteus estão aqui para prender você!" Ele acordou e
pensou: "Vou fazer como das outras vezes! Vou ficar livre num instante!" Mas não percebeu
que o Senhor já não estava com ele.
21 - Os filisteus prenderam Sansão, furaram os olhos dele e o levaram para Gaza. Lá Sansão
foi amarrado com duas correntes de bronze, e teve de ficar movendo um moinho na prisão.
22 - Não demorou muito, o cabelo dele começou a crescer de novo.
23 e 24 - Os oficiais filisteus realizaram uma grande festa para comemorar a captura de
Sansão. O povo ofereceu grande sacrifício a Dagom, deu dos filisteus, e ficou cheio de alegria.
Vendo Sansão acorrentado na prisão, o povo louvava [aquele falso] deus, exclamando: "O
nosso deus entregou às nossas mãos o inimigo Sansão! Aquele que era destruidor da nossa
terra, e que matou muitos dos nossos homens - aí está agora, em nosso poder!"
25 - Quando estavam bem alegres, em plena festa, os filisteus pediram: "Tragam Sansão para
cá! Queremos fazer algumas brincadeiras com ele!" Assim tiraram Sansão da cadeia, e ele foi
levado para o centro do templo, entre as duas colunas que seguravam o teto – e o povo se
divertia às custas dele!
26 - Entretanto, Sansão disse ao rapaz que servia de guia para ele: "Coloque as minhas mãos
nas duas colunas; quero ficar encostado nelas. "
27 - O templo estava repleto de gente, homens e mulheres do povo, e todos os oficiais dos
filisteus. Além disso, em cima, no terraço sobre o teto, estavam umas três mil pessoas,
olhando as brincadeiras que faziam com Sansão.
28 - Em certo momento, Sansão orou a Deus e suplicou: "Ó Senhor, Deus de Israel! Rogo que
se lembre de mim - e que só mais esta vez me dê força para que eu possa fazer os filisteus
pagarem pela perda de pelo menos um dos meus olhos!"
29 - Então ele forçou quanto pôde as duas colunas, uma com a direita, outra com a esquerda,
e disse:
30 - "Que eu morra com os filisteus!" Pôs toda a força, e o templo caiu sobre
os oficiais e sobre todo o povo! Aconteceu, assim que Sansão matou muito mais gente quando
morreu do que durante todo o tempo em que viveu! Depois, os irmãos e demais membros da
família foram buscar o corpo dele. Sansão foi enterrado entre as cidades de Zorá e Estaol, no
túmulo de Manoá, seu pai. Ele foi juiz de Israel durante vinte anos.

CAPITULO 17

1 - NA REGIÃO montanhosa de Efraim, vivia um homem chamado Mica.
2 - Um dia ele disse à mãe: "Aqueles mil e cem siclos de prata que roubaram da senhora -
pelo que a senhora andava lançando maldições - quem roubou fui eu!" "Que Deus abençoe
você," disse a mãe, "por confessar e reparar o erro."
3 - Assim ele devolveu o dinheiro. Então a mãe dele disse: "Agora dedico este dinheiro ao
Senhor, em favor do meu filho. Vou mandar fazer um ídolo revestido de prata, com essas
moedas fundidas."
4 a 6 - Ela deu, pois, duzentos siclos de prata ao fabricante de estátuas, e ele fez o ídolo
encomendado. Essa imagem foi colocada na casa de Mica. Este homem fez uma capelinha para
os seus deuses. Depois, de certo tempo, Mica fez uma faixa sacerdotal, fez ídolos
representando os deuses do lar, e consagrou um dos filhos, fazendo dele um sacerdote.
(Naqueles dias o povo de Israel não tinha rei, de modo que cada um fazia o que queria, agindo
de acordo com o que achava certo.)
7 e 8 - Um jovem membro da tribo de Levi, tribo consagrada ao Serviço do Senhor, vivia em
Belém, no território de Judá. Um dia, ele saiu da cidade de Belém, e foi andando sem destino
certo, conforme o impulso que sentia. Acabou indo parar na casa de Mica, na região
montanhosa de Efraim.
9 - Mica perguntou ao recém-chegado: "Donde você vem?" O jovem disse que era levita,' de
Belém de Judá, acrescentando: "Estou procurando um lugar que me agrade, para morar."
10 e 11 - "Pois fique aqui comigo," convidou Mica, "e você será meu guia espiritual e
sacerdote. Pagarei a você dez siclos de prata por ano, além da roupa, quarto e comida." O
moço aceitou, e veio a ser como um dos filhos de Mica.
12 - Mica fez a consagração do jovem, e este ficou sendo seu sacerdote pessoal, morando na
casa dele.
13 - "Agora tenho certeza que o Senhor vai abençoar a minha vida," exclamou Mica, "porque
tenho um sacerdote de verdade - um levita - trabalhando para mim! "

CAPITULO 18

1 - COMO JÁ FOI dito, Israel não tinha rei naquele tempo. A tribo de Dã estava procurando um
lugar onde morar, porque essa tribo não tinha conseguido ainda tomar posse do território que
recebera por sorteio sagrado.
2 - Por isso os homens de Dã escolheram cinco heróis de guerra, das cidades de Zorá e Estaol.
Eles foram mandados como espiões, A missão deles era espiar e examinar o território que Dã
planejava conquistar. Os espiões chegaram à região montanhosa de Efraim, e passaram a noite
na casa de Mica.
3 - Notando o sotaque do jovem levita, falaram com ele: "O que Você está fazendo aqui? Por
que veio para cá?," perguntaram.
4 - Ele falou do trato que tinha feito com Mica, e que trabalhava como sacerdote pessoal dele.
5 - "Muito bem," disseram os espiões, "neste caso, pergunte a Deus se nós vamos ter sucesso
nesta missão, ou se vamos fracassar."
6 - "Vocês podem ir tranqüilos," disse o sacerdote, "tudo correrá bem, porque o Senhor cuida
de vocês."
7 - Assim os cinco homens foram para a cidade de Laís, e viram como o povo dali vivia
despreocupado como se estivesse em segurança. Tinha os mesmos costumes dos fenícios de
Sidom. E o povo não tinha falta de nada. Não sofria opressão de ninguém, não tinha contato
com Sidom e não mantinha relações políticas ou comerciais com nenhum outro povo.
8 - Então os espiões voltaram a Zorá e a Estaol. E ali pediram que eles contassem o que
tinham visto.
9 e 10 - Disseram eles: "Não percamos tempo! Vamos ao ataque! Examinamos a terra e vimos
que é excelente! Vamos depressa conquistar aquele território! Quando chegarmos lá, vocês
verão um povo despreocupado e uma terra vasta, fértil e maravilhosa - um lugar em que não
há falta de nada! Vamos, que Deus já entregou aquela terra a nós!"
11 e 13 - Assim seiscentos homens bem armados saíram de Zorá e Estaol, e acamparam em
Quiriate-Jearim, no território de Judá - lugar que ficou depois conhecido pelo nome de Maané-
Dã (que quer dizer "Acampamento de Dã), Dali subiram à região montanhosa de Efraim, e
chegaram perto da casa de Mica.
14 - Os homens que tinham feito o trabalho de espiões, disseram aos companheiros: "Saibam
que nessa casa existem ídolos dos deuses do lar, um ídolo lavrado e revestido de prata, e uma
faixa sacerdotal. Vocês já sabem o que devem fazer!"
15 e 17 - Foram para lá. Os cinco foram na frente, chegaram até o alojamento do jovem levita
- na casa de Mica - e perguntaram a ele como estava passando, Mas os seiscentos homens
armados ficaram do lado de fora da porta. Então os cinco espiões entraram na capelinha e
pegaram os ídolos do lar, a faixa sacerdotal e a imagem esculpida e revestida de prata.
Enquanto faziam isso, o sacerdote ficou parado junto da entrada da porta, perto dos seiscentos
soldados.
18 - "O que vocês estão fazendo?," perguntou o levita, quando viu que carregavam todas
aquelas coisas.
19 - "Fique quieto e venha conosco!," disseram. "Seja o nosso sacerdote. Ser sacerdote de
uma tribo inteira não é melhor do que ser sacerdote de um homem só numa casa particular?"
20 - O jovem sacerdote ficou muito contente com isso. Pegou a faixa sacerdotal, os ídolos do
lar e a imagem modelada com prata fundida, e partiu com eles.
21 - Os homens de Dã colocaram as crianças, o gado e os demais bens na frente do povo, e se
foram.
22 e 23 - Quando já estavam longe da casa de Mica, ele e os vizinhos dele se reuniram e
saíram em perseguição dos danitas. Chegando ao alcance deles, gritaram que parassem. "O
que vocês querem, perseguindo a gente desse jeito?!" perguntaram os homens de Dã.
24 - "Ora, que pergunta! Que será que queremos?!" retorquiu Mica, Que será que significa
isto?! Pois se vocês fogem, levando os meus deuses - que eu mesmo fiz - e o meu sacerdote!
Não deixaram nada!"
25 - "Cuidado com a língua!," responderam os homens de Dã. "Aqui temos gente que por
pouca coisa pode ficar com raiva e matar vocês todos!"
26 - Assim os homens de Dã continuaram a viagem. Quando Mica viu que eles eram muitos
mais numerosos e mais fortes, desistiu e voltou para casa.
27 - Então os homens de Dã prosseguiram - levando os ídolos e o sacerdote de Mica - e
chegaram a Laís. A cidade estava desprotegida, e o povo vivia na maior despreocupação! Com
facilidade, pois, os invasores entraram, mataram todos os moradores e incendiaram a cidade.
28 e 29 - Não havia ninguém que ajudasse o povo de Laís; primeiro, porque estava muito
longe dos sidônios - irmãos de raça; segundo, porque não tinha trato com nenhum outro povo.
A cidade estava localizada no vale de Bete-Reobe. A tribo de Dã reconstruiu a cidade, que
recebeu daí por diante o nome de Dã, em homenagem ao pai da tribo, filho de Israel. Mas o
nome anterior era Laís.
30 - A tribo de Dã instalou os ídolos que pertenceram a Mica, e nomeou Jônatas, filho de
Gérson e neto de Manassés, sacerdote - ele e os filhos dele. Deste modo, eles foram
sacerdotes dos danitas até à data em que foram levados para o cativeiro.
31 - Assim os ídolos que tinham sido de Mica foram adotados pela tribo de Dã durante todo o
tempo em que o Tabernáculo esteve em Silo.

CAPITULO 19

1 - NAQUELE TEMPO em que Israel ainda não tinha rei, um homem da tribo de Levi morava
aqui e ali, na região montanhosa de Efraim. Um dia ele levou para viver com ele como esposa
uma jovem de Belém, do território de Judá.
2 - Mas a mulher foi infiel e acabou voltando para Belém, para a casa dos pais dela. E ficou lá
uns quatro meses.
3 e 4 - O marido partiu para lá, levando um criado e dois burros. Foi com a intenção de
reconquistar o afeto dela, querendo que voltasse com ele. Quando chegou, a mulher fez que
ele entrasse em casa. Apresentado ao pai dela, este mostrou satisfação, e insistiu com ele que
se hospedasse ali por algum tempo. Ele aceitou. Passaram juntos três dias.
5 a 8 - No quarto dia, já estavam de pé bem cedo, e prontos para partir. Mas o pai da moça
insistiu em que tomassem o café da manhã primeiro. O genro cedeu, e ali ficaram a comer
juntos. Depois o sogro pediu que ficassem mais aquela noite. Foi preciso insistir muito, mas o
levita acabou ficando, No dia seguinte, tornaram a levantar de madrugada, para a viagem. Más
o sogro tornou a insistir, agora dizendo que seria melhor que saíssem à tardinha. Outra vez a
viagem foi adiada, e eles comeram juntos.
9 - Mais tarde, o hóspede começou os preparativos finais para partir com a mulher e o criado,
mas o hospedeiro tornou a pedir que ficassem, dizendo: "Olhe aí; o dia já vai descambando
para o fim. Passe aqui a noite, para que o seu coração se alegre! Amanhã de madrugada vocês
poderão ir para casa.
10 - Mas dessa vez o homem estava mesmo decidido a partir sem passar mais uma noite ali -
e foi o que fez. Ele, a mulher, o criado e os dois animais de carga aparelhados conseguiram
chegar perto da cidade de Jerusalém (também chamada Jebus) antes de escurecer.
11 - Disse o criado: "É muito tarde para continuar viajando. É bom passar a noite ali, na
cidade dos jebuseus."
12 e 13 - "Não," disse o amo, "não vamos ficar numa cidade como essa, O povo dali não
pertence a Israel. Vamos continuar. Passaremos a noite em Gibeá ou em Ramá.
14 - Continuaram, pois. Ao pôr-do-sol eles estavam chegando em Gibeá, cidade pertencente à
tribo de Benjamim.
15 - Como ninguém ofereceu hospedagem, ficaram na praça da cidade, para pernoita! ali.
16 - Quando já estava anoitecendo, chegou à cidade um homem idoso que vinha do trabalho
do campo. Ele era da região montanhosa de Efraim, mas estava morando no território de
Benjamim.
17 - Passando pela praça, e vendo aquelas pessoas alojadas ali, perguntou donde vinham,
para onde iam.
18 e 19 – "Vamos indo de Belém de Judá para a nossa casa," respondeu o levita "Moramos na
distante região montanhosa de Efraim, perto de Silo, onde está e Tabernáculo. Para lá vamos.
Aqui ninguém ofereceu alojamento para nós. E olhe! Temos suprimentos para nós e para os
animais. Não temos falta de nada."
20 - "Estejam tranqüilos," disse o homem, "vocês vão ser meus hóspedes. Terão tudo que for
preciso. Mas ficar aqui na praça, não!"
21 - E se bem falou, melhor fez: levou todos para a casa dele, deu pasto aos animais,
enquanto os hóspedes se lavavam descansavam. Depois jantaram juntos.
22 - Justamente quando estavam no melhor da refeição e da prosa, um bando de gente
perversa rodeou a casa, batendo à porta gritando ao velho dono da propriedade "Traga para
fora o homem que está ai! Queremos abusar dele!"
23 e 24 - O dono da casa saiu e falou com eles: "Meus irmãos, não façam essa loucura,"
suplicou. "Aquele homem é meu hóspede! Eu trago aqui a minha filha virgem, e a mulher dele,
e vocês poderão abusar delas como quiserem. Mas não façam essa loucura com o meu
hóspede!"
25 e 26 - Porém eles não deram ouvidos. Então ele entregou a mulher do levita àqueles
homens. Abusaram dela a noite inteira. Aos primeiros sinais do novo dia, eles foram embora, e
deixaram a mulher caída junto da porta da casa. Ali ficou largada, até que clareou o dia.
27 e 28 - Quando o marido se levantou de manhã e abriu a porta, deu com ela ali com as
mãos na soleira da porta. Falou com a mulher, querendo ir embora da quele lugar, mas não
teve resposta: Estava morta! Então o levita ajeitou o corpo dela sobre um dos burros, e
recomeçou a viagem para a casa dele.
29 - Chegando em casa, pegou um facão e cortou o corpo da mulher em doze partes. Depois
mandou uma parte para cada tribo de Israel.
30 - Os israelitas ficaram revoltados, quando souberam o que tinha acontecido. Toda nação de
Israel reagiu fortemente contra o crime horroroso praticado por aqueles homens de Benjamim.
"Nunca se viu coisa tão horrível, desde que Israel saiu do Egito!" toda gente exclamava.
"Temos de fazer alguma coisa!"

CAPITULO 20

1 a 3 - A NAÇÃO DE Israel inteira mandou então reunir em assembléia oficiais e tropas num
total de quatrocentos mil soldados - que todos estivessem com um só pensamento, na
presença do Senhor, em Mispa. Mesmo de lugares distantes como as terras de Dã e Berseba,
como também de Gileade, do outro lado Jordão, foram homens a Mispa. A notícia de
convocação dos soldados israelitas chegou logo ao conhecimento da tribo de Benjamim. Os
oficiais de Israel chamaram o marido da mulher que fora morto e perguntaram a ele o que
tinha acontecido.
4 a 7 - "Eu e minha mulher chegamos uma noite em Gibeá, cidade situada no território de
Benjamim," começou ele. "Naquela mesma noite os homens de Gibeá rodearam a casa em que
estávamos. Queriam matar-me. Eles abusaram minha mulher, e de tal modo que ela morreu!
Então, cortei o corpo dela em doze partes, e mandei as partes a todos os territórios de Israel -
pois foi terrível o crime praticado por aqueles homens! Agora, filhos de Israel, peço que me
aconselhem! "
8 a 10 - Como um só homem responderam todos: "Nenhum de nós vai voltar para casa,
enquanto não castigarmos a cidade de Gibeá! Separaremos por sorteio a décima parte do
exército, para ficar encarregada da alimentação das tropas, e os restantes irão destruir Gibeá
pela coisa horrível que fez!"
11 - Assim toda a nação ficou unida para esta ação contra aquela cidade.
12 a 16 - Mensageiros foram enviados a seguir à tribo de Benjamim, com este recado: "Vocês
têm idéia da coisa horrível que gente da sua tribo fez? Agora, entreguem a nós aqueles
homens perversos de Gibeá, para que sejam mortos. Assim Israel ficará livre da mancha
daquele terrível mal!" Mas o povo de Benjamim não quis dar ouvidos aos demais israelitas,
irmãos dele. Em vez disso, mandou a Gibeá vinte e seis mil soldados, reunidos das várias
cidades do território. Eles reforçaram a defesa da cidade de Gibeá, juntando forças com os
setecentos melhores soldados daquela cidade. E ficaram prontos para combater o restante de
Israel. Entre eles existiam setecentos homens muito hábeis, e eram canhotos, e conseguiam
atirar com a funda e acertar num fio de cabelo, sem errar nem uma só vez!
17 - O exército formado pelas outras tribos de Israel somava quatrocentos mil soldados.
18 - Antes de atacar, os israelitas foram a Betel, para pedir conselho a Deus. "Que tribo irá na
frente para lutar contra Benjamim? - perguntaram. E o Senhor respondeu: "Judá irá primeiro".
19 a 21 - Assim o exército de Israel saiu bem cedo no dia seguinte, para atacar os homens de
Benjamim. Mas os homens que defendiam a cidade reagiram, saíram a campo, e mataram
vinte e dois mil israelitas naquele dia.
22 e 24 - Então os israelitas choraram diante do Senhor até o escurecer, e perguntaram:
"Senhor, devemos continuar lutando contra nosso irmão Benjamim?" O Senhor respondeu que
sim. Com isso os homens de Israel ficaram cheios de coragem e no dia seguinte voltaram a
enfrentar os benjamitas, no mesmo lugar da batalha anterior.
25 - Pois também dessa vez saíram a campo os homens de Benjamim, e mataram mais
dezoito mil homens, todos experimentados na guerra!
26 a 28 - Todo Israel foi então a Betel e ficou chorando e jejuando na presença do Senhor, até
à tarde; e apresentaram ao Senhor sacrifícios queimados e ofertas de paz. A Arca do contrato
do Senhor estava em Betel naqueles dias. O sacerdote em exercício era Finéias, filho de
Eleazar e neto de Arão. Os homens de Israel perguntaram ao Senhor: "Devemos sair de novo
a pelejar contra o nosso irmão Benjamim, ou devemos desistir?" E disse o Senhor: "Vão lutar
amanhã. Eu farei com que vocês vençam".
29 e 30 - O exército de Israel pôs emboscadas em redor de Gibeá. Ao terceiro dia, atacaram
usando a mesma formação empregada nas outras vezes.
31 - Quando o exército de Benjamim saiu da cidade para o combate, os outros israelitas
bateram em retirada, perseguidos pelos benjamitas - que assim foram sendo levados para
longe da cidade. Nessa perseguição, os homens de Benjamim mataram uns trinta soldados de
Israel, ao longo da estrada que liga Betel a Gibeá,
32 - Então os soldados de Benjamim gritaram: "Vejam! Eles estão sendo derrotados como das
outras vezes!" Mas os exércitos de Israel combinaram continuar fugindo, para atrair os
adversários para bem longe da cidade.
33 e 34 - Quando as forças de Israel chegaram a Baal-Tamar, voltaram e atacaram os
perseguidores. Ao mesmo tempo, os dez mil homens que estavam escondidos perto da cidade,
saíram da emboscada, e também atacaram os defensores de Gibeá. A luta foi violenta.
Entretanto, os benjamitas não perceberam que estavam prestes a sofrer desgraça total. 35 a
39 - Então o Senhor deu mão forte a Israel, e os exércitos de Israel mataram naquele dia vinte
e cinco mil e cem soldados de Benjamim, restando uns poucos apenas. Eis uma narração
resumida da batalha: O exército de Israel fez retirada, fugindo dos homens de Benjamim, para
dar mais campo às manobras dos soldados emboscados. Ao matarem uns trinta israelitas, os
homens de Benjamim ficaram confiantes - certos de que iriam repetir as proezas anteriores,
derrotando os adversários. Mas aconteceu que os homens que estavam emboscados, correram
para Gibeá, mataram os moradores todos, e puseram fogo na cidade. A grande coluna de
fumaça que subiu ao céu foi o sinal previamente combinado, para Israel voltar e atacar o
exército de Benjamim.
40 - Quando os benjamitas viram os perseguidos voltando para fazer o ataque, olharam para
trás e viram a nuvem de fumo, da cidade incendiada.
41 - Aí entenderam que a calamidade vinha sobre eles. Aflitos, sofrendo muitas perdas,
correram para o deserto.
42 - Mas os israelitas foram em cerrada perseguição deles. Além disso, os homens que tinham
estado na emboscada, voltaram da cidade destruída, e foram atacando e matando os fugitivos
pelo outro lado.
43 - Cercaram os homens de Benjamim, a leste de Gibeá. Quando eles pararam para
descansar, os israelitas chegaram e mataram a maior parte deles.
44 - Morreram na batalha daquele dia dezoito mil soldados de Benjamim. 45 - Os restantes
fugiram para o deserto, em direção à rocha de Rimom. Mas durante a fuga, foram mortos uns
cinco mil homens e, continuando a perseguição, ainda foram mortos mais dois mil homens,
perto de Gidom.
46 e 47 - Dos homens de Benjamim, morreram aquele dia vinte e cinco mil valentes soldados.
Escaparam somente seiscentos homens. Eles conseguiram chegar à rocha de Rimom, e
viveram ali quatro meses.
48 - Então o exército de Israel voltou ao território de Benjamim e matou todos os que
restavam - os homens, e as mulheres e o gado - e lançaram fogo a todas as cidades e vilas
que encontraram!

CAPITULO 21

1 e 2 - OS HOMENS DE Israel tinham feito solene promessa em Mispa, de que nunca haveriam
de deixar as filhas casarem com homens da tribo de Benjamim. E agora ali estavam eles em
Betel, e ficaram reunidos na presença de Deus até a tarde. E choraram amargamente.
3 - "Ó Senhor, Deus de Israel," clamaram eles, "por que aconteceu isto em Israel, que agora
ficou sem uma das tribos?!"
4 - Na manhã seguinte, levantaram cedo, construíram um altar, e nele ofereceram sacrifícios
queimados e ofertas de paz.
5 - E começaram a dizer uns aos outros: "Será que alguma povoação - de todas as tribos de
Israel - deixou de mandar representantes à assembléia realizada na presença do Senhor, em
Mispa?" Pois, naquela ocasião tinham tomado solene compromisso de que seria morto quem
não atendesse à convocação.
6 e 7 - Todos os israelitas estavam profundamente tristes pelo que acontecera aos benjamitas.
"Eliminada!" - diziam para si mesmos. "Uma tribo inteira foi varrida, foi eliminada! E como
poderemos conseguir esposas para os poucos homens de Benjamim, que sobreviveram? Pois
tomamos o Senhor por testemunha de que não deixaríamos nossas filhas casarem com eles! "
8 e 9 - Depois tornaram a pensar na promessa feita, de que seriam mortos os que não
tivessem atendido à convocação para reunião feita diante do Senhor, em Mispa. E verificaram
que da cidade de Jabes-Gileade, ninguém tinha comparecido à assembléia.
10 e 11 - Assim mandaram para lá doze mil soldados, dos melhores que tinham. Eles foram
com a ordem de matar todos os moradores de Jabes-Gileade, homens, mulheres e crianças -
menos as moças virgens, em idade própria para o casamento.
12 - Executada a ordem, os soldados encontraram entre os moradores de Jabes-Gileade
quatrocentas moças virgens. Elas foram levadas para o acampamento em Silo.
13 - Então Israel mandou mensageiros aos homens de Benjamim que estavam na rocha de
Rimom. Cumprindo a missão, os mensageiros proclamaram paz aos sobreviventes.
14 e 15 - Os homens de Benjamim voltaram imediatamente junto com os mensageiros.
Quatrocentos deles casaram com as jovens trazidas de Jabes-Gileade. Mas o número delas não
foi suficiente para todos os benjamitas. Isto despertou outra vez a grande tristeza dos
israelitas porque, diziam, o Senhor tinha aberto uma brecha nas tribos de Israel.
16 a 18 - "Que havemos de fazer," perguntaram os oficiais de Israel, "para conseguir esposas
para os outros? Pois todas as mulheres da tribo de Benjamim foram mortas! Temos de arranjar
um jeito de resolver isto, para evitar que uma tribo inteira desapareça para sempre! Uma coisa
não podemos fazer: deixar que nossas filhas casem com eles. Não, porque prometemos isto
solenemente, na presença do Senhor. Assim, quem romper a promessa estará debaixo da
maldição de Deus!"
19 - Nisso alguém lembrou aos demais a festa religiosa anual, realizada nos campos de Silo,
entre Lebona e Betel, ao longo da margem leste da estrada que vai de Betel a Siquém.
20 e 22 - Então deram a seguinte autorização aos homens de Benjamim: "Vocês podem ficar
de emboscada nas plantações de uvas. Fiquem atentos. Quando as moças de Silo saírem
formando as rodas de danças, saiam vocês dos esconderijos e levem as moças para as terras
de Benjamim - uma para cada um - para serem suas esposas! E quando os pais e irmãos delas
vierem apresentar queixa, nós diremos a eles: "Por favor, sejam compreensivos! Na guerra
contra Jabes-Gileade não conseguimos mulheres suficientes para eles; e vocês não puderam
dar as suas filhas em casamento, a eles - porque, se fizessem isso, estariam condenados!'"
23 – Os homens seguiram a orientação dada e raptaram as moças que estavam tomando parte
na festa, e fugiram com elas para as terras de Benjamim. Ali reedificaram as cidades e
moraram nelas.
24 - Então os israelitas voltaram para casa - cada um para a sua tribo e família e propriedade.
25 - Naquele tempo Israel não tinha rei. Cada um fazia o que achava que estava certo.

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