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quarta-feira





CAPITULO 1

1 - HAVIA UM HOMEM chamado Elcana, da tribo de Efraim; Elcana morava em Ramataim-
Zofim, na região das montanhas de Efraim. Elcana era filho de Jerorão; Jerorão era filho de
Eliú, Eliú era filho de Toú, Toú era filho do efraimita Zufe.
2 - Elcana tinha duas mulheres: uma se chamava Ana; o nome da outra era Penina; Penina
tinha filhos, mas Ana não tinha nenhum.
3 - Todos os anos Elcana e suas famílias faziam uma viagem até ao Tabernáculo, em Silo, a fim
de adorar ao Senhor dos céus, e oferecer sacrifícios a Ele. (Os sacerdotes que estavam de
serviço nesse tempo eram os dois filhos de Eli - Hofni e Finéias.)
4 - No dia em que Elcana oferecia o seu sacrifício, ele comemorava o acontecimento feliz,
dando presentes a Penina; além disso, dava presentes também aos filhos dela;
5 - embora ele amasse muito a Ana, ele só podia dar a ela um presente, porque o Senhor fez
com que Ana não tivesse filhos.
6 - Acontece que Penina piorava a situação, porque fazia muita coisa para deixar Ana irritada
pelo fato de o Senhor não lhe permitir ter filhos.
7 - E todos os anos era a mesma coisa - Penina caçoava de Ana, e a provocava quando iam a
Silo; por isso Ana chorava muito, e não tinha nem vontade de comer.
8 - "Que está acontecendo com você, Ana?" perguntou o marido. "Por que não come? Por que
você fica tão triste pelo fato de não ter filhos? Ter a mim como marido não é melhor do que ter
dez filhos?"
9 - Certo dia, após a refeição da tarde, quando ainda estavam em Silo, Ana foi ao Tabernáculo.
O sacerdote Eli estava assentado no seu lugar de costume, ao lado da entrada.
10 - Ela estava sentindo uma profunda angústia e chorava amargamente, enquanto fazia sua
oração ao Senhor.
11 - Ana fez este voto: "Senhor dos céus, se olhar para o meu sofrimento e responder à minha
oração dando-me um filho, então eu darei esse filho de volta ao Senhor; ele será seu por todos
os dias da sua vida, e os seus cabelos nunca serão cortados."
12 e 13 - Eli percebeu que a boca de Ana se mexia enquanto ela orava em silêncio, do fundo
do coração, porém não ouvia som algum; então ele pensou que Ana estivesse embriagada.
14 - "Era preciso vir aqui embriagada?" perguntou Eli. "Afaste-se desse vício."
15 e 16 - "Por favor, senhor!" respondeu ela, "não estou embriagada! Estou muito triste, isso
sim, e estava abrindo meu coração diante do Senhor. Por favor, não pense que sou apenas
uma mulher embriagada! Oro assim por sofrer grande preocupação e aflição."
17 - "Nesse caso", disse Eli, "tenha bom ânimo! Levante-se, vá em paz, e que o Senhor de
Israel conceda o que você pede, seja lá o que for!"
18 - "Oh, senhor, muito obrigada!" Ana exclamou. Voltou feliz, e começou a se alimentar de
novo. A tristeza desapareceu do seu rosto!
19 e 20 - A família inteira se levantou bem cedinho na manhã seguinte, e foi ao Tabernáculo
adorar o Senhor uma vez mais. Depois voltaram para casa, em Ramá. Quando Elcana deitouse
com Ana, o Senhor se lembrou dela; e, passado o devido tempo, ela teve um filho, e deu a
ele o nome de Samuel (que significa "pedido a Deus") porque, conforme ela disse: "Eu o pedi
ao Senhor."
21 e 22 - No ano seguinte, Elcana, Penina e os filhos dela fizeram a viagem anual ao
Tabernáculo; desta vez, sem a companhia de Ana, pois ela disse ao marido: "Vamos esperar
até que o menino esteja desmamado, e então eu o levarei ao Tabernáculo e o deixarei lá para
sempre".
23 - "Está bem, faça como achar melhor", concordou Elcana. "Seja feita a vontade do Senhor."
E assim ela ficou em casa, até que o menino desmamou.
24 - Então, apesar do menino ser ainda muito pequeno, ela o levou ao Tabernáculo em Silo;
levou também um novilho de três anos para o sacrifício, uns trinta e poucos litros de farinha e
um pouco de vinho.
25 - Depois do sacrifício, levaram o menino a Eli.
26 - "Senhor; lembra-se de mim?" perguntou Ana ao sacerdote Eli. "Sou aquela mulher que
esteve aqui aquela vez, orando ao Senhor!
27 - Pedi ao Senhor que me desse este filho, e Ele atendeu ao meu pedido. 28 - Agora eu o
trago, como se o estivesse devolvendo ao Senhor, por todos os dias em que ele viver." Assim
ela deixou o menino ali no Tabernáculo, para servir ao Senhor.

CAPITULO 2

1 - ESTA FOI A oração que Ana fez: "Quanto me regozijo no Senhor! Quanta força e bênção
Ele me tem dado! Agora tenho uma resposta para os meus inimigos. Porque o Senhor me
salvou do meu problema. Quanto me regozijo!
2 - Ninguém é tão santo quanto o Senhor! Não há outro Deus, Nem há Rocha alguma como o
nosso Deus.
3 - Deixem de ser tão orgulhosos e arrogantes! O Senhor sabe tudo, inclusive o que vocês
fizeram, E Ele julgará suas ações.
4 - Aqueles que eram poderosos, já não são mais poderosos! Os que eram fracos, agora são
fortes.
5 - Os que estavam bem de vida, agora estão passando fome; Os que passavam fome, agora
têm alimento. A mulher que não tinha filhos, agora tem sete; Aquela que tinha muitos filhos
agora não tem mais!
6 - O Senhor mata, O Senhor dá a vida.
7 - Alguns Ele faz pobres, E outros Ele faz ricos. A um Ele faz cair. E a outro Ele levanta.
8 - Do pó Ele levanta o pobre, sim, de um monte de cinzas. E trata a esse pobre como
príncipe, Que se assenta nos lugares de honra. Porque toda a terra é do Senhor, e Ele põe o
mundo em ordem.
9 - O Senhor protegerá os homens piedosos, porém os maus ficam em silêncio na escuridão.
Ninguém será vitorioso somente pela sua própria força.
10 - Os que lutam contra o Senhor serão humilhados; Do céu o Senhor troveja contra eles. Ele
julga a terra de ponta a ponta. Ele dá grande força ao seu Rei, e dá grande glória ao seu
ungido."
11 - Então eles voltaram para casa, em Ramá, sem o menino Samuel; e Samuel se tornou
ajudante do Senhor, porque ele auxiliava o sacerdote Eli.
12 - Ora, os filhos de Eli eram homens maus, que não amavam ao Senhor. 13 e 14 - Estavam
acostumados a mandar um empregado ficar ali por perto quando alguém oferecia sacrifício, e
enquanto a carne do animal sacrificado era cozida, o empregado espetava um garfo grande, de
três dentes, na carne que estava dentro da panela, e exigia que tudo quanto o garfo tirava
fosse entregue aos filhos de Eli. Era assim que eles tratavam todos os israelitas que vinham a
Silo a fim de adorar.
15 - Às vezes o empregado vinha antes mesmo de terminada a cerimônia de queimar a
gordura sobre o altar, e exigia a carne crua, antes de ser cozida, de maneira que ela pudesse
ser preparada à vontade dos sacerdotes.
16 - Se o homem que oferecia o sacrifício respondesse: "Leve quanto quiser, mas primeiro é
preciso queimar a gordura" (conforme a Lei manda), então o empregado dizia: "Não; ou você
me dá a carne agora, ou eu a tomo à força."
17 - Assim, aos olhos do Senhor, o pecado desses moços era muito grande; pois tratavam com
pouco caso as ofertas que o povo trazia ao Senhor.
18 - Embora ainda fosse uma criança, Samuel era o auxiliar do Senhor, e usava um pequeno
manto de linho igual ao manto do sacerdote.
19 - Cada ano a mãe de Samuel fazia para ele uma túnica e lhe dava quando vinha com o
marido para oferecer sacrifício.
20 - Antes de voltarem para casa, Eli abençoava a Elcana e Ana, e pedia a Deus que desse a
esse casal outros filhos que tomassem o lugar deste que eles haviam dado ao Senhor.
21 - E o Senhor concedeu a Ana três filhos e duas filhas. Enquanto isso, Samuel crescia,
prestando serviço ao Senhor.
22 - Eli já estava muito velho, mas ele sabia muito bem o que se passava ao seu redor. Sabia,
por exemplo, que seus filhos eram dados a conquistar as moças que prestavam serviço à
entrada do Tabernáculo.
23 a 25 - "Tenho ouvido o povo do Senhor falar coisas terríveis a respeito do que vocês
fazem", Eli disse aos seus filhos. "É uma coisa horrível fazer o povo do Senhor pecar. O pecado
comum recebe castigo pesado; e quanto mais pesado será o castigo, por este pecado que
vocês cometem contra o Senhor?" Porém eles não deram atenção ao que o pai lhes dizia,
porque o Senhor tinha planos de matá-los.
26 - O pequeno Samuel ia crescendo em dois sentidos - estava ficando cada vez mais alto, e
tornava-se o predileto de toda gente (e do Senhor também!)
27 - Um dia veio a Eli um homem de Deus com este recado da parte do Senhor: "Não
manifestei Eu o meu poder quando o povo de Israel era escravo no Egito?
28 - Não escolhi Eu a seu pai Levi, dentre todos os irmãos dele, para ser meu sacerdote, e
sacrificar sobre o meu altar, queimar incenso, e usar um manto de sacerdote quando estivesse
prestando serviço diante de Mim? E não dei a vocês, os sacerdotes, as ofertas queimadas,
ofertas essas trazidas pelo povo?
29 - Por que, então, vocês são tão gananciosos e querem todas as ofertas que são trazidas a
Mim? Por que você, Eli, tem honrado mais aos seus filhos do que a Mim? Pois você e eles
engordaram comendo o melhor das ofertas do meu povo!
30 - "Portanto, Eu, o Senhor Deus de Israel, declaro que embora tenha prometido que a sua
família, da tribo de Levi, sempre seria a família dos meus sacerdotes, agora vejo que é
impossível permitir que continuem a fazer o que fazem. Honrarei somente aqueles que Me
honram, e desprezarei aqueles que Me desprezam.
31 - Acabarei com a sua família, de modo que ela não Me prestará mais serviço como
sacerdotes. Cada membro da sua família morrerá antes do tempo. Ninguém chegará a
envelhecer.
32 - Você terá inveja da prosperidade que darei ao meu povo. Mas você e sua família estarão
em aflição e necessidade. Nenhum da sua casa vai ficar velho.
33 - Os que sobreviverem, viverão em tristeza e angústia; e seus filhos morrerão na guerra.
34 - E para provar que aquilo que Eu disse vai acontecer, farei com que seus dois filhos, Hofni
e Finéias, morram no mesmo dia!
35 - "Então farei surgir um sacerdote fiel que estará a meu serviço, e fará tudo quanto Eu
mandar fazer. Abençoarei os filhos dele, e a sua família servirá aos meus reis para sempre,
como sacerdotes.
36 - Então, todos os seus filhos se curvarão diante dele, mendigando dinheiro e alimento. 'Por
favor', eles dirão, 'arranje-me um trabalho entre os sacerdotes, de maneira que eu tenha pelo
menos o que comer.

CAPITULO 3

1 - ENQUANTO ISSO, o pequeno Samuel servia ao Senhor como assistente de EIi. Naqueles
dias eram muito raras as mensagens e visões que vinham do Senhor.
2 e 3 - Porém uma noite, depois que Eli tinha ido deitar-se (com a idade que tinha agora, Eli
estava quase cego), e Samuel dormia no Templo, perto da Arca,"
4 e 5 - o Senhor chamou o menino: "Samuel! Samuel!" "Pronto!" respondeu Samuel. "O que
foi?" Ele levantou-se e correu ao quarto de Eli, "Aqui estou. Que é que o senhor deseja?"
perguntou Samuel. "Não chamei você", disse Eli. "Volte para a cama." E ele voltou.
6 - Então o Senhor chamou novamente: "Samuel!" E de novo Samuel se levantou e correu ao
quarto de Eli. "Pronto!" disse o menino. "Que é que o senhor quer?" "Não, eu não chamei você,
meu filho", disse Eli. "Pode deitar-se novamente."
7 - (Antes disso, Samuel nunca tinha recebido uma mensagem do Senhor; portanto, não
conhecia ainda a voz de Deus.)
8 - E o Senhor chamou o menino pela terceira vez, e mais uma vez Samuel se levantou e foi
ao quarto de Eli. "Chamou, senhor?" perguntou Samuel. "O que deseja?" Então Eli entendeu
que era o Senhor que tinha falado ao menino.
9 - Por isso ele disse a Samuel: "Vá deitar-se; e se alguém o chamar novamente, responda:
'Pronto, pode falar, Senhor, que estou ouvindo'." E Samuel voltou a deitar-se.
10 - E o Senhor veio e chamou, como das outras vezes: "Samuel! Samuel!" E Samuel
respondeu: "Pronto, estou ouvindo."
11 - Então o Senhor disse a Samuel: "Vou fazer uma coisa em Israel, que vai deixar toda
gente alarmada.
12 - Vou cumprir o que disse a Eli que Eu faria; são coisas terríveis a respeito das quais já
preveni a Eli.
13 - Não é de hoje que venho ameaçando castigar Eli e toda a sua família, porque seus filhos
não respeitam a Deus, e Eli não os repreende.
14 - Portanto resolvi que os pecados de Eli e dos seus filhos nunca serão perdoados por meio
de sacrifícios e ofertas."
15 - Samuel ficou deitado até que amanheceu o dia, e depois ele abriu as portas do Templo,
como de costume, porém estava com medo de contar a Eli o que o Senhor lhe havia dito.
16 a 17 - Mas Eli chamou Samuel e lhe perguntou: "Meu filho, que foi que o Senhor disse a
você? Conte-me tudo. E que o Senhor lhe dê castigo, se você esconder alguma coisa de mim!"
18 - Então Samuel contou a Eli o que o Senhor tinha falado. "É a vontade do Senhor",
respondeu Eli; "que Ele faça segundo a vontade dEle."
19 - À medida que Samuel crescia, o Senhor estava com ele e o povo atendia com todo o
cuidado os conselhos que Samuel dava.
20 - E todo o Israel, desde Dã até Berseba, soube que Samuel ia ser profeta do Senhor.
21 - Então o Senhor continuava a dar mensagens a Samuel revelando-se no Tabernáculo em
Silo, e Samuel transmitia tais mensagens do povo de Israel.

CAPITULO 4

1 - NAQUELE TEMPO ISRAEL estava em guerra com os filisteus. O exército israelita estava
acampado perto de Ebenézer; os filisteus se acamparam em Afeque,
2 - e, avançando em formação de batalha, derrotaram a Israel, matando quatro mil soldados
israelitas.
3 - Terminada a batalha, o exército de Israel voltou ao seu acampamento, e os seus dirigentes
discutiram sobre quais os motivos por que o Senhor permitiu que fossem derrotados. Vamos
trazer para cá a Arca que está em Silo", disseram. "Se ela estiver conosco no campo de
batalha, o Senhor estará em nosso meio e, por certo, Ele nos salvará dos nossos inimigos."
4 - E assim mandaram buscar a Arca do Senhor dos céus, que está assentado num trono
acima dos anjos. Hofni e Finéias, filhos de Eli, acompanharam a Arca ao campo de batalha.
5 - Quando os israelitas viram a Arca chegando, soltaram gritos de alegria tão altos, que quase
fizeram o chão tremer!
6 - "Que é que está acontecendo por lá?" perguntaram os filisteus. "Que é que significa toda
essa gritaria no acampamento dos hebreus?" Quando disseram que era porque Arca do Senhor
tinha chegado,
7 - eles ficaram apavorados. "Deus veio ao acampamento deles!" clamaram os filisteus. "Ai de
nós, pois nunca tivemos de enfrentar uma coisa assim antes!
8 - Quem pode salvar-nos desses deuses poderosos de Israel? São os mesmos deuses que
destruíram os egípcios com pragas, quando Israel estava no deserto.
9 - Lutem como nunca lutaram antes, ó filisteus, ou então nos tornaremos escravos deles,
assim como eles se tornaram nossos escravos."
10 - Assim os filisteus lutaram como nunca, e Israel sofreu nova derrota. Trinta mil homens de
Israel morreram naquele dia, e os restantes fugiram para suas tendas.
11 - A Arca de Deus foi tomada e Hofni e Finéias foram mortos.
12 - Um homem da tribo de Benjamim saiu correndo do campo de batalha e chegou a Silo no
mesmo dia, com as roupas rasgadas e pó sobre a cabeça.
13 - Eli estava à beira da estrada, esperando para ouvir as notícias da batalha, pois o coração
dele tremia pela segurança da Arca de Deus. Quando chegou o mensageiro da frente de
batalha e contou o que havia acontecido, toda a cidade soltou um grande grito.
14 - "Que barulheira é essa? perguntou Eli. E o mensageiro correu para onde Eli estava e lhe
contou o que havia acontecido.
15 (Eli estava com noventa e oito anos de idade, e era cego.)
16 - "Acabo de chegar do campo de batalha - eu estava lá hoje", disse a Eli,
17 - "e Israel foi derrotado e milhares de soldados israelitas estão mortos no campo da luta.
Hofni e Firiéias também morreram, e a Arca foi tomada."
18 - Quando o mensageiro mencionou o que tinha acontecido à Arca, Eli caiu da cadeira para
trás, ao lado do portão, e com a queda quebrou o pescoço e morreu, (pois Eli era muito velho
e gordo). Durante quarenta anos ele havia sido juiz em Israel.
19 - A nora de Eli, mulher de Finéias, estava grávida. Quando ela ouviu dizer que os filisteus
tinham tomado a Arca e que seu marido e seu sogro estavam mortos, imediatamente começou
a sentir dores de parto.
20 - Um pouquinho antes de morrer, as mulheres que a atendiam disseram a ela que tudo
estava bem e que o bebê era um menino. Porém ela não o respondeu, nem deu sinal de vida.
21 e 22 - Mas logo em seguida, falando com muita dificuldade, em voz muito baixinha, disse:
"Chamem o menino de 'Icabode', pois a glória de Israel acabou." (Icabode significa "não há
glória". Ela deu ao menino esse nome porque a Arca de Deus tinha sido tomada, e porque seu
marido e seu sogro estavam mortos.)

CAPITULO 5

1 e 2 - OS FILISTEUS PEGARAM a Arca de Deus que haviam tomado no campo de batalha em
Ebenézer, e levaram para o templo da imagem de Dagom, na cidade de Asdode.
3 - Mas quando os moradores de Asdode foram ver a Arca na manhã seguinte, a imagem de
Dagom estava caída, com o rosto voltado para o chão, diante da Arca de Deus! Então
levantaram a imagem e a puseram em pé no seu lugar,
4 - mas na manhã seguinte havia acontecido a mesma coisa - a imagem estava caída diante
da Arca- do Senhor. Desta vez a cabeça e as mãos da imagem estavam separadas do corpo,
caídas junto à porta de entrada; só ficou inteiro o corpo da imagem.
5 - (É por esse motivo que até hoje, nem os sacerdotes de Dagom nem os seus adoradores
pisam no batente da porta do templo da Dagom, em Asdode.)
6 - Então o Senhor começou a destruir o povo de Asdode e das vilas vizinhas com uma praga
de tumores.
7 - Quando o povo viu o que estava acontecendo, exclamou: "Não podemos mais ter aqui a
Arca do Deus de Israel, Ele vai fazer perecer a nós todos juntamente com nosso deus Dagom”.
8 - Então convocaram uma reunião dos prefeitos das cinco cidades dos filisteus, para decidirem
como se livrariam da Arca. E acharam que a coisa mais certa a fazer seria levar a Arca para
Gate.
9 - Mas quando a Arca chegou lá, o Senhor começou a destruir sua população, jovens e
velhos, com a praga dos tumores, e o povo ficou em completo desespero.
10 - Por isso mandaram a Arca para Ecrom, mas quando o povo de Ecrom viu que ela se
aproximava, foi aquela gritaria: "Estão trazendo a Arca do Deus de Israel aqui, para nos matar
também!"
11 - Assim reuniram de novo os prefeitos, e imploraram a eles que enviassem a Arca de volta
ao seu próprio país, para que o povo filisteu não morresse todo, pois muitas pessoas já
estavam com a praga, e a cidade inteira estava morrendo de medo.
12 - As pessoas que não morriam estavam gravemente enfermas, e havia choro e lamentação
por toda parte.

CAPITULO 6

1 - A ARCA DO Senhor esteve durante sete meses na terra dos filisteus.
2 - Então os filisteus chamaram seus sacerdotes e adivinhadores, para perguntar: "O que
vamos fazer com a 'Arca de Deus? Que espécie de presente devemos mandar com ela, quando
a devolvermos à sua própria terra?"
3 - "Sim, mandem a Arca do Deus de Israel de volta com um presente", disseram ao povo.
"Mandem uma oferta pela culpa, de maneira que acabe essa praga. Depois disso, se a praga
não acabar, saberão que não foi o Deus de Israel que mandou a praga sobre vocês."
4 e 5 - "Qual a oferta pela culpa que devemos mandar?" o povo perguntou. E os sacerdotes e
adivinhadores disseram: "Mandem cinco modelos de ouro dos tumores causados pela praga, e
cinco modelos de ouro dos ratos que têm arruinado toda a terra - tanto as cidades principais
como as vilas. Se enviarem esses presentes e renderem louvores ao Deus de Israel, talvez Ele
pare de castigar vocês e o deus que vocês adoram.
6 - Não sejam teimosos e rebeldes como Faraó e os egípcios. Eles não quiseram permitir que
Israel saísse, até que Deus os destruiu com pragas horrorosas.
7 - Agora construam um carro novo e prendam a ele - vacas que nunca antes puxaram carro;
os bezerrinhos vocês levem para casa e prendam no curral.
8 - Coloquem a Arca de Deus no carro ao lado de um cofre com as ofertas pela culpa, os
modelos de ouro dos ratos e dos tumores, e deixem que as vacas sigam pelo caminho que
quiserem.
9 - Se elas cruzarem a fronteira de nossa terra e se dirigirem para Bete-Semes, então saibam
que foi o Deus de Israel que trouxe este grande castigo sobre nós. Se não seguirem e voltarem
a seus bezerros então saberemos que a praga foi simples coincidência, e de maneira alguma
foi enviada por Deus".
10 - Assim o povo fez conforme as instruções recebidas. Duas vacas com bezerrinhos novos
foram presas ao carro, seus bezerros ficaram presos no curral.
11 - Depois colocaram no carro a Arca do Senhor, e o cofre com as imitações de Ouro dos
ratos e dos tumores.
12 - E de fato as vacas seguiram diretamente pela estrada que vai para Bete-Semes, e iam
berrando enquanto puxavam o carro. Os prefeitos filisteus foram atrás delas até às fronteiras
de Bete-Semes.
13 - Os moradores de Bete-Semes estavam colhendo trigo no vale, e quando viram a Arca,
gritaram de tanta alegria!
14 - O carro entrou no campo de um homem chamado Josué, e parou ao lado de uma grande
pedra. Então o povo quebrou em pedaços a madeira do carro para fazer fogo, e matou as
vacas que foram oferecidas ao Senhor, como sacrifício queimado.
15 - Diversos homens da tribo de Levi retiraram a Arca e o cofre do carro e os colocaram sobre
a pedra. Os homens de Bete-Semes ofereceram sacrifícios queimados, e outros sacrifícios ao
Senhor naquele dia.
16 - Depois que os cinco prefeitos filisteus viram tudo aquilo, voltaram a Ecrom naquele
mesmo dia.
17 - Os cinco modelos de ouro dos tumores, enviados pelos filisteus como oferta ao Senhor
pela culpa, eram presentes dos prefeitos das principais cidades de Asdode, Gaza, Ascalom,
Gate e Ecrom.
18 - Os ratos de ouro eram para oferta a Deus pela culpa das outras cidades dos filisteus,
tanto as cidades fortificadas como as vilas do interior, controladas pelas cinco cidades
principais. (A propósito, a grande rocha sobre a qual puseram a Arca de Deus, ainda pode ser
vista em Bete-Semes, no campo de Josué.)
19 - Porém o Senhor matou setenta homens de Bete-Semes porque eles olharam para dentro
da Arca. E o povo chorou por causa das muitas pessoas que foram mortas pelo Senhor.
20 - "Quem pode estar perante o Senhor, este Deus santo?" clamaram. "Para onde enviaremos
a Arca daqui?"
21 - Assim, mandaram mensageiros ao povo de Quiriate-Jearim e lhes contaram que os
filisteus tinham trazido de volta a Arca do Senhor. "Venham buscar a Arca para vocês!" eles
imploraram.

CAPITULO 7

1 - ENTÃO VIERAM OS homens de Quiriate-Jearim e levaram a Arca do Senhor para a casa de
Abinadabe, que fica numa colina; depois consagraram a seu filho Eleazar para tomar conta
dela.
2 - A Arca permaneceu ali durante vinte anos, e durante esse tempo o povo todo de Israel
vivia em grande tristeza porque parecia que o Senhor tinha abandonado ao seu povo.
3 - Nessa ocasião Samuel disse ao povo: "Se, na verdade, vocês desejam voltar ao Senhor,
joguem fora os seus deuses estrangeiros e as suas imagens de Astarote. Tomem a decisão de
obedecer somente ao Senhor; então Ele livrará vocês das mãos dos filisteus".
4 - Por isso os filhos de Israel destruíram suas imagens de Baal e de Astarote, e adoraram
somente ao Senhor.
5 - Samuel disse mais a eles: "Venham todos a Mispa, e orarei ao Senhor a favor de vocês".
6 - Então eles se reuniram ali e, numa grande cerimônia, tiraram água do poço e a
derramaram perante o Senhor. Também jejuaram o dia todo como sinal de arrependimento por
causa dos seus pecados contra o Senhor. Assim, foi em Mispa que Samuel se tornou juiz de
Israel.
7 - Quando os chefes filisteus souberam que havia tanta gente em Mispa, chamaram os seus
soldados e avançaram. Os israelitas ficaram com muito medo quando souberam que os filisteus
se aproximavam.
8 - "Insista com Deus para nos salvar dos filisteus!" imploravam a Samuel.
9 - Então Samuel pegou um cordeirinho que ainda mamava e o ofereceu como sacrifício
queimado ao Senhor, e orou a Deus para que ajudasse Israel. E o Senhor atendeu.
10 - No momento em que Samuel oferecia o sacrifício queimado, os filisteus chegaram para
guerrear, mas o Senhor falou com uma poderosa voz de trovão que vinha do céu; eles ficaram
numa tremenda confusão e medo, e com isso os israelitas os derrotaram.
11 - Foram atrás deles desde Mispa, até perto de Bete-Car, matando todos ao longo do
caminho.
12 - Então Samuel pegou uma pedra e a colocou entre Mispa e Sem, e deu a essa pedra o
nome de Ebenézer (que significa "Pedra de Ajuda"), porque ele disse: "Até este ponto o Senhor
nos ajudou!"
13 - Assim os filisteus foram dominados e não invadiram mais Israel durante o tempo em que
Samuel viveu, porque o Senhor estava contra eles.
14 - As cidades israelitas situadas entre Ecrom e Gate, que foram conquistadas pelos filisteus,
agora foram devolvidas a Israel, pois o exército israelita as livrou das mãos dos filisteus. E
havia paz entre Israel e os amorreus naqueles tempos.
15 - Samuel continuou como juiz de Israel pelo restante de sua vida.
16 - De ano em ano viajava pelo pais, e estabelecia seu tribunal, primeiro em Betel, depois em
Gilgal e depois em Mispa. Dos territórios vizinhos dessas cidades traziam a ele os casos que
precisavam de julgamento.
17 - Depois ele voltava a Ramá, pois ali é que estava a sua casa, e ali também Samuel julgava
os casos que lhe eram apresentados. Em Ramá ele edificou um altar ao Senhor.

CAPITULO 8

1 - AO FICAR VELHO, Samuel se aposentou e nomeou seus filhos como juizes em seu lugar.
2 - Joel e Abias, seus filhos mais velhos, foram juizes em Berseba;
3 - porém não eram como seu pai, pois tinham muita cobiça por dinheiro. Aceitavam dinheiro
para favorecer a uns e prejudicar a outros, e eram muito corruptos para fazer justiça.
4 a 5 - Por fim, os chefes de Israel se reuniram em Ramá, a fim de discutir o problema com
Samuel. Disseram a Samuel que desde que ele se aposentou as coisas tinham mudado muito,
pois seus filhos não eram homens de bem. "Escolha um rei para nós; veja que todas as outras
nações têm seu rei", disseram os chefes de Israel.
6 - Samuel não ficou contente com esse pedido de um rei, e orou ao Senhor pedindo conselho.
7 - "Faça o que eles pedem", respondeu o Senhor, "pois é a Mim que rejeitam, e não a você -
eles não querem mais que Eu seja o Rei deles.
8 - Desde quando os tirei do Egito, continuamente Me abandonaram e seguiram a outros
deuses. E agora tratam a você da mesma maneira.
9 - Faça conforme eles pedem, mas também não deixe de avisar a eles, com toda seriedade o
que é ter um rei!"
10 - Assim, Samuel contou ao povo o que o Senhor tinha dito:
11 - "Se vocês insistem em ter um rei, ele vai convocar os seus filhos, e esses rapazes terão
de correr na frente dos carros do rei;
12 - alguns serão obrigados a chefiar os soldados do rei na guerra, enquanto outros
trabalharão como escravos; serão forçados a cultivar os campos do rei, e fazer as colheitas,
sem receber pagamento; terão de fabricar armas para os soldados e equipamento para os
carros de combate.
13 - Ele vai tomar suas filhas e obrigará essas moças a cozinharem para ele, fabricar pão e
perfumes.
14 - Tomará de vocês o melhor dos seus campos e das suas plantações de uvas e de oliveiras
e dará essas propriedades aos amigos dele.
15 - Tomará a décima parte das colheitas de vocês, e dará aos seus amigos prediletos.
16 - O rei exigirá os escravos que vocês possuem e também os jovens mais excelentes, e
usará os seus animais para obter lucros.
17 - Vocês terão de entregar a ele a décima parte dos seus rebanhos, e serão escravos do rei.
18 - Vocês vão chorar lágrimas amargas por causa deste rei que estão exigindo, mas o Senhor
não virá ajudar vocês."
19 - Porém o povo não quis atender ao aviso de Samuel. "Mesmo assim, ainda queremos um
rei", eles disseram,
20 - "porque desejamos ser iguais às nações ao nosso redor. Ele nos governará, e nos
conduzirá à guerra."
21 - Samuel contou ao Senhor o que o povo havia dito,
22 - e o Senhor respondeu novamente: "Então faça conforme eles pedem, e dê a eles um rei."
Assim Samuel concordou, e mandou que os homens voltassem para casa.

CAPITULO 9

1 - QUIS ERA UM homem rico e de grande influência; ele era da tribo de Benjamim. Quis era
filho de Abiel, neto de Zeror, bisneto de Becorate e trineto de Afia.
2 - Ele tinha um filho por nome Saul, o moço mais vistoso em Israel. Dos ombros para cima,
era mais alto do que qualquer outro homem naquele pais!
3 - Um dia, os jumentos de Quis se perderam, e então ele mandou Saul e um empregado à
procura dos animais.
4 - Estes andaram por toda a região das montanhas de Efraim, pela terra de Salisa, depois
foram à região de Saalim, percorreram toda a terra de Benjamim, e não encontraram os
animais em parte alguma.
5 - Finalmente, depois de procurar na terra de Zufe, Saul disse ao empregado: "Vamos voltar
para casa; a estas horas meu pai estará mais preocupado com nós dois do que com os
jumentos!"
6 - Porém o empregado disse: "Acabo de pensar numa coisa! Nesta cidade mora um profeta;
todo o povo daqui tem muita consideração por ele, porque tudo quanto ele diz acontece;
vamos ver se o encontramos, e talvez ele nos diga onde estão os animais que procuramos."
7 - "Mas não temos nada com que pagar esse homem", respondeu Saul. "Até mesmo o nosso
alimento se acabou, e não temos nada para dar a ele."
8 - "Bem", disse o criado, "eu tenho aqui alguma prata. Pelo menos podemos oferecer esse
dinheiro a ele, e ver se ele nos mostra o caminho!"
9 a 11 - "Está bem", concordou Saul, "vamos tentar!" E assim foram para a cidade onde
morava o profeta. Quando subiam uma colina em direção à cidade, viram algumas moças que
saíam para tirar água. Então perguntaram a elas se sabiam se o vidente estava na cidade.
(Naqueles dias os profetas eram chamados videntes. "Vamos perguntar ao vidente", diziam as
pessoas, em vez de dizerem "Vamos perguntar ao profeta", como agora se diz.)
12 e 13 - "Sim", responderam as moças; "continuem por esta estrada. Ele mora logo depois
que se entra na cidade. E acaba de voltar de uma viagem, para tomar parte num sacrifício
público no alto da montanha. Por isso andem ligeiro, pois é provável que esteja de saída,
quando vocês chegarem lá; os convidados não podem comer, enquanto o vidente não chega e
abençoa o alimento."
14 - E assim foram eles para a cidade, e quando entravam pela porta, viram Samuel que saía
na direção deles e se dirigia para o lugar do culto. 15 - No dia anterior, o Senhor tinha dito a
Samuel:
16 - "A manhã, a estas horas, vou enviar a você um homem da terra de Benjamim. Você deve
derramar óleo sobre a cabeça dele, como sinal de que ele dirigirá o meu povo. Esse homem
livrará o meu povo das mãos dos filisteus, pois estou cuidando do meu povo, e vou atender ao
seu clamor."
17 - Quando Samuel viu a Saul, o Senhor disse: "Esse é o homem sobre o qual lhe falei! Ele
governará o meu povo."
18 - Nesse instante, Saul se aproximou de Samuel e perguntou: "pode me dizer, por favor,
onde é a casa do vidente?"
19 - "Eu sou o vidente!" respondeu Samuel. "Suba até ao lugar de culto adiante de mim e
comeremos juntos; pela manhã eu lhe direi o que você deseja saber, e indicarei o caminho a
seguir.
20 - E não se preocupe com os jumentos que se perderam há três dias, porque já foram
encontrados. De qualquer maneira, você agora possui toda a riqueza de Israel!"
21 - "Mas, senhor", respondeu Saul. "Sou da tribo de Benjamim, a menor das tribos de Israel,
e minha família é a menos importante de todas as famílias da tribo! O senhor deve estar
enganado a meu respeito!"
22 - Então Samuel levou a Saul e seu empregado para a grande sala e os fez assentar à
cabeceira da mesa, dando-lhes lugar de honra, acima dos trinta convidados especiais.
23 - Samuel ordenou ao cozinheiro-chefe, que trouxesse a Saul o melhor pedaço de carne,
aquele pedaço que tinha sido preparado para o convidado de honra.
24 - Então o cozinheiro-chefe trouxe o pedaço de carne e o colocou diante de Saul. "Vamos,
coma", disse Samuel, "pois eu estava guardando esse pedaço para você, antes mesmo de
haver convidado esses outros!' Assim Saul comeu na companhia de Samuel.
25 - Terminada a festa, voltaram para a cidade; Samuel levou Saul para uma varanda
construída sobre o teto da casa, e ali conversaram por algum tempo.
26 e 27 - Ao amanhecer do dia seguinte, Samuel chamou Saul: "Levante-se; já é hora de você
partir!" Saul levantou-se e Samuel o acompanhou até à saída da cidade. Ao chegarem aos
muros da cidade, Samuel disse a Saul que mandasse o seu empregado passar na frente, e
então disse a Saul: "Recebi do Senhor um recado especial para você".

CAPITULO 10

1 - SAMUEL PEGOU ENTÃO um vaso de azeite e o derramou sobre a cabeça de Saul, e o beijou
na face e disse: "Faço isto porque o Senhor escolheu você para ser o rei do seu povo, Israel!
2 - Quando você me deixar, vai ver dois homens ao lado do túmulo de Raquel, em Zelza, na
terra de Benjamim; eles lhe dirão que já foram encontrados os jumentos e que seu pai está
preocupado com a sua demora, e pergunta: 'Que hei de fazer para achar meu filho?'
3 - E quando você chegar ao carvalho de Tabor, verá três homens que vêm em sua direção;
eles estão a caminho de Betel, aonde vão a fim de adorar a Deus no altar que existe ali. Um
deles leva três cabritos, outro leva três pães, e o terceiro leva uma garrafa de vinho.
4 - Eles vão cumprimentar você e lhe oferecer dois dos pães; aceite os pães que lhe oferecem.
5 - Depois disso você irá a Gibeá-Eloim, também conhecido como "Monte de Deus", onde está
a tropa dos filisteus que guarda a cidade. Ao chegar lá, você encontrará um grupo de profetas
descendo do monte; eles vêm tocando saltérios, tambores, flautas e harpas, e também
profetizam.
6 - "Nesse momento o Espírito do Senhor virá poderosamente sobre você, e você profetizará
com eles e se sentirá uma pessoa diferente, e agirá como se fosse uma pessoa diferente.
7 - Desse momento em diante, as decisões que você tomar devem estar sempre de acordo
com o que pareça melhor segundo as circunstâncias, pois o Senhor guiará você.
8 - Vá a Gilgal e espere ali por mim durante sete dias, pois eu irei a fim de oferecer os
sacrifícios queimados e os sacrifícios de paz. Quando chegar, eu lhe darei outras instruções."
9 - Quando Saul se despediu, pronto para ir embora, Deus lhe deu uma nova atitude, e todos
os sinais profetizados por Samuel se realizaram naquele dia.
10 - No momento em que Saul e o empregado chegaram ao Monte de Deus, viram os profetas
que vinham ao encontro deles, e o Espírito de Deus veio sobre Saul, e ele também começou a
profetizar.
11 - Seus amigos souberam disso e exclamaram: "Que é isso? Saul, agora é profeta?"
12 - E um dos vizinhos acrescentou: "Com um pai como o dele?" Essa é, pois, a origem do
provérbio: "Também Saul é profeta?"
13 - Tendo Saul acabado de profetizar, subiu ao monte onde está o altar. 14 - "Por onde
andaram vocês?" o tio de Saul perguntou a ele. E Saul respondeu: "Saímos para procurar os
jumentos, mas não conseguimos encontrá-los; então fomos ao profeta Samuel perguntar a ele
onde estavam os animais."
15 - "Ah, é? E que foi que ele disse?" perguntou o tio.
16 - "Disse que os jumentos já tinham sido encontrados", respondeu Saul. (Porém ele não
contou ao tio que tinha sido ungido rei!)
17 - Samuel mandou que todo o Israel se reunisse em Mispa,
18 e 19 - e deu ao povo este recado da parte do Senhor Deus: "Eu tirei vocês do Egito e os
livrei dos egípcios e de todas as nações que maltrataram vocês. Mas apesar de ter feito tanta
coisa em favor de vocês, ainda assim Me rejeitaram e disseram: 'Preferimos ter um rei!' Está
bem; apresentem-se, pois, diante do Senhor, por tribos e famílias".
20 - Assim Samuel chamou os chefes de tribos para que se reunissem diante do Senhor, e a
tribo de Benjamim foi escolhida por sorteio.
21 - Então Samuel trouxe cada família da tribo de Benjamim perante o Senhor, e foi escolhida
a família de Matri. E, finalmente, foi sorteado Saul, filho de Quis. Mas quando o procuraram,
não conseguiram achá-lo!
22 - Por isso perguntaram ao Senhor: "Onde está Saul? Está aqui entre nós?" E o Senhor
respondeu: "Saul está escondido no meio da bagagem".
23 - De fato o encontraram e o trouxeram para fora, e ele era o mais alto de todos ali; dos
ombros para cima, ninguém tinha a altura dele.
24 - Então Samuel disse a todo o povo: "Este é o homem que o Senhor escolheu como rei de
Israel. Não há outro igual a ele em todo o povo!" E o povo gritou: "Viva o rei!"
25 - Samuel repetiu então ao povo quais eram os direitos e as obrigações de um rei; escreveuos
num livro e colocou esse livro num lugar especial perante o Senhor. Depois Samuel mandou
que todos voltassem para casa.
26 - Quando Saul voltou para sua casa em Gibeá, Deus tocou o coração de um grupo de
homens que se tornaram companheiros de Saul em todos os momentos.
27 - Havia, porém, alguns vadios que exclamavam: "Como é que este homem pode salvarnos?"
E desprezaram a Saul e não lhe trouxeram presentes. Porém Saul não deu a mínima
importância.

CAPITULO 11

1 - NESSE TEMPO NAÁS levou o exército dos amonitas contra a cidade israelita de Jabes-
Gileade. Porém os moradores de Jabes pediram paz. "Deixe-nos em paz, e nós seremos seus
servidores", eles pediram.
2 - "Está bem", disse Naás, "mas somente sob uma condição: eu arrancarei o olho direito de
todos vocês, como vergonha sobre todo o Israel!"
3 - "Dê-nos sete dias para ver se conseguimos algum auxílio mandando recados para o
restante de Israel," responderam as autoridades de Jabes. "Se nenhum dos nossos irmãos vier
salvar-nos, nós aceitaremos suas condições."
4 - Chegando um mensageiro a Gibeá, a cidade onde Saul morava, contou ao povo a respeito
da situação em que se encontravam os de Jabes. E todos começaram a chorar.
5 - Saul estava arando a terra no campo, e quando voltou à cidade, perguntou: "O que
aconteceu? Por que toda a gente está chorando? " Então contaram a ele a respeito da
mensagem que veio de Jabes.
6 - E o Espírito de Deus tomou conta de Saul, e ele ficou muito zangado.
7 - Pegou dois bois e os cortou em pedaços e mandou mensageiros levarem os pedaços por
todo o território de Israel. "Isto é o que vai acontecer aos bois de todo aquele que não quiser
seguir a Saul e Samuel na batalha!" anunciou Saul. E Deus fez com que o povo tivesse medo
da ira de Saul, e todos vieram a ele como um só homem.
8 - Saul contou os homens em Bezeque e viu que havia trezentos mil deles, além de trinta mil
homens de Judá.
9 - Em vista disso, mandou os mensageiros de volta a Jabes-Gileade, com este recado: "Nós
iremos salvar vocês amanhã, antes do meio-dia!" Foi enorme a alegria do povo quando os
mensageiros chegaram com a notícia!
10 - Então os homens de Jabes disseram aos seus inimigos: "Vamos render-nos. Amanhã nos
entregaremos a vocês, e vocês podem fazer conosco o que desejarem".
11 - Mas bem cedo, na manhã seguinte, Saul chegou. Ele dividiu o seu exército em três
companhias, e atacou de surpresa os amonitas e os matou durante a manhã toda. O restante
do exército amonita se espalhou de tal maneira, que não ficaram dois juntos.
12 - Então o povo disse a Samuel: "Onde estão aqueles que diziam que Saul não seria nosso
rei? Tragam esses homens aqui e vamos matá-los!"
13 - Porém Saul respondeu: "Ninguém será morto hoje; porque hoje o Senhor salvou a Israel!"
14 - Então Samuel disse ao povo: "Venham, vamos todos a Gilgal, e confirmemos a Saul
novamente como nosso rei."
15 - Assim foram a Gilgal, e numa bonita cerimônia diante do Senhor eles puseram a coroa
sobre a cabeça de Saul. Depois apresentaram ofertas de paz ao Senhor, e Saul e todo o Israel
estavam muito felizes.

CAPITULO 12

1 - SAMUEL FALOU novamente ao povo: "Vejam," disse ele, "fiz conforme vocês pediram. Deilhes
um rei.
2 - Escolhi esse homem, passando para trás meus próprios filhos, e agora aqui estou, velho e
de cabelos brancos; sou homem que estive a serviço do público, desde meus tempos de rapaz.
3 - Agora me digam, enquanto estou diante do Senhor e diante do rei ungido de Deus - De
quem furtei um boi ou um jumento? Alguma vez dei prejuízo a alguém? Alguma vez oprimi
alguém? De quem recebi dinheiro para fazer o que não era certo? Digam-me, e corrigirei
qualquer erro que eu tenha cometido."
4 - "Não", responderam eles, "você nunca deu prejuízo a nenhum de nós, nem nos oprimiu de
qualquer maneira, e nunca recebeu dinheiro algum para favorecer uma pessoa e prejudicar
outra."
5 - "O Senhor e o rei ungido de Deus são minhas testemunhas", declarou Samuel, "de que
vocês não podem me acusar de qualquer roubo." "Sim, é a pura verdade," responderam.
6 - Testemunha disso é o Senhor, que escolheu a Moisés e Aarão," continuou Samuel. "Foi Ele
quem tirou os seus pais da terra do Egito.
7 - "Agora fiquem aqui em silêncio perante o Senhor, enquanto vou lembrar todas as boas
coisas que Ele fez para defender a causa de vocês e de seus pais.
8 - "Quando os israelitas estavam no Egito e clamaram ao Senhor, Ele enviou Moisés e Aarão
para os trazerem a esta terra.
9 - Mas logo eles se esqueceram do Senhor seu Deus, e assim Ele permitiu que fossem
conquistados por Sísera, comandante do exército do rei Hazor, pelos filisteus e pelo rei de
Moabe.
10 - "Eles então clamaram novamente ao Senhor e confessaram que haviam pecado quando se
apartaram dEle e adoraram as imagens de Baal e de Astarote. E prometeram: 'Adoraremos ao
Senhor e ao Senhor somente, se nos livrar dos nossos inimigos'.
11 - Então o Senhor enviou a Gideão, a Baraque, a Jefté e a Samuel para livrar vocês, e vocês
viverem em segurança.
12 - "Mas quando vocês ficaram com medo de Naás, rei de Amom, aí me procuraram e
disseram que desejavam um rei para reinar sobre vocês. Porém o Senhor já era Rei de vocês,
pois Ele sempre foi o seu Rei.
13 - Pois bem, aqui está o rei que vocês escolheram. Olhem bem para ele. Vocês o pediram, e
o Senhor respondeu ao pedido que fizeram.
14 - "Se vocês respeitarem e adorarem ao Senhor e obedecerem aos seus mandamentos e não
se rebelaram contra o Senhor, e se tanto vocês como o seu rei seguirem ao Senhor seu Deus,
então tudo irá bem.
15 - Mas se vocês se rebelarem contra os mandamentos do Senhor e não quiserem atender ao
que Ele diz, então a mão do Senhor será tão pesada sobre vocês, como foi sobre seus pais.
16 - "Agora vejam enquanto o Senhor faz grandes milagres.
17 - Vocês sabem que não chove nesta época do ano, durante a colheita do trigo; vou orar
para que o Senhor envie trovões e chuva hoje, de maneira que vocês reconheçam até que
ponto chegou a maldade de vocês ao pedirem um rei!"
18 - Então Samuel pediu ao Senhor, e o Senhor mandou trovões e chuva; e todo o povo ficou
com muito medo do Senhor, e de Samuel.
19 - "Ore a nosso favor para que não morramos!" eles clamaram a Samuel. "Porque agora
acrescentamos a todos os nossos pecados, mais este de pedir para nós um rei."
20 - "Não fiquem amedrontados", disse Samuel ao povo. "Certamente vocês erraram, mas
agora adorem ao Senhor com verdadeiro entusiasmo, e nunca mais virem as costas para Ele.
21 - Os outros deuses não podem ajudar vocês; não têm nenhum valor.
22 - O Senhor não abandonará o seu povo escolhido, pois isso seria uma desonra para o seu
poderoso nome. Ele fez de vocês uma nação especial para Ele - simplesmente porque Ele quis!
23 - "Quanto a mim, longe de mim esteja que eu cometa pecado contra o Senhor, deixando de
orar em favor de vocês; continuarei a ensinar a vocês tudo quanto for bom e direito.
24 - "Confiem no Senhor, e adorem a Ele com sinceridade; pensem nas grandes coisas que Ele
fez por vocês.
25 - Mas se continuarem a pecar, vocês e o seu rei serão destruídos."

CAPITULO 13

1 - FAZIA UM ANO que Saul era rei. No segundo ano do seu reinado,
2 - escolheu três mil soldados especiais e levou consigo dois mil desses homens a Micmás e ao
Monte Betel, enquanto os outros mil ficaram com Jônatas, filho de Saul, em Gibeá, na terra de
Benjamim. Mandou o restante do exército para casa.
3 e 4 - Jônatas atacou e destruiu a guarnição dos filisteus localizada em Geba. A notícia se
espalhou rapidamente por toda a terra dos filisteus, e Saul mandou tocar a trombeta por toda
a terra de Israel, anunciando que havia destruído a guarnição dos filisteus, e ao mesmo tempo
avisava as tropas israelitas que elas eram odiadas pelos filisteus. Assim, todo o exército de
Israel pegou em armas novamente e se reuniu em Gilgal.
5 - Os filisteus formaram um poderoso exército de três mil carros de guerra, seis mil cavaleiros
e tantos soldados como a areia da praia, e se acamparam em Micmás, que fica ao leste de
Bete-Aven.
6 - Quando os homens de Israel viram aquela enorme quantidade de soldados inimigos,
perderam a coragem por completo e procuraram esconder-se nas cavernas, nas moitas, nos
esconderijos, entre as rochas, e mesmo nos túmulos e nos poços.
7 - Alguns deles atravessaram o rio Jordão e fugiram para a terra de Gade e Gileade. Enquanto
isto, Saul ficou em Gilgal, e os que estavam com ele tremiam de medo.
8 - Samuel havia dito a Saul que esperasse a sua chegada durante sete dias, mas como
Samuel não tinha vindo, os soldados começaram a debandar rapidamente.
9 - Em vista disso, o próprio Saul resolveu apresentar o sacrifício queimado e as ofertas de
paz.
10 – Mas, justamente quando ele terminava, Samuel chegou. Saul saiu para encontrá-lo e
receber a sua bênção,
11 - porém Samuel perguntou: "Que é isto que você fez?" "Bem", respondeu Saul, ''quando vi
que meus homens se iam espalhando daqui, e que você não chegava no prazo marcado, e os
filisteus estavam em Micmás, prontos para a batalha,
12 - eu disse para mim mesmo: 'Os filisteus estão prontos para marchar contra nós, e eu não
pedi o auxílio do Senhor!' Por isso, contra a minha vontade, ofereci o sacrifício queimado, sem
esperar a sua chegada."
13 - "Louco!" exclamou Samuel. "Você desobedeceu ao mandamento do Senhor seu Deus. Ele
tinha planos de fazer você e seus filhos reis de Israel para sempre,
14 - mas agora esses planos vão terminar. O Senhor quer um homem que obedeça ao que Ele
diz. E Ele descobriu o homem que deseja, e já o indicou como rei sobre o seu povo; pois você
não obedeceu ao mandamento do Senhor."
15 - Então Samuel saiu de Gilgal e foi para Gibeá, na terra de Benjamim. Quando Saul contou
os soldados que ainda estavam com ele, verificou que haviam ficado somente uns seiscentos
homens!
16 - Saul, Jônatas e mais esses seiscentos homens estabeleceram seu acampamento em
Geba, na terra de Benjamim; porém os filisteus permaneceram em Micmás.
17 - Três batalhões de atacantes deixaram o acampamento dos filisteus; um deles foi em
direção de Ofra, na terra de Saul;
18 - outro foi para Bete-Horom, e o terceiro tomou o caminho da fronteira, acima do vale de
Zeboim, próximo ao deserto.
19 - Não havia nenhum ferreiro em toda a terra de Israel naqueles dias, pois os filisteus não
permitiam, temendo que eles fabricassem espadas e lanças para os hebreus.
20 - Assim, sempre que os israelitas tinham de afiar as peças de ferro dos seus arados, os
machados ou as enxadas, era preciso levar essas ferramentas aos ferreiros filisteus.
21 - As ferramentas dos israelitas estavam todas cegas, não cortavam nada, e não se podia
aguçar nem mesmo uma simples ponta de aguilhão.
22 - Por isso não havia uma única espada ou lança em todo o exército de Israel naquele dia;
somente Saul e Jônatas é que tinham espadas e lanças. 23 - Nesse meio tempo, o desfiladeiro
de Micmás caiu em poder dos filisteus.

CAPITULO 14

1 - DEPOIS DE ALGUM tempo, o príncipe Jônatas disse ao seu guarda costas: "Venha comigo,
vamos atravessar o vale e chegar à guarnição dos filisteus". Porém não disse nada ao seu pai
sobre o que pretendia fazer.
2 – Saul e seus seiscentos homens estavam acampados. na saída de Gibeá, ao redor da árvore
de romãs em Migrom.
3 - Dentre os seus homens estava o sacerdote Aías (filho de Aitube, irmão de Icabode; Aitube
era neto de Finéias e bisneto de Eli, sacerdote do Senhor em Silo). Ninguém percebeu que
Jônatas tinha ido.
4 - Para chegar à guarnição dos filisteus, Jônatas tinha de passar por um desfiladeiro estreito
entre duas grandes rochas que ficavam quase em posição vertical; uma delas se chamava
Bozez e a outra Sené.
5 - A rocha que ficava ao norte estava em - frente de Micmás, e a que ficava ao sul estava em
frente de Geba.
6 - "Sim, vamos chegar até onde estão aqueles homens que não respeitam a Deus", Jônatas
disse ao seu guarda-costas. "Talvez o Senhor faça um milagre para nós, porque Ele pode dar a
vitória por meio de muitos ou de poucos!".
7 - "Ótimo!" respondeu o moço. "Faça como achar melhor; eu estou à sua inteira disposição,
para o que der e vier."
8 - "Pois bem, então é isto que vamos fazer", Jônatas disse ao moço. Chegaremos perto para
sermos vistos por eles.
9 - Quando eles nos virem, se disserem: 'Alto lá! Fiquem onde estão ou nós mataremos vocês!'
então nós paramos e esperamos por eles.
10 - Se, porém, disserem: 'Venham cá para cima e lutem!' então faremos exatamente isso;
pois será sinal de que Deus nos ajudará a derrotá-los!"
11 - Quando os filisteus viram os dois chegando, gritaram: "Olhem só! Os israelitas estão
saindo dos seus buracos!"
12 - Então os filisteus gritaram para Jônatas: "Venham cá em cima, e nós lhes mostraremos
como é que se luta!" "Vamos, suba logo atrás de mim", disse Jônatas ao seu guarda-costas,
"pois o Senhor nos ajudará a derrotá-los!"
13 - Então os dois subiram de gatinhas, com muita dificuldade, e os filisteus recuavam
enquanto Jônatas e o moço os matavam a torto e a direito;
14 - morreram cerca de uns vinte homens e seus corpos estavam espalhados num espaço
estreito e comprido como o sulco de um arado. 15 - De repente foi aquele pânico geral no
meio do exército dos filisteus, inclusive entre os soldados dos batalhões atacantes. E houve
nesse momento um tremor de terra, o que veio aumentar ainda mais o terror!
16 - As sentinelas de Saul em Gibeá viram uma coisa estranha - o vasto exército dos filisteus
começou a espalhar-se em todas as direções.
17 - "Descubram quem não está aqui", ordenou Saul aos seus oficiais. E quando conferiram a
lista de todos os homens, verificaram que Jônatas e seu guarda-costas tinham saído.
18 - "Traga a Arca de Deus", Saul disse a Aíja. (Porque a Arca estava com o exército de Israel
naquele tempo.)
19 - Mas enquanto Saul falava com o sacerdote, a gritaria e a desordem no acampamento dos
filisteus iam aumentando cada vez mais. "Depressa! O que é que Deus diz?" perguntou Saul.
20 - Então Saul e seus seiscentos homens correram para o campo de batalha e encontraram os
filisteus matando-se uns aos outros, e uma terrível confusão por toda parte.
21 - Os hebreus que tinham sido levados para o exército filisteu então se revoltaram e lutavam
ao lado dos israelitas.
22 - Finalmente, até os homens que estavam escondidos nas montanhas, saíram correndo
atrás dos filisteus quando viram que estes fugiam.
23 - Assim o Senhor salvou a Israel naquele dia, e a batalha continuou além de Bete-Áven.
24 a 26 - Saul tinha declarado: "Caia uma maldição sobre qualquer pessoa que comer alguma
coisa antes do anoitecer, antes que eu me vingue por completo dos meus inimigos". Por isso
ninguém comeu nada o dia todo, muito embora tivessem encontrado favos de mel no chão da
floresta, pois todos temiam a maldição de Saul.
27 - Jônatas, porém, não sabia da ordem do seu pai; por isso ele enfiou uma vara num favo de
mel, e depois de comer, se sentiu muito melhor.
28 - Então alguém lhe disse que seu pai tinha lançado uma maldição sobre qualquer pessoa
que tomasse alimento aquele dia, e como resultado disso, todos estavam cansados e sem
forças.
29 - "Isso é ridículo!" exclamou Jônatas. "Uma ordem dessa só prejudica nosso povo. Vejam
como me sinto muito melhor agora que comi um pouco de mel.
30 - Se o povo tivesse permissão para comer à vontade do alimento que encontraram no
acampamento dos nossos inimigos, imaginem só quantos mais poderíamos ter matado!"
31 - Apesar de estarem famintos, os israelitas perseguiram e mataram os filisteus o dia todo,
desde Micmás até Aijalom; e com isso ficavam cada vez mais esgotados em suas forças.
32 Naquela noite, eles recolheram os despojos da batalha, mataram as ovelhas, os bois e os
bezerros, e comeram a carne crua, com sangue.
33 - Alguém foi contar a Saul o que estavam acontecendo, pois o povo pecava contra o Senhor
pelo fato de comer sangue. "Isso está muito errado", disse Saul. "Rolem para cá uma grande
pedra,
34 - e saiam por entre os soldados, dizendo a eles que tragam os bois e as ovelhas aqui para
os matarem e deixar escorrer o sangue, e não pequem contra o Senhor pelo fato de comerem
com o sangue." Foi isso que eles fizeram.
35 - Saul construiu um altar para o Senhor - o primeiro que ele construiu.
36 - Depois Saul disse: "Vamos caçar os filisteus a noite toda, e destruir até o último deles."
"Ótimo!" responderam os seus homens. "Faça o que achar melhor." Porém o sacerdote disse:
"Primeiro vamos perguntar a Deus."
37 - De modo que Saul perguntou a Deus: "Devemos ir atrás dos filisteus? O Senhor nos
ajudará a derrotá-los?" Porém passou a noite toda, sem que o Senhor desse resposta.
38 - Saul disse então aos chefes: "Alguma coisa está errada! Devemos descobrir que pecado
foi cometido hoje.
39 - Dou minha palavra de honra, pelo nome do Deus que salvou a Israel, que ainda que o
culpado seja meu próprio filho Jônatas, certamente ele morrerá!" Mas ninguém teve coragem
de dizer ao rei qual era o problema.
40 - E Saul fez esta proposta: "Jônatas e eu ficaremos aqui, e todos vocês ficarão lá." E o povo
concordou.
41 - Então Saul disse. "Ó Senhor Deus de Israel, por que não respondeu à minha pergunta? O
que é que está errado? Acaso Jônatas e eu somos culpados, ou o pecado está entre os outros?
Ó Senhor Deus, mostre-nos quem é o culpado." E Jônatas e Saul foram escolhidos por sorteio
como sendo os culpados, e o povo foi declarado inocente.
42 - Então Saul disse: "Agora tirem a sorte entre mim e Jônatas". E Jônatas foi escolhido como
o culpado.
43 - "Diga-me o que foi que você fez", Saul ordenou a Jônatas. "Eu provei um pouco de mel",
confessou Jônatas. "Foi só um pouquinho na ponta de uma vara; mas agora devo morrer."
44 - "Sim, Jônatas", disse Saul, "você deve morrer; que Deus me castigue se você não for
morto por isto."
45 - Mas os soldados não gostaram nada da idéia e disseram: "Jônatas deve morrer, ele que
hoje libertou a Israel? Isso não vai acontecer! Damos nossa palavra de honra, que não se
tocará nem mesmo num fio de cabelo da sua cabeça, pois Deus o usou para fazer um
poderoso milagre hoje". E assim o povo salvou a Jônatas.
46 - Então Saul mandou que o exército voltasse, e os filisteus se foram para suas casas.
47 - E agora, visto que estava firme Como rei de Israel, Saul enviou o exército israelita em
todas as direções contra Moabe, Amom, Edom; contra os reis de Zobá e os filisteus. E para
onde quer que Saul se dirigia, ele saía vitorioso.
48 - Saul fez grandes coisas e conquistou os amalequitas; também libertou Israel de todos
aqueles que tinham sido seus conquistadores.
49 - Saul tinha três filhos: Jônatas, Isvi e Malquisua; e duas filhas: Merabe e Mical. Merabe era
a mais velha das duas.
50 e 51 - A mulher de Saul era Ainoã, filha de Aimaás. O general-chefe do seu exército era seu
primo Abner, filho de Ner, tio de Saul. (Ner, o pai de Abner, e Quis, o pai de Saul eram irmãos;
ambos eram filhos de Abiel.)
52 - Os israelitas viveram em luta constante com os filisteus durante a vida de Saul. E sempre
que Saul via qualquer moço corajoso e forte, ele o convocava para o seu exército.

CAPITULO 15

1 - UM DIA SAMUEL disse a Saul: "O Senhor me mandou derramar óleo sobre a sua cabeça,
com o sinal de que você reinaria sobre o povo de Deus, Israel, e assim eu fiz. Agora trate de
obedecer ao Senhor.
2 - Esta é a ordem de Deus para você: 'Resolvi castigar a nação de Amaleque porque não quis
permitir que meu povo atravessasse pelo seu território quando Israel veio do Egito.
3 - Agora vá e destrua por completo a nação de Amaleque - homens, mulheres, crianças
maiores, e até mesmo crianças que ainda mamam, bois, ovelhas, camelos e jumentos."
4 - Diante disso, Saul reuniu o seu exército em Telaim. Havia duzentos mil soldados de
infantaria, além de dez mil homens vindos de Judá.
5 - Os amalequitas estavam acampados no vale.
6 - Saul mandou um recado aos queneus, dizendo a eles que saíssem do meio dos
amalequitas, pois se não saíssem, morreriam com eles. "Isto é porque vocês foram bondosos
com o povo de Israel quando ele saiu da terra do Egito," Saul explicou. Então os queneus
ajuntaram o que possuíam e se retiraram.
7 - Saul matou então os amalequitas desde Havilá até chegar a Sur, ao leste do Egito.
8 - Agague, rei dos amalequitas, foi preso com vida, porém Saul matou a todo o povo.
9 - Contudo, Saul e seus homens não mataram a Agague, nem o que havia de melhor em
ovelhas e bois, e os cordeiros mais gordos - tudo, na verdade, que achavam que seria uma
pena matar. Destruíram somente o que valia pouca coisa ou era de qualidade inferior.
10 - O Senhor disse então a Samuel:
11 - "Lamento haver feito rei a Saul, pois novamente ele se recusa a obedecer-Me. Ele não faz
o que Eu mando!" Samuel ficou tão triste quando ouviu isso que clamou em oração ao Senhor
toda a noite.
12 - Levantou-se bem cedinho, na manhã seguinte, e saiu para encontrar Saul. Alguém disse
que ele tinha ido ao monte Carmelo levantar um monumento para si próprio, e dali seguiu
viagem para Gilgal.
13 - Quando, finalmente, Samuel o encontrou, Saul o cumprimentou com alegria. "Olá,
amigo", disse Saul. "Bem cumpri a ordem do Senhor!"
14 - "Então o que significa todo esse berro de ovelhas e o mugido de bois que estou ouvindo?"
perguntou Samuel.
15 - "É verdade que o exército não matou o melhor das "ovelhas e dos bois", Saul confessou,
"porém esses animais vão ser sacrificados ao Senhor seu Deus; quanto ao restante,
destruímos tudo."
16 - Então Samuel disse a Saul: "Espere! Ouça o que o Senhor me disse a noite passada!"
"Que foi?" Saul perguntou.
17 - E Samuel lhe disse: "Quando você não valia muito aos seus próprios olhos, Deus fez de
você o rei de Israel.
18 - Ele lhe mandou um recado e disse: 'Vá e destrua por completo estes pecadores, os
amalequitas, até que morram todos.'
19 - Por que, pois, você não obedeceu ao Senhor? Por que se apressou em tomar o que os
amalequitas possuíam, e fez exatamente o que o Senhor disse para não fazer?"
20 - "Ao contrário, eu obedeci ao Senhor", Saul insistiu. "Fiz o que Ele me disse para fazer;
trouxe o rei Agague, e matei a todos os outros.
21 - E somente quando meus soldados exigiram, é que lhes dei permissão para conservar o
melhor das ovelhas e bois, e o que os amalequitas possuíam, a fim de sacrificá-los ao Senhor."
22 - Samuel respondeu: "Acaso o Senhor tem tanto prazer em suas ofertas queimadas e
sacrifícios, como tem em sua obediência? Obedecer é muito melhor do que sacrificar. Deus
está muito mais interessado em que você atenda ao que Ele ordena, do que nas ofertas da
gordura de carneiros.
23 - Porque a rebelião é tão ruim como o pecado de feitiçaria, e a teimosia é tão ruim como
adorar a imagens. E agora, já que você rejeitou a palavra do Senhor, Ele rejeitou a você, para
que não seja rei."
24 - Finalmente Saul confessou: "Pequei! Na verdade desobedeci às suas instruções e ao
mandamento do Senhor, porque tive medo do povo e fiz o que me pediram.
25 - Por favor, perdoe o meu pecado agora e vá comigo adorar ao Senhor. "
26 - Porém Samuel respondeu: "Não adianta nada! Visto que você rejeitou o mandamento do
Senhor, Ele rejeitou você, para que não seja rei de Israel".
27 - Quando Samuel se virou para ir embora, Saul o agarrou, tentando impedi-lo, e com isso
rasgou o manto de Samuel.
28 - Então Samuel disse: "Está vendo? Também o Senhor hoje rasgou de você o reino de
Israel, e o deu a um dos seus patrícios, que é melhor do que você. E Aquele que é a glória de
Israel não mente, nem muda de opinião, porquanto não é homem."
30 - Então Saul insistiu novamente: "Pequei; mas, pelo menos, honre-me diante dos chefes e
diante do meu povo, indo comigo adorar o Senhor seu Deus."
31 - Por fim Samuel concordou, e foi com ele para o culto.
32 - Então Samuel disse: "Traga-me o rei Agague." Agague chegou todo sorridente, pois
pensava lá consigo mesmo: "Por certo o pior já passou, e não vão me matar!"
33 - Porém Samuel disse: "Assim como a sua espada matou os filhos de muitas mães, agora
chegou a vez de sua mãe ficar sem filho". E Samuel cortou a Agague em pedaços perante o
Senhor em Gilgal.
34 - Depois disso Samuel foi para sua casa em Ramá, e Saul voltou a Gibeá.
35 - Samuel nunca mais viu Saul, porém ele lamentava sempre pela sorte de Saul; e o Senhor
ficou triste porque havia feito Saul reinar sobre Israel.

CAPITULO 16

1 - FINALMENTE O SENHOR disse a Samuel: "Você já lamentou o suficiente por Saul, pois Eu o
rejeitei como rei de Israel. Agora tome um vaso de azeite, vá a Belém e procure um homem
chamado Jessé, porque escolhi um dos seus filhos para ser o novo rei."
2 - Porém Samuel perguntou: "Como posso fazer isso? Se Saul ouvir alguma coisa a esse
respeito, ele me matará." "Leve como você uma novilha", respondeu o Senhor, "e diga que
você veio a fim de sacrificar ao Senhor.
3 - Depois convide Jessé para o sacrifício, e eu lhe mostrarei sobre qual dos seus filhos você
deve derramar o azeite."
4 - Samuel fez conforme o Senhor havia dito. Quando ele chegou a Belém, os homens
principais da cidade foram encontrá-lo, tremendo de medo. "Está tudo bem?" perguntaram.
"Por que veio?"
5 - Samuel respondeu: "Tudo está bem. Vim para oferecer sacrifício ao Senhor. Tratem de
purificar-se, e venham comigo ao sacrifício." E ele realizou a cerimônia de purificação em Jessé
e seus filhos, e os convidou também.
6 - Quando chegaram, Samuel olhou para Eliabe e pensou: "Certamente este é o homem que
o Senhor escolheu!"
7 - Mas o Senhor disse a Samuel: "Não julgue um homem pelo seu rosto ou sua altura, pois
não é este o escolhido. Eu não tomo decisões como você. Os homens julgam pela aparência
exterior, mas Eu examino os pensamentos e as intenções do homem”.
8 - Então Jessé disse a seu filho Abinadabe que desse um passo à frente e caminhasse diante
de Samuel. Mas o Senhor disse: "Também não é este o homem."
9 - A seguir Jessé chamou a Samá, porém o Senhor disse: "Não, não é este o escolhido." Essa
mesma cena se repetiu sete vezes; sete filhos de Jessé foram apresentados e rejeitados.
10 e 11 - "O Senhor não escolheu a nenhum deles," Samuel disse a Jessé. "São estes, todos
os seus filhos? Não há mais nenhum?" "Bem, há o mais moço," Jessé respondeu. "Mas ele está
fora nos campos, tomando conta das ovelhas." "Mande chamá-lo imediatamente", disse
Samuel, "porque não nos assentaremos para comer, enquanto ele não chegar."
12 - Então Jessé mandou chamá-lo. Era um rapaz de bonita aparência, rosto corado, olhos
muito vivos. E o Senhor disse: "É este o escolhido; derrame o óleo sobre a cabeça dele."
13 - Assim, enquanto Davi estava entre os seus irmãos, Samuel tomou o azeite que havia
trazido e o derramou sobre a cabeça de Davi; e o Espírito do Senhor veio sobre Davi e lhe
concedeu grande poder, daquele dia em diante. Depois disso Samuel voltou a Ramá.
14 - Porém o Espírito do Senhor saiu de Saul, e em seu lugar o Senhor mandou um espírito
atormentador que deixou Saul deprimido e cheio de medo.
15 e 16 - Alguns dos auxiliares de confiança de Saul sugeriram um remédio. "Vamos encontrar
um bom tocador de harpa que toque para você, sempre que o espírito atormentador, que o
Senhor enviou como castigo, estiver aborrecendo você", disseram eles. "A música da harpa vai
deixá-lo calmo, e logo você se sentirá bem outra vez."
17 - "Está bem", disse Saul. "Encontrem para mim um bom tocador de harpa."
18 - Um deles disse que conhecia um rapaz em Belém, filho de um homem chamado Jessé;
esse rapaz não somente era um ótimo tocador de harpa, como também tinha boa aparência e
era corajoso e forte. Tinha uma maneira muito boa e firme de julgar as coisas. "Acima de
tudo", acrescentou o auxiliar de Saul, "ele vive em comunhão com o Senhor."
19 - Diante disso, Saul mandou mensageiros a Jessé, pedindo que ele mandasse seu filho
Davi, o pastor de ovelhas.
20 - Jessé respondeu enviando juntamente com Davi presentes para Saul: um cabrito e um
jumento carregado de alimento e vinho.
21 - Desde o instante em que viu a Davi, Saul o amou e teve admiração por ele; e Davi se
tornou ajudante de Saul.
22 - Então Saul escreveu a Jessé: "Por favor, deixe que Davi faça parte do meu pessoal, pois
gosto muito dele."
23 - E sempre que o espírito atormentador da parte de Deus perturbava a Saul, Davi tocava a
harpa e Saul se sentia melhor, e o espírito de castigo se retirava.

CAPITULO 17

1 – OS FILISTEUS REUNIRAM seu exército para a guerra e se acamparam entre Socó, em
Judá, e Azeca, em Efes-Damim.
2 - Saul respondeu com uma demonstração de forças em ordem de batalha no vale de Elá.
3 - Assim os filisteus e os israelitas se defrontaram em montes opostos, tendo o vale entre
eles.
4 a 7 - Então Golias, um campeão filisteu de Gate, saiu das fileiras dos filisteus para enfrentar
as forças de Israel. Ele era um gigante de homem; media de altura mais de 2,70 metros.
Usava um capacete de bronze, e vestia uma couraça de malha que pesava cerca de noventa
quilos; tinha umas caneleiras de bronze, e trazia um dardo de bronze de vários centímetros de
espessura, tendo na ponta uma lança de ferro de quase doze quilos; adiante dele caminhava
seu carregador de armas com um enorme escudo.
8 - A uma certa altura, ele parou e gritou para os soldados israelitas: "Vocês precisam de um
exército inteiro para resolver esta questão? Eu representarei os filisteus; vocês escolham
alguém que represente o exército do rei Saul, e vamos resolver isto em um único combate!
9 - Se o seu homem for capaz de matar-me, então nós seremos escravos de vocês. Porém se
eu o matar, então vocês devem ser nossos escravos!
10 - Desafio os exércitos de Israel! Mandem um homem que venha lutar comigo!"
11 - Quando Saul e o exército israelita ouviram este desafio, tremeram de medo.
12 - Davi, (filho do velho Jessé, membro da tribo de Judá, que vivia em Belém de Judá) tinha
sete irmãos mais velhos do que ele.
13 - Os três primeiros - Eliabe, Abinadabe e Samá já se haviam apresentado como voluntários
do exército de Saul para combater os filisteus.
14 e 15 - Davi era o filho mais moço, e trabalhava para Saul, apenas uma parte do tempo. Ele
voltava a Belém para ajudar o pai a cuidar das ovelhas.
16 - Durante quarenta dias, duas vezes por dia, pela manhã e à tarde, o gigante filisteu
passava com arrogância diante dos exércitos de Israel.
17 - Um dia Jessé disse a Davi: "Leve a seus irmãos esta porção de grãos torrados, e estes
dez pães.
18 - Dê estes dez queijos ao comandante deles, veja como vão os rapazes, e traga-nos de
volta alguma prova de como passam'"
19 - Saul e o exército de Israel estavam acampados no vale de Elá, para enfrentar os filisteus.
20 - Assim Davi deixou as ovelhas aos cuidados de outro pastor, e partiu bem cedo na manhã
seguinte, levando os grãos, os pães e os queijos. Chegou ao acampamento bem na hora em
que o exército israelita saía para o campo de batalha, com gritos e brados de guerra.
21 - Dentro em breve as forças de Israel e dos filisteus estavam em frente uma da outra,
exército contra exército.
22 - Davi deixou o que ele trazia aos cuidados do guarda da bagagem e correu para encontrar
os irmãos.
23 - Enquanto Davi falava com os seus irmãos, viu que o gigante Golias, herói filisteu de Gate,
saiu das fileiras dos filisteus e gritava o seu desafio ao exército de Israel.
24 - Assim que viram o gigante, os israelitas começaram a fugir amedrontados.
25 - "Você viu o gigante?" os soldados perguntavam uns aos outros. "Ele insultou todo o
exército de Israel. E você ouviu falar do enorme prêmio que o rei ofereceu a quem matar o
gigante? O rei também lhe dará uma de suas filhas por esposa, e toda a sua família estará
livre de pagar impostos"
26 - Davi falou com alguns outros que estavam ali, para confirmar se era verdade o que
diziam. "O que ganhará o homem que matar a este filisteu, e terminar com os insultos que ele
faz a Israel?" Davi perguntou a eles. "Quem é, afinal de contas, este filisteu pagão, que tem a
ousadia de desafiar os exércitos do Deus vivo?"
27 - E todos lhe davam as mesmas respostas anteriores, lembrando o prêmio para quem
matasse Golias.
28 - Mas quando Eliabe, o irmão mais velho de Davi, ouviu-o falando daquela maneira, ficou.
furioso: "O que você anda fazendo por aqui?" perguntou Eliabe. "Você não devia estar
tomando conta das ovelhas? Quem está cuidando delas? Bem sei que você é um moleque
convencido, você quer apenas ver a luta!"
29 - "Que fiz eu agora?" respondeu Davi. "Fiz apenas uma pergunta!"
30 - E ele se dirigiu a alguns outros soldados, fazendo a mesma pergunta a vários deles e
recebendo a mesma resposta.
31 - Quando, finalmente, perceberam quais eram as intenções de Davi, alguém falou ao rei
Saul, e o rei mandou chamar Davi.
32 - "Não se preocupe com coisa alguma", Davi disse ao rei. "Eu cuidarei deste filisteu!"
33 - Saul respondeu: "Como é que um garoto como você pode lutar com um homem como
esse gigante? Você é apenas um menino, e ele está no exército desde os tempos de rapaz!"
34 - Porém Davi não desistia da idéia. "Quando tomo conta das ovelhas de meu pai", disse ele,
e um leão ou um urso vem e pega um cordeiro do rebanho,
35 - eu vou atrás dele com meu cajado, e tiro o cordeiro da sua boca. Se ele me ataca, eu o
seguro pelo queixo e lhe dou pauladas, até que morra. 36 - Já fiz isto com leões e com ursos,
e farei a mesma coisa com este filisteu que não crê em Deus, pois ele desafiou os exércitos do
Deus vivo!
37 - O Senhor, que me salvou das garras e dos dentes do leão e do urso, me salvará deste
filisteu!" Por fim Saul consentiu. "Está bem, então vá", ele disse, "e que o Senhor seja com
você!"
38 e 39 - Saul deu então a Davi sua própria armadura - um capacete de bronze e uma couraça
de malha. Davi vestiu a armadura, enfiou a espada na bainha, e deu um passo ou dois para
ver como ficava; porque nunca antes havia usado tais coisas. "Mal posso mexer-me!"
exclamou Davi, e tirou a armadura.
40 - Apanhou depois cinco pedras lisas de um riacho, colocou-as na sua sacola de pastor e,
armado somente com seu cajado de pastor e a funda, começou a aproximar-se de Golias.
41 e 42 - Golias caminhava na direção de Davi, e ia adiante dele o moço que carregava seu
escudo; Golias caçoava de Davi e o desprezava, por ser ele ainda muito jovem, de boa
aparência e de face rosada!
43 - "Sou eu um cão para que você venha a mim com um pedaço de pau?" gritava o gigante
furioso. E amaldiçoou Davi, em nome dos seus deuses.
44 - "Venha cá, e darei sua carne para ser comida pelas aves e pelos animais selvagens,"
berrava Golias.
45 - Davi gritou em resposta: "Você vem a mim com uma espada e uma lança, mas eu vou a
você em nome do Senhor do universo, e Senhor do exército de Israel – o verdadeiro Deus, a
quem você dirigiu insultos.
46 - Hoje mesmo o Senhor me dará a vitória sobre você, e eu o matarei e cortarei a sua
cabeça. E os seus soldados mortos eu darei às aves do céu e aos animais selvagens, e o
mundo inteiro saberá que existe um Deus em Israel!
47 - E Israel ficará sabendo que o Senhor não depende de armas para realizar seus planos -
ele trabalha sem levar em conta os recursos humanos! Deus entregará vocês nas nossas
mãos!"
48 e 49 - À medida que Golias se aproximava, Davi saiu correndo a encontrá-lo e, enfiando a
mão na sua sacola de pastor, tirou uma pedra e arremessou-a com a funda; a pedra acertou
bem na testa do filisteu. A pedra entrou na testa, e o gigante caiu com o rosto em terra.
50 e 51 - Assim, Davi venceu o gigante filisteu com uma funda e uma pedra. Visto que Davi
não tinha espada, correu para cima de Golias, arrancou a espada da bainha do gigante e o
matou com ela, e depois cortou a cabeça dele. Quando os filisteus viram que o campeão deles
estava morto, trataram de fugir.
52 - Então os israelitas soltaram um grande grito de triunfo e correram atrás dos filisteus,
perseguindo-os até Gate e às portas de Ecrom. E os corpos dos filisteus mortos e feridos
estavam espalhados pelo caminho de Saarim, até Gate e Ecrom.
53 - Então os soldados israelitas voltaram e levaram tudo quanto encontraram no
acampamento dos filisteus.
54 - Mais tarde, Davi levou a cabeça de Golias para Jerusalém, mas guardou em sua tenda as
armas que pertenceram ao gigante.
55 - Quando Saul viu Davi sair para lutar com Golias, perguntou a Abner, o comandante do
exército: "Abner, de que família vem este rapaz?" "Na verdade, não sei", disse Abner.
56 - "Então descubra!" o rei ordenou a Abner.
57 - Depois que Davi matou a Golias, Abner levou Davi à presença de Saul, com a cabeça do
filisteu ainda em suas mãos.
58 - "Conte-me alguma coisa a respeito de seu pai, meu rapaz", Saul disse.
E Davi respondeu: "Meu pai se chama Jessé, e mora em Belém."

CAPITULO 18

1 a 4 - DEPOIS QUE O rei Saul e Davi terminaram sua conversa, Davi se encontrou com
Jônatas, filho do rei, e houve desde logo um laço de grande amizade entre os dois. Jônatas fez
um juramento de que Davi seria como seu próprio irmão, e para provar o que dizia, deu a Davi
a sua capa, espada, arco e o cinto. Desde esse dia o rei Saul quis que Davi ficasse em
Jerusalém, e não deixou mais que ele voltasse para a casa do seu pai.
5 - Davi era o ajudante especial de Saul, e sempre realizava muito bem qualquer tarefa que
lhe era confiada. Por isso Saul colocou a Davi como comandante de seus soldados. Tanto o
exército, como o público em geral, gostaram muito dessa nomeação.
6 - Mas aconteceu alguma coisa quando o exército israelita voltava vitorioso para casa, depois
que Davi matou o gigante Golias. As mulheres saíram de todas as cidades e estavam à beira
do caminho para celebrar a vitória e dar vivas ao rei Saul; cantavam e dançavam de alegria,
ao som de tambores e outros instrumentos de música.
7 - Contudo, era isto que elas cantavam: "Saul matou os seus milhares, e Davi matou seus dez
milhares!"
8 - Saul não gostou nada do que as mulheres cantavam, e ficou muito zangado. "Que história
é essa?" disse ele para si mesmo. "Elas dão a Davi dez mil e a mim somente mil. Daqui a
pouco o fazem rei!"
9 - Assim, dessa ocasião em diante o rei Saul começou a ter ciúmes de Davi.
10 - Na verdade, logo no dia seguinte, um espírito atormentador da parte de Deus tomou
conta de Saul, e ele começou a ter acessos como um louco. Davi procurou acalmar o rei
tocando a harpa, como sempre fazia nessas ocasiões. Porém Saul tinha na mão a sua lança,
11 e 12 - e de repente atirou-a contra Davi, com a intenção de espetá-lo na parede com a
lança. Mas Davi saltou para um lado e escapou. Isto aconteceu uma outra vez, pois Saul tinha
medo de Davi, e sentia inveja porque o Senhor o havia abandonado e agora estava do lado de
Davi.
13 - Finalmente Saul o expulsou da sua presença, e o rebaixou para o posto de capitão. Mas
isso só serviu para dar maior publicidade a Davi.
14 - Davi continuava vitorioso em tudo quanto fazia, porque vivia em comunhão com o Senhor.
15 e 16 - Quando o rei Saul viu isto, ficou ainda com maior medo de Davi. Porém todo o povo
de Israel e de Judá o amava, porque Davi era um deles.
17 - Certo dia Saul disse a Davi: "Estou pronto a lhe dar minha filha mais velha, Merabe, por
esposa. Mas primeiro você deve provar que é um verdadeiro soldado, lutando nas batalhas do
Senhor." Porque Saul pensava consigo mesmo: "Eu o mandarei lutar contra os filisteus e deixo
que eles o matem em lugar de eu mesmo matá-lo".
18 - "Quem sou eu, para que seja o genro do rei?" exclamou Davi. "A família do meu pai não
representa nada!"
19 - Mas quando chegou o tempo do casamento, Saul fez Merabe casar-se com Adriel, um
homem de Meolate, e não com Davi.
20 - Nesse meio tempo, Mical, filha de Saul, apaixonou-se por Davi, e Saul ficou contente
quando soube.
21 - "Aqui está outra oportunidade de ver Davi morto pelos filisteus!" disse Saul para si
mesmo. Mas para Davi ele disse: "Afinal de contas, você ainda pode ser meu genro, pais eu
lhe darei minha filha mais moça".
22 - Então Saul deu instruções a seus homens, para dizerem a Davi, em tom muito
confidencial, que o rei gostava bastante dele, e que todos o amavam e achavam que ele devia
aceitar a proposta do rei, e tornar-se seu genro.
23 - Porém Davi lhes respondeu: "De que jeito um homem pobre como eu, de uma família
desconhecida, encontrará dote suficiente para casar-se cama filha de um rei?"
24 - Quando os homens de Saul lhe contaram o que Davi disse,
25 – Saul lhe respondeu: "Digam a Davi que o único dote de que eu preciso, é uma centena de
filisteus mortos! Vingança sobre meus inimigas é tudo quanto eu quero." Mas o que Saul tinha
em mente era que Davi fosse morto em combate.
26 - Quando recebeu o recado, Davi ficou contente par aceitar a oferta de se casar com a filha
do rei. Assim, antes que terminasse o prazo,
27 - ele e seus homens saíram e mataram os duzentos filisteus, e trouxeram a prova ao rei
Saul. Então Saul deu Mical por esposa a Davi.
28 - Quando o rei reconheceu o quanto Davi andava em comunhão com o Senhor e como
crescia cada vez mais a sua popularidade,
29 - teve ainda maior medo dele. Cada dia que passava, mais Saul o odiava.
30 - Sempre que o exército filisteu atacava, Davi conseguia mais vitórias contra eles, do que o
restante dos oficiais de Saul. Assim, o nome de Davi ficou muito famoso por toda parte.

CAPITULO 19

1 - ENTÃO SAUL INSISTIU com seus auxiliares de confiança, e com seu filho Jônatas para
matarem Davi. Mas Jônatas, devido à sua amizade com Davi,
2 - contou a ele as planos do pai. "Amanhã de manhã", Jônatas preveniu Davi, "você precisa
encontrar um esconderijo nos campos.
3 - Pedirei a meu pai que saia comigo ao campo, e falarei com ele a seu respeito; depois lhe
cantarei tudo o que eu puder descobrir."
4 - Na manhã seguinte, enquanto Jônatas e seu pai conversavam, ele falou bem de Davi, e
implorou ao rei que não fosse contra Davi". "Ele nunca fez nada para prejudicar você", disse
Jônatas. "Ele sempre tem ajudado você, de qualquer maneira que pode.
5 - Você se esqueceu de quando ele arriscou a vida para matar o gigante Golias, e como o
Senhor deu uma grande vitória a Israel como resultado? Certamente você ficou feliz naquela
ocasião. Por que deveria derramar o sangue de um inocente, matando-o? Não há motivo
algum para isso!"
6 - Finalmente Saul concordou, e jurou: "Tão certo como o Senhor vive, Davi não será morto".
7 - Depois Jônatas chamou Davi e lhe contou o que tinha acontecido. Então ele levou Davi até
Saul, e tudo voltou a ser como antes.
8 - Pouco tempo depois estourou a guerra, e Davi levou seus soldados contra os filisteus,
matou muitos deles, e todo o exército filisteu tratou de fugir.
9 e 10 - Porém um dia Saul estava sentado em sua casa, ouvindo Davi tocar harpa, e de
repente um espírito atormentador da parte do Senhor o atacou. Saul estava com a lança na
mão e atirou-a contra Davi, tentando matá-lo. Mas Davi se desviou, e a lança foi espetar-se na
madeira da parede. Então Davi fugiu para sua casa.
11 - Saul mandou soldados para vigiar a casa de Davi, e matá-lo quando ele saísse pela
manhã. "Se você não fugir esta noite, pela manhã você vai ser morto," disse-lhe Mical.
12 - De modo que ela ajudou Davi a descer por uma janela, e de lá ele fugiu para longe.
13 - Depois ela pegou uma imagem e a colocou na cama, cobriu a imagem com cobertores e a
colocou com a cabeça num travesseiro de pele de cabra.
14 - Quando os soldados chegaram para prender Davi e levá-lo a Saul, ela disse a eles que
Davi estava doente e não podia sair da cama.
15 - Então Saul deu ordens para levarem Davi mesmo na cama, de maneira que ele pudesse
matá-lo.
16 - Mas quando chegaram para levá-lo embora, viram que era apenas uma imagem
disfarçada com roupas e peles.
17 - "Por que você me enganou e deixou que meu inimigo escapasse?" perguntou Saul a Mical.
"Fui obrigada a deixá-lo fugir", respondeu Mical. "Ele ameaçou matar-me, se eu não o
ajudasse."
18 - Naquele dia Davi fugiu, e foi a Ramá a fim de encontrar-se com Samuel; e Davi contou a
Samuel tudo o que Saul lhe havia feito. Então Samuel levou Davi consigo para morar em
Naiote, na casa dos profetas.
19 - Quando contaram a Saul que Davi se encontrava com os profetas em Naiote de Ramá,
20 - ele mandou soldados para prenderem Davi. Mas ao chegarem lá, viram Samuel e os
outros profetas profetizando, e o Espírito de Deus veio sobre eles e os soldados de Saul
também começaram a profetizar.
21 - Quando Saul soube do que aconteceu, mandou outros soldados; mas estes também
profetizavam! E a mesma coisa aconteceu ao terceiro grupo que Saul enviou!
22 - Diante disso, o próprio Saul foi a Ramá, e chegou ao grande poço que estava em Secu.
"Onde estão Samuel e Davi?", perguntou Saul. Alguém lhe contou que estavam em Naiote.
23 - Porém no caminho para Naiote, o Espírito do Senhor veio sobre Saul, e ele também
começou a profetizar!
24 - Saul tirou as roupas de cima, e ficou deitado o dia todo e a noite toda, profetizando com
os profetas de Samuel. Os homens de Saul nem podiam acreditar no que viam! "Que é isso?"
eles exclamaram. "Saul agora virou profeta?"

CAPITULO 20

1 - ENTÃO DAVI FUGIU de Naiote, em Ramá, e encontrou a Jônatas. "Que foi que eu fiz?"
exclamou Davi. "Qual é o meu crime? Por que seu pai está sempre querendo matar-me?"
2 - "Isso não é verdade!" Jônatas afirmou "Tenho certeza de que ele não planeja tal coisa, pois
ele sempre me conta tudo o que pretende fazer, mesmo as coisas sem importância. Sei que
meu pai não deixaria de falar comigo sobre um assunto dessa natureza. Nem pense nisso."
3 - "É claro que você não sabe nada a esse respeito!" disse Davi aborrecido. "Seu pai conhece
perfeitamente a nossa amizade; por isso ele disse para si mesmo: 'Não vou contar a Jônatas -
para que eu iria deixá-lo magoado?' Mas a verdade é que estou bem perto da morte! Juro pelo
Senhor e pela sua própria alma!"
4 - Então Jônatas implorou: "Diga-me o que posso fazer por você."
5 - E Davi respondeu: "Amanhã começa a festa da lua nova. Anteriormente, eu sempre me
assentava com seu pai para esta ocasião, mas amanhã eu me esconderei no campo e ficarei
ali, até à noitinha do terceiro dia.
6 - Se o seu pai perguntar onde estou, diga a ele que pedi permissão para ir à minha casa, em
Belém, porque ia haver uma reunião solene anual da família.
7 - Se ele disser 'Está bem', então saberei que tudo está em paz. Mas se ele ficar zangado,
então saberei que ele planeja matar-me.
8 - Faça isto por mim, como irmão, pelo trato que fizemos na presença do Senhor. Ou então
você mesmo me mate, se eu cometi alguma falta contra seu pai; mas não me entregue a ele!"
9 - "Claro que eu não iria fazer uma coisa dessas!" exclamou Jônatas. "Então você pensa que
eu não diria, se soubesse que meu pai planejava matar você?"
10 - Davi perguntou a Jônatas: "Como é que saberei se o seu pai está ou não zangado?"
11 - "Venha ao campo comigo", respondeu Jônatas. E os dois foram juntos para lá.
12 - Então Jônatas disse a Davi: "Prometo, pelo Senhor Deus de Israel, que amanhã a estas
horas, ou o mais tardar no dia seguinte, falarei a meu pai a seu respeito, e imediatamente
farei você saber o que ele pensa.
13 - Se ele estiver zangado, e quiser matá-lo, então que o Senhor me mate se eu não contar a
você, para que você possa escapar e viver. Que o Senhor seja com você, como ele era com
meu pai.
14 - E lembre-se de que você deve demonstrar o amor e a bondade do Senhor não somente
enquanto eu viver,
15 - mas também a meus filhos, depois que o Senhor tiver destruído todos os seus inimigos."
16 - De modo que Jônatas fez um contrato com a família de Davi, e Davi jurou cumprir esse
contrato, com uma terrível maldição contra si próprio e seus filhos, caso ele fosse infiel à sua
promessa.
17 - E Jônatas fez Davi jurar de novo, desta vez pelo amor que Davi lhe dedicava, porque
Jônatas amava a Davi, como a si próprio.
18 - Depois Jônatas disse: "Sim, amanhã eles vão notar a sua ausência na festa da lua nova
quando o seu lugar à mesa estiver vazio.
19 - Depois de amanhã, todos vão perguntar por você. Por isso fique no esconderijo onde você
esteve antes, junto ao monte de pedras, na terceira manhã
20 - eu sairei e atirarei três flechas para os lados do monte, como se atirasse no alvo.
21 - Então mandarei o moço trazer de volta as flechas. Se você me ouvir dizer a ele: 'As
flechas estão deste lado', então saberá que tudo está bem, e que não há problema.
22 - Mas se eu disser a ele: 'Vá mais para a frente - as flechas estão adiante de você', então
significa que você deve partir imediatamente.
23 - E que o Senhor nos ajude a cumprir as promessas que fizemos um ao outro diante dEle,
que está entre nós dois para sempre."
24 e 25 - Davi saiu dali e foi esconder-se no campo. Quando começou a festa da lua nova, o
rei assentou-se para comer em seu lugar de costume, encostado à parede. Jônatas assentouse
defronte dele, e Abner estava assentado ao lado de Saul, mas o lugar de Davi estava vazio.
26 - Saul não disse nada, naquele dia, sobre a ausência de Davi, pois ele pensava que havia
acontecido alguma coisa, de maneira que Davi não estava em condições de participar da
cerimônia por algum motivo especial.
27 - Mas quando o seu lugar ficou vazio também no dia seguinte, Saul perguntou a Jônatas:
"Por que motivo Davi não esteve ontem aqui para a refeição, e também não está hoje?"
28 e 29 - "Ele me perguntou se podia ir a Belém tomar parte numa festa religiosa da família",
respondeu Jônatas. "O irmão dele exigiu que ele estivesse lá, e Davi me pediu licença para ir,
como favor muito especial, de maneira que eu lhe disse que podia ir."
30 - Saul ficou louco da vida. "Você é um tolo, filho de uma mulher perversa e rebelde", disse
Saul furioso. "Pensa que eu não sei que você quer que este filho de Jessé seja rei em seu
lugar, para vergonha de você mesmo e de sua mãe?
31 - Enquanto ele viver, você nunca será rei. Agora vá buscá-lo para que eu o mate!"
32 - "Mas o que ele fez?" perguntou Jônatas. "Por que deve ele morrer?"
33 - Então Saul atirou sua lança contra Jônatas, tencionando matá-lo; com isso, finalmente,
Jônatas reconheceu que seu pai estava, na verdade, falando sério quando disse que Davi devia
morrer.
34 - Jônatas saiu da mesa cheio de raiva e durante aquele dia não quis comer nada, pois ficou
muito magoado com a atitude vergonhosa de seu pai para com Davi.
35 - Na manhã seguinte, conforme estava combinado, Jônatas foi ao campo e levou um rapaz
consigo para apanhar as flechas.
36 - "Comece a correr", disse ele ao moço, "para que você possa encontrar as flechas quando
eu as atirar!" Então o rapaz correu e Jônatas atirou uma flecha para além dele.
37 - Quando o rapaz quase alcançou a flecha, Jônatas gritou: "A flecha está adiante de você.
38 - Depressa, corra, não espere." De modo que o rapaz, com toda rapidez, ajuntou as flechas
e voltou ao seu senhor.
39 - Naturalmente, o rapaz não entendia o que Jônatas pretendia dizer; só Jônatas e Davi é
que sabiam.
40 - Então Jônatas entregou seu arco e as flechas ao moço e mandou que os levasse de volta
à cidade.
41 - Assim que o rapaz voltou, Davi saiu de onde estava escondido, perto da margem sul do
campo, e ele e Jônatas se abraçaram e choraram muito; Davi não parava de chorar.
42 - Por fim, Jônatas disse a Davi: "Coragem, pois nós confiamos a nós mesmos e a nossos
filhos à proteção do Senhor para sempre."
43 - Assim eles se separaram; Davi tomou outro rumo, e Jônatas voltou à cidade.

CAPITULO 21

1 - DAVI SE DIRIGIU à cidade de Nobe para encontrar o sacerdote Aimeleque. Aimeleque ficou
preocupado quando viu Davi, mas foi ao seu encontro. "Por que está sozinho?" perguntou o
sacerdote. "Por que ninguém veio com você? "
2 - "O rei me mandou tratar de um assunto particular", Davi respondeu. "Ele me proibiu de
dizer a qualquer pessoa porque estou aqui. Eu disse aos meus homens onde eles podem
encontrar-me mais tarde.
3 - Agora, o que tem para comer? Dê-me cinco pães, ou alguma coisa mais que puder."
4 - "Não temos pão comum," respondeu o sacerdote; "temos somente o pão sagrado; acho
que você pode levar esses pães, desde que os seus homens não tenham estado com
mulheres."
5 - "Fique sossegado", respondeu Davi. ''Eu nunca permito que meus homens façam o que
bem entendem quando saem para uma expedição, e uma vez que eles permanecem puros,
mesmo em viagens de rotina, quanto mais agora nesta viagem!"
6 - Então, já que não havia outro alimento disponível, o sacerdote deu a Davi o pão sagrado -
o chamado Pão da Presença, que era colocado perante o Senhor no Tabernáculo. Por sinal que
esses pães tinham sido substituídos naquele dia por pães frescos.
7 - Ora, Doegue, o edomita, chefe dos pastores de Saul, estava ali naquela ocasião, para
cumprir uma cerimônia religiosa ordenada na lei.
8 - Davi perguntou a Aimeleque se havia ali uma lança ou espada que ele pudesse usar. "O
assunto do rei exigia tanta urgência, que na pressa de sair eu não peguei nenhuma arma!"
explicou ele.
9 - "Bem," respondeu o sacerdote, "tenho a espada de Golias, o filisteu - aquele que você
matou no vale de Elá. Está embrulhada num pano, atrás do manto do sacerdote. Leve-a, se
você quiser, porque não temos nada mais aqui." "Essa mesma é que eu quero", respondeu
Davi. "Pode me dar!"
10 - Então Davi saiu depressa, pois tinha medo de Saul; e foi para a casa de Aquis, rei de
Gate.
11 - Mas os oficiais de Aquis não gostaram nada da presença de Davi naquela casa. "Não é
este o principal chefe de Israel?" perguntaram os oficiais. "Não é este que o povo honrava em
suas danças, cantando 'Saul matou seus milhares, e Davi matou seus dez milhares'?"
12 - Davi ouviu esses comentários, e teve medo do que o rei Aquis pudesse fazer-lhe,
13 - de modo que se fingia de doido! Arranhava as portas e deixava a saliva escorrer pela
barba.
14 e 15 - O rei Aquis já não agüentava mais ver aquilo; por isso disse aos seus homens: "Era
preciso que me trouxessem esse doido? Já temos malucos de sobra por aqui! Devo ter esse
homem como hóspede?"

CAPITULO 22

1 - DAVI SAIU DE Gate e foi se esconder na caverna de Adulão, onde seus irmãos e outros
parentes logo se juntaram a ele.
2 - A seguir começaram a chegar outros - aqueles que estavam em alguma dificuldade; por
exemplo, os que tinham dívidas, ou simplesmente estavam descontentes, até que Davi veio a
ser o chefe de uns quatrocentos homens.
3 - Mais tarde Davi foi a Mispa, em Moabe, pedir permissão ao rei para que seu pai e sua mãe
morassem ali sob a proteção real, até que Davi soubesse o que Deus ia fazer dele.
4 - Ficaram em Moabe durante todo o tempo em que Davi morou na caverna.
5 - Um dia o profeta Gade disse para Davi deixar de se esconder na caverna e voltar para a
terra de Judá. Davi foi então para o bosque de Herete.
6 – Saul logo ficou sabendo da chegada de Davi em Judá. Nessa ocasião, Saul estava em
Gibeá, sentado sob um carvalho, com a sua lança na mão e cercado por seus oficiais.
7 - "Escutem o que vou dizer a vocês, homens de Benjamim!" exclamou Saul, quando ouviu a
notícia. "Davi lhes prometeu terras e plantações de uvas e postos no seu exército, não é
verdade?
8 - É por isso que vocês estão contra mim? Pois nenhum de vocês jamais me disse que meu
próprio filho está do lado de Davi. Vocês nem mesmo lamentam a minha sorte. Pensem nisso!
Meu próprio filho - instigando Davi para me matar!"
9 e 10 - Então Doegue, o edomita, que estava ali com os homens de Saul, disse: "Quando eu
estava em Nobe, vi que Davi falava com o sacerdote Aimeleque, filho de Aitube. Também vi
Aimeleque consultar ao Senhor para descobrir o que Davi deveria fazer, e depois ele deu a
Davi alimento e a espada de Golias, o filisteu."
11 e 12 - Imediatamente o rei Saul mandou chamar o sacerdote Aimeleque, filho de Aitube, e
todos os outros sacerdotes que estavam em Nobe, da família dele. Quando chegaram, Saul
gritou para eles: "Escute o que vou dizer, filho de Aitube!" "O que há?" perguntou Aimeleque.
13 - "Por que você e Davi conspiraram contra mim?" indagou Saul. "Por que você deu a ele
alimento e uma espada, e ainda falou com Deus em favor dele? Por que você deu conselhos a
ele, para que se revoltasse contra mim e viesse me atacar?"
14 - "Mas senhor", respondeu Aimeleque, "por acaso há alguém entre os servidores do rei, que
seja tão fiel como Davi, seu genro? Ora, ele é o capitão da guarda pessoal do rei, e um
membro muito honrado da casa real!
15 - Por certo que esta foi a primeira vez que eu consultei a Deus em favor dele! Não é justo
que o rei me acuse e acuse a minha família nesta questão, pois nada sabemos de nenhum
plano contra o rei."
16 - "Você deve morrer, Aimeleque, junto com toda a sua família!" gritou o rei.
17 - Saul ordenou aos seus guarda-costas: "Matem esses sacerdotes, pois eles são aliados de
Davi, e são traidores; eles sabiam que Davi estava fugindo de mim, porém não me disseram
nada!" Mas os soldados não quiseram matar os sacerdotes.
18 - Então o rei disse a Doegue: "Mate-os você." E Doegue se atirou sobre eles, e os matou.
Ao todo eram oitenta e cinco sacerdotes, todos eles usando o manto de sacerdote.
19 - Depois Doegue foi a Nobe, a cidade dos sacerdotes, e matou as famílias deles - homens,
mulheres, crianças, nenês de colo, e também todos os bois, jumentos e ovelhas.
20 - Somente escapou Abiatar, um dos filhos de Aimeleque, que fugiu para a companhia de
Davi.
21 - Quando Abiatar contou o que Saul tinha feito,
22 - Davi exclamou: "Eu sabia disso! Quando vi Doegue ali, sabia que ele contaria a Saul.
Agora causei a morte de todos os da família de seu pai.
23 - Fique aqui comigo, e eu protegerei a você, com a minha própria vida. Ninguém fará mal a
você, sem primeiro passar por cima do meu cadáver."

CAPITULO 23

1 - UM DIA CHEGOU a Davi a notícia de que os filisteus estavam em Queila, roubando os
mantimentos guardados nos terreiros para secar.
2 - Davi perguntou ao Senhor: "Devo ir e atacar os filisteus?" "Sim, vá e salve Queila," disse o
Senhor a Davi.
3 - Porém os homens de Davi lhe disseram: "Estamos com medo, mesmo aqui em Judá; e por
certo, não queremos ir a Queila a fim de lutar contra o exército inteiro dos filisteus!"
4 - Davi perguntou novamente ao Senhor se devia ir, e novamente o Senhor lhe respondeu:
"Desça a Queila, pois ajudarei você a vencer os filisteus".
5 - Eles foram a Queila, mataram os filisteus e tomaram o gado deles, e assim o povo de
Queila foi salvo.
6 - O sacerdote Abiatar foi a Queila com Davi, e levou consigo seu manto de sacerdote, para
receber do Senhor as respostas para Davi.
7 – Saul logo ficou sabendo que Davi estava em Queila. "Ótimo!" exclamou Saul. "Agora nós
vamos pegá-lo! Deus o entregou nas minhas mãos, pois ele próprio caiu na armadilha, indo
parar numa cidade cercada de muros!"
8 - Diante disso, Saul reuniu todo o seu exército e marchou para Queila, a fim de cercar Davi e
seus homens.
9 - Mas Davi soube do plano de Saul e ordenou a Abiatar que trouxesse o manto de sacerdote
e perguntasse ao Senhor o que ele deveria fazer.
10 - "Ó Senhor Deus de Israel", disse Davi, "ouvi dizer que Saul planeja vir e destruir Queila
porque estou aqui.
11 - Será que os homens de Queila vão me entregar a ele? E Saul realmente virá, conforme
ouvi dizer? Ó Senhor Deus de Israel, por favor, diga-me o que devo fazer. E o Senhor lhe disse:
"Ele virá."
12 - "E esses homens de Queila vão me trair? Vão me entregar a Saul junto com meus
soldados?" E o Senhor respondeu: "Sim, eles vão trair você."
13 - Então Davi e seus homens - agora já eram uns seiscentos - deixaram Queila e começaram
a andar sem rumo pelo interior do país. Logo chegou a Saul a notícia de que Davi tinha
escapado, por isso Saul desistiu de ir a Queila.
14 e 15 - Davi agora vivia nas cavernas do deserto que havia na região das montanhas de
Zife. Um dia, perto de Horesa, Davi recebeu a notícia de que Saul estava a caminho de Zife;
vinha procurá-lo e matá-lo. Saul perseguia Davi dia após dia, mas o Senhor não o deixava
encontrá-lo.
16 Então o príncipe Jônatas foi procurar Davi; encontrou-o em Horesa, e fortaleceu a confiança
que Davi tinha em Deus.
17 - "Não tenha medo," Jônatas lhe assegurou. "Meu pai nunca encontrará você! Você vai ser o
rei de Israel, e serei o segundo abaixo de você; meu pai bem sabe disso."
18 - Assim, os dois confirmaram o trato de amizade que haviam feito anteriormente; Davi
permaneceu em Horesa, enquanto Jônatas voltou para casa.
19 - Porém os homens de Zife foram procurar Saul em Gibeá, e traíram a Davi. "Sabemos
onde ele está escondido," disseram. "Ele está nas cavernas de Horesa, no monte de Haquilá,
na parte do sul do deserto.
20 - Agora desça, senhor, e nós o apanharemos para vossa majestade, e seu mais profundo
desejo será satisfeito!"
21 - "Bem, louvado seja o Senhor!" disse Saul. "Pelo menos alguém teve dó de mim!
22 - Vão e verifiquem novamente, para ter certeza do lugar onde ele está, e quem o tem visto
por ali, pois eu sei que ele é sabido demais.
23 - Descubram os esconderijos dele, e depois voltem, afim de me dar um relatório mais
completo. Então irei com vocês. E se ele estiver naquela região, eu o encontrarei, mesmo que
seja preciso procurá-lo por todos os cantos daquela terra!"
24 e 25 - E assim os homens de Zife voltaram para casa. Mas quando Davi soube que Saul
vinha para Zife, ele e seus homens foram para mais longe ainda; foram para o deserto de
Maom, que fica ao sul do deserto. Porém Saul os seguiu até lá.
26 - Ele e Davi agora estavam em lados opostos de uma montanha. Quando Saul e seus
homens começaram a chegar mais perto, Davi fez o melhor que pôde para escapar, mas não
adiantou nada.
27 - Então, nesse exato momento, chegou um recado a Saul dizendo que os filisteus estavam
invadindo Israel novamente,
28 - de maneira que Saul deixou de perseguir Davi e voltou para lutar contra os filisteus. A
partir dessa ocasião o lugar onde Davi esteve acampado passou a chamar-se "Pedra de
Escape".
29 - Depois disso, Davi foi morar nas cavernas de En-Gedi.

CAPITULO 24

1 - DEPOIS QUE SAUL voltou de sua batalha contra os filisteus, disseram a ele que Davi tinha
ido para o deserto de En-Gedi;
2 - então Saul reuniu três mil dos melhores soldados, e foi á procura de Davi entre as rochas,
onde só viviam cabras selvagens.
3 - No lugar onde a estrada passa por alguns currais de ovelhas, Saul entrou numa caverna
para fazer as suas necessidades; mas aconteceu que Davi e seus homens estavam escondidos
na caverna!
4 - "Agora chegou a sua vez!" os homens de Davi lhe disseram em voz baixa. "Hoje é o dia a
respeito do qual o Senhor falou quando disse: 'Certamente vou entregar Saul nas suas mãos;
faça com ele o que você bem entender'!" Então Davi foi bem devagarinho, e com toda a calma
cortou a barra do manto de Saul!
5 - Mas depois a sua consciência começou a atormentá-lo.
6 - "Eu não devia ter feito isso", disse ele aos seus homens. “É um grave pecado atacar o rei
escolhido de Deus, seja lá como for."
7 e 8 - Essas palavras de Davi convenceram os seus homens a não matarem Saul. Depois que
Saul deixou: a caverna e continuou o seu caminho, Davi saiu e gritou para ele, dizendo:
6 - “rei, meu senhor!" E quando Saul olhou em redor, Davi se curvou diante dele.
9 e 10 - Davi disse a Saul: "Por que o rei dá atenção às pessoas que dizem que eu procuro
fazer mal ao rei? Hoje mesmo o rei viu que não é verdade. O Senhor colocou o rei nas minhas
mãos, lá na caverna, e alguns dos meus homens me disseram para matá-lo, no entanto eu não
o matei. Pois disse: 'Nunca farei mal a ele - porque é o rei escolhido do Senhor.'
11 - Vê isto que tenho na mão? É um pedaço da barra do seu manto! Cortei o seu manto, mas
não o matei! Isto não o convence de que não procuro fazer-lhe mal, e que não pequei contra a
pessoa do rei, muito embora esteja me perseguindo para tirar a vida?
12 - "O Senhor julgará entre nós dois. Talvez ele o mate pelo que procura fazer-me, porém eu
nunca farei mal ao rei.
13 - Como diz o antigo provérbio: 'O perverso age como perverso', mas apesar da sua
perversidade, não lhe tocarei.
14 - E a quem é que o rei de Israel procura apanhar? Deve ele gastar o seu tempo caçando a
alguém que vale tão pouco como um cão morto ou uma pulga?
15 - Que o Senhor julgue qual de nós está certo, e castigue aquele de nós que for culpado. Ele
é meu advogado e meu defensor, e Ele me livrará do poder do rei!"
16 - Saul perguntou: "Realmente é você, meu filho Davi?" E começou a chorar.
17 - Então disse a Davi: "Você é um homem melhor do que eu, pois você me pagou com o
bem, o mal que eu lhe fiz.
18 - Sim, você hoje foi muito bom para mim, pois quando o Senhor me entregou nas suas
mãos, você não me matou.
19 - Que outra pessoa no mundo deixaria seu inimigo escapar, quando o tinha em suas mãos?
Que o Senhor lhe dê uma boa recompensa pela bondade com que me tratou hoje.
20 - Agora reconheço que certamente você será rei, e que Israel será o seu reino.
21 - Jure-me pelo Senhor, que quando isso, acontecer, você não matará minha família, nem
destruirá meus descendentes!"
22 - Então Davi prometeu que assim seria. Saul voltou para sua casa, mas Davi e seus
homens foram para a caverna.

CAPITULO 25

1 - POUCO TEMPO DEPOIS Samuel morreu, e todo o Israel se reuniu para as cerimônias de
enterro; ele foi sepultado no túmulo de sua família, em Ramá. Nesse meio tempo, Davi desceu
ao deserto de Parã.
2 - Um homem rico de Maom possuía uma criação de ovelhas ali, perto da vila do Carmelo. Ele
tinha três mil ovelhas e mil cabras, e estava no seu rancho nessa ocasião para cortar a lã das
ovelhas.
3 - O nome desse homem era Nabal; sua esposa, uma mulher muito linda e inteligente,
chamava-se Abigail. Mas o marido, que era da família de Calebe, era um tipo esquisito,
grosseiro, teimoso; era um sujeito difícil de se lidar.
4 - Quando Davi soube que Nabal estava cortando a lã das ovelhas,
5 - enviou dez de seus moços ao Carmelo, a fim de entregar a Nabal este recado:
6 - "Que Deus faça prosperar você e sua família, e aumente muitas vezes tudo o que você
possui.
7 - Disseram-me que você está cortando a lã das suas ovelhas e cabras. Enquanto seus
pastores estiveram entre nós, nunca fizemos mal a eles, nem tiramos coisa alguma deles,
durante todo o tempo em que estiveram no Carmelo.
8 - Pergunte aos seus moços, e eles lhe dirão se isto é verdade ou não. Agora enviei meus
homens para pedir que você nos faça uma pequena contribuição, pois chegamos em uma
época feliz de festas. Por favor, mande-nos qualquer coisa que tiver à mão."
9 - Os moços deram o recado de Davi a Nabal, e esperaram pela resposta.
10 - "Quem é esse tal de Davi?" perguntou Nabal. "Quem esse filho de Jessé pensa que é?
Hoje em dia há tantos empregados que fogem dos seus patrões!
11 - Deveria eu pegar meu pão, minha água e a carne dos animais que matei para os meus
trabalhadores, e dar tudo isso a um bando que aparece de repente, sem que a gente saiba de
onde vem?"
12 - Então os mensageiros de Davi voltaram, e contaram a ele o que Nabal tinha dito.
13 - "Peguem suas espadas!" foi a resposta de Davi, enquanto ele enfiava a sua espada na
bainha. Quatrocentos deles partiram com Davi, e duzentos ficaram para guardar seus
equipamentos.
14 - Nesse meio tempo, um dos homens de Nabal foi procurar Abigail, e disse a ela: "Davi
enviou homens do deserto para falar com o nosso patrão, mas ele insultou os homens e os
expulsou daqui.
15 e 16 - Porém os homens de Davi foram muito bons para nós, e nunca nos fizeram nenhum
mal; para dizer a verdade, dia e noite eles foram como um muro de proteção para nós e para
as ovelhas, e nada foi tirado de nós durante todo o tempo em que estiveram ao nosso lado.
17 - Seria bom tomar providências o quanto antes, pois vai haver problema para nosso patrão
e sua família - nosso patrão é um homem tão teimoso, que ninguém pode conversar com ele!"
18 - Então Abigail tomou depressa duzentos pães, duas vasilhas grandes contendo vinho, cinco
ovelhas preparadas, uma boa quantidade de trigo torrado, cem cachos de uva-passa, duzentos
bolos de figo, e colocou tudo isso sobre jumentos.
19 - "Vocês seguem na frente", ela disse aos seus moços, "e eu sigo logo atrás." Porém não
contou ao marido o que ia fazer.
20 - Quando ela descia a estrada montada no seu animal, viu Davi que já estava a caminho
com seus homens, e ela foi se encontrar com ele.
21 - Davi havia dito a si mesmo: "Tivemos bastante trabalho para ajudar esse homem.
Protegemos os rebanhos dele no deserto, de tal maneira que nada se perdeu ou foi roubado,
no entanto, ele paga com o mal, o bem que lhe fizemos. E ainda por cima nos insulta.
22 - Que Deus me castigue se até amanhã, ao amanhecer, ficar vivo ainda que seja um só dos
seus homens!"
23 - Quando Abigail viu Davi, desceu imediatamente do animal e se curvou com o rosto em
terra diante dele.
24 - "Eu aceito toda a culpa neste assunto, meu senhor", ela disse. "Por favor, ouça o que
tenho a dizer.
25 - Nabal é um homem estupido, de mau gênio; mas, por favor, não dê atenção ao que ele
disse. Ele é um louco - é exatamente o que o seu nome Nabal significa. Mas eu não vi os
mensageiros que o senhor mandou. 26 - Uma vez que o Senhor Deus o impediu de matar e de
vingar-se por suas próprias mãos, imploro por Deus e pela sua própria vida também, que
todos os seus inimigos sejam tão amaldiçoados como Nabal.
27 - E agora, aqui está um presente que eu trouxe para o senhor e para os seus moços.
28 - Perdoe-me pela ousadia de vir até aqui. Certamente o Senhor vai recompensá-lo com
uma família de reis, que nunca terá fim, pois o senhor está lutando as batalhas de Deus; e o
senhor nunca fará coisa errada, todos os dias da sua vida.
29 - Mesmo quando o senhor for perseguido por aqueles que desejam tirar-lhe a vida, estará
seguro no Senhor seu Deus, como se estivesse guardado dentro da sua bolsa! Mas a vida dos
seus inimigos desaparecerá, como pedras atiradas de uma funda!
30 e 31 - Quando o Senhor tiver feito todas as boas coisas que lhe prometeu, e o senhor já
estiver reinando sobre Israel, não vai querer estar com a consciência de um criminoso, que fez
justiça com suas próprias mãos! E quando o Senhor tiver feito todas essas grandes coisas para
o meu senhor, por favor, lembre-se de mim!"
32 - Davi respondeu a Abigail: "Bendito o Senhor Deus de Israel, que hoje enviou você ao meu
encontro!
33 - Graças a Deus pelo bom juízo que você demonstra! Bendita seja você, por me impedir de
matar esse homem e de vingar-me por minhas próprias mãos.
34 - Pois juro pelo Senhor, o Deus de Israel, que me impediu de fazer mal a você, que se você
não tivesse vindo ao meu encontro, nenhum dos homens de Nabal estaria vivo amanhã pela
manhã."
35 - Então Davi aceitou os presentes que ela trouxe e mandou que voltasse para casa sem
medo, pois ele não mataria o marido dela.
36 - Quando Abigail chegou em casa, viu que Nabal tinha dado uma grande festa. Como ele
estava bêbado, resolveu não contar nada sobre o encontro que teve com Davi, mas esperou
até a manhã seguinte.
37 e 38 - Pela manhã, Nabal já não estava mais bêbado, e quando a esposa lhe contou o que
havia acontecido, ele sentiu um golpe e ficou paralisado, como se o coração dentro dele se
transformasse numa pedra. Passados uns dez dias, ele morreu, porque o Senhor o matou.
39 - Quando Davi ouviu dizer que Nabal estava morto, exclamou: "Louvado seja o Senhor!
Deus deu a Nabal o que ele merecia, e me livrou de fazer justiça com minhas próprias mãos.
Nabal recebeu o castigo pelo seu pecado". Então Davi não perdeu tempo; mandou logo
mensageiros a Abigail, para pedir a ela que se casasse com ele.
40 - Quando os mensageiros chegaram ao Carmelo, e contaram a Abigail por que tinham
vindo,
41 - imediatamente ela aceitou o pedido.
42 - Aprontou-se com toda pressa, levou consigo cinco das moças que a ajudavam e,
cavalgando o jumento, seguiu os homens que a levaram a Davi. E assim ela se tornou esposa
dele,
43 - Davi se casou, também, com Ainoã de JezreeI.
44 - Nesse meio tempo, Saul obrigou sua filha Mical, mulher de Davi, a casar-se com um
homem de Galim, por nome Palti (filho de Laís).

CAPITULO 26

1 - ENTÃO OS HOMENS de Zife voltaram a Saul, em Gibeá, e contaram a ele que Davi tinha
voltado ao deserto, e estava escondido na montanha de Haquilá,
2 - Diante disso, Saul levou três mil dos seus soldados escolhidos e saiu em perseguição a
Davi,
3 e 4 - Saul se acampou junto da estrada próxima do deserto onde Davi se escondeu, porém
Davi soube da chegada de Saul, e enviou espias para ver o que ele fazia.
5 a 7 - Davi também foi até ao acampamento de Saul certa noite para ver o que se passava
por lá. O rei Saul e o general Abner dormiam dentro de um círculo formado por soldados que
descansavam deitados no chão. "Alguém quer descer comigo até ao acampamento de Saul?"
perguntou Davi a Aimeleque (o heteu) e a Abisai (irmão de Joabe e filho de Zeruia). "Eu
desço," respondeu Abisai. Assim Davi e Abisai foram ao acampamento de Saul e o
encontraram dormindo, com sua lança fincada no chão, junto á sua cabeça.
8 - "Certamente desta vez Deus colocou o inimigo nas suas mãos," Abisai cochichou para Davi.
"Deixe-me ir atravessá-lo com aquela lança. Eu prego Saul no chão com ela - e não preciso de
dar dois golpes; um só basta!"
9 - "Não," disse Davi. "Não o mate, pois quem pode permanecer inocente depois de atacar o
rei escolhido do Senhor?
10 - Certamente Deus o matará algum dia, ou ele morrerá na batalha, ou então morrerá de
velho.
11 - Mas Deus não permita que eu mate o homem que Ele escolheu para ser o rei! Porém uma
coisa digo a você - vamos pegar a sua lança e a sua jarra de água, e depois vamos sair daqui!"
12 - Assim Davi tomou a lança e a jarra de água, e saíram sem que ninguém os visse; e
ninguém acordou, porque o Senhor fez, com que eles caíssem num sono pesado.
13 - Davi e Abisai subiram a montanha do lado oposto do acampamento, até que chegaram a
uma distância que não oferecia perigo.
14 - Então Davi gritou para Abner e Saul: "Acorde, Abner!" "Quem é?" perguntou Abner.
15 - "Olhe, Abner, você é um grande herói, não é mesmo?" Davi zombou. "Onde, em todo o
Israel, existe alguém tão maravilhoso? Sendo assim, por que você não protegeu o seu senhor,
o rei, quando alguém chegou para matá-lo?
16 - Isso não é nada bom! Juro pelo Senhor, que você deve morrer por sua falta de cuidado
com o rei, o ungido do Senhor. Onde estão a lança e a jarra de água do rei, que estavam á
cabeceira dele? Olhe aqui!"
17 e 18 - Saul reconheceu a voz de Davi, e disse: "É você, meu filho Davi?" E Davi respondeu:
"Sim, senhor, sou eu. Por que está me perseguindo? O que é que fiz? Qual é meu crime?
19 - Se é o Senhor quem atiça o rei contra mim, então que Ele aceite minha oferta. Mas se isto
é simplesmente o plano de um homem, então que ele seja amaldiçoado por Deus. Pois o rei
me expulsou de minha casa, de maneira que não posso estar com o povo do Senhor, como se
eu adorasse deuses falsos.
20 - Devo eu morrer em terra estrangeira, longe da presença do Senhor? Qual a razão pela
qual o rei de Israel saiu para perseguir-me como quem persegue uma perdiz nas montanhas?"
21 - Então Saul confessou: "Errei. Volte para casa, meu filho, e não mais procurarei fazer mal
a você; pois hoje você me salvou a vida. Tenho sido um louco, e tenho errado muitíssimo".
22 - "Aqui está sua lança, senhor," respondeu Davi. "Deixe que um dos seus moços venha cá
buscá-la.
23 - O Senhor dá a sua própria recompensa por fazer o bem e ser leal, e eu me recusei a
matá-la, mesmo quando o Senhor o entregou nas minhas mãos.
24 - Agora, que o Senhor salve a minha vida, assim como hoje salvei a sua. Que Ele me livre
de todas as minhas dificuldades."
25 - E Saul disse a Davi: "O Senhor abençoe você, meu filho Davi. Você praticará atos
heróicos, e será um grande conquistador". Então Davi foi-se embora, e Saul voltou para sua
casa.

CAPITULO 27

1 - MAS DAVI CONTINUOU a pensar consigo mesmo: "Um dia destes, Saul vai me apanhar.
Acho melhor eu me esconder entre os filisteus, até que Saul desista e deixe de me perseguir
por toda parte em Israel; assim ficarei livre da sua mão."
2 e 3 - Assim Davi levou os seus seiscentos homens e suas famílias indo viver em Gate, sob a
proteção do rei Aquis, filho de Maoque. Davi levou também suas duas esposas - Ainoã de
Jezreel e Abigail do Carmelo, viúva de Nabal.
4 - Logo chegou a Saul a notícia de que Davi tinha fugido para Gate, de maneira que deixou de
procurá-lo.
5 - Um dia Davi disse a Aquis: "Meu senhor, se tudo está bem para vossa majestade, nós
preferimos morar em uma das cidades do interior, em vez de morarmos aqui na cidade real".
6 - Então Aquis deu a ele a cidade de Ziclague que pertence aos reis de Judá até hoje -
7 - e eles viveram ali entre os filisteus durante um ano e quatro meses.
8 - Davi e seus homens passavam o tempo atacando os gesuritas, os gersitas e os amalequitas
- povos que viviam perto de Sur, junto à estrada do Egito, desde tempos muito antigos.
9 - Eles não deixavam nenhuma pessoa com vida nas aldeias que atacavam, e ainda tomavam
as ovelhas, os bois, os jumentos, os camelos e as roupas, antes de voltarem para suas casas.
10 - "Onde você fez o seu ataque hoje?" perguntava Aquis. E Davi respondia: "Meu ataque
hoje foi contra o sul de Judá, contra o povo de Jerameel e contra os queneus."
11 - Davi não deixava ninguém com vida para vir a Gate e contar onde realmente ele tinha
estado. Isto aconteceu repetidas vezes, enquanto ele viveu entre os filisteus.
12 - Aquis acreditava em Davi, e pensava que o povo de Israel devia odiá-la muito no
momento. "Agora ele terá de ficar aqui e me servir para sempre!" pensava o rei.

CAPITULO 28

1 - MAIS OU MENOS nessa ocasião, os filisteus reuniram seus exércitos para outra guerra
contra Israel. "Venham e nos ajudem a lutar", disse rei Aquis a Davi e seus homens.
2 - "Ótimo", concordou Davi. "Logo o rei verá como podemos ajudar de verdade." "Se assim
for, você será meu guarda-costas enquanto viver," Aquis disse a Davi.
3 - Nessa ocasião, Samuel já tinha morrido, e todo o Israel tinha chorado a sua morte. Samuel
foi sepultado em Ramá, que era a sua cidade. O rei Saul havia expulsado do pais todos os
médiuns e os adivinhadores.
4 - Os filisteus se acamparam em Suném, e Saul e os exércitos de Israel se acamparam em
Gilboa.
5 e 6 - Quando Saul viu o enorme exército dos filisteus, ficou tremendo de medo e perguntou
ao Senhor o que deveria fazer. Porém o Senhor não lhe deu resposta, nem por meio de
sonhos, nem por Urim, ou por intermédio dos profetas. 7 e 8 - Então Saul deu ordens aos seus
auxiliares para que procurassem uma médium, de maneira que ele pudesse perguntar a ela o
que fazer; e eles encontraram uma em En-Dor. Saul se disfarçou, usando roupas comuns, em
vez de usar suas vestes reais. Ele foi a casa da mulher a noite, acompanhado por dois dos
seus homens. "Quero falar com um homem que está morto," pediu Saul. "Pode fazer subir o
espírito desse homem?"
9 - "O senhor está procurando que me matem?" perguntou a mulher. "Sabe que Saul mandou
matar todos os médiuns e os adivinhadores. O senhor está armando uma cilada para mim."
10 - Porém Saul fez um juramento muito sério de que ele não faria traição contra ela.
11 - Finalmente a mulher concordou, e disse: "Pois bem, a quem o senhor quer que eu faça
subir?" "Faça-me subir Samuel," respondeu Saul.
12 - Quando a mulher viu Samuel, ela soltou um grito: "O senhor me enganou! O senhor é
Saul!"
13 - "Não tenha medo!" o rei disse a ela. "O que é que você vê?" "Vejo algo como um deus,
que sobe da terra," ela disse.
14 - "Como é a aparência dele?" "É um velho envolto em um manto." Saul entendeu que era
Samuel, e se curvou perante ele.
15 - "Por que você me perturbou, trazendo-me de volta?" Samuel perguntou a Saul. "Porque
estou numa dificuldade enorme", respondeu Saul. "Os filisteus estão guerreando contra nós, e
Deus me abandonou e não me responde por profetas, nem por sonhos; por isso chamei o
senhor para que me diga o que devo fazer."
16 - Porém Samuel respondeu: "Por que vem perguntar a mim, se é que o Senhor o
abandonou e se tornou seu inimigo?
17 - Ele fez conforme disse que faria, e tirou o reino das suas mãos e o deu ao seu rival, Davi.
18 - Tudo isto aconteceu a você, porque não obedeceu às ordens do Senhor, quando Ele estava
tão zangado com Amaleque.
19 - E ainda mais isto: o exército de Israel inteirinho será derrotado e destruído pelos filisteus
amanhã, e você e seus filhos estarão aqui comigo."
20 - Então Saul caiu estendido ao chão, paralisado de terror por causa das palavras de
Samuel. Também ele estava sem forças devido à fome, pois não tinha comido nada naquele
dia.
21 - Quando a mulher viu o quanto ele estava perturbado, disse: "Senhor, obedeci às suas
ordens, com risco de minha própria vida.
22 - Agora faça o que eu digo, e me permita dar-lhe alguma coisa para comer, de modo que o
senhor possa agüentar a viagem de volta."
23 - Porém Saul não aceitou. Os homens que estavam com ele confirmaram o que a mulher
havia dito, e por fim ele concordou. Então ele se levantou e se assentou na cama.
24 - A mulher estava engordando um bezerro; assim, ela saiu depressa, matou o bezerro,
amassou farinha e assou um pão sem fermento.
25 - Ela trouxe a refeição ao rei e seus homens, e eles comeram. Depois foram embora
naquela mesma noite.

CAPITULO 29

1 - O EXÉRCITO FILISTEU se reuniu em Afeque, e os israelitas acamparam-se junto às fontes
de Jezreel.
2 - Enquanto os capitães filisteus conduziam seus soldados por grupos de cem e de mil, Davi e
seus homens marchavam atrás com o rei Aquis.
3 - Porém os comandantes filisteus perguntaram: "O que esses israelitas fazem aqui?" E o rei
Aquis lhes disse: "Este é Davi, o homem que fugiu de Saul, rei de Israel. Ele está comigo faz
alguns anos, e desde que chegou, até agora, não encontrei nenhuma falta nele."
4 - Mas os chefes filisteus estavam muito zangados. "Mande essa gente de volta!" exigiram.
"Eles não vão à batalha com o nosso exército, porque vão lutar contra nós. Existe algum meio
melhor para ele fazer as pazes com o seu senhor do que voltar-se contra nós na batalha?
5 - Este é o mesmo homem a respeito do qual as mulheres de Israel cantavam em suas
danças: 'Saul matou seus milhares, e Davi matou seus dez milhares!"
6 - Então, finalmente, Aquis chamou Davi e seus homens. "Juro pelo Senhor", Aquis disse a
eles, "que vocês são alguns dos homens mais excelentes que já encontrei, e na minha opinião
vocês deveriam ir com a gente, mas os meus comandantes não querem.
7 - Por favor, Davi, não deixe esses oficiais irritados; é melhor você voltar em paz."
8 - "O que eu fiz para merecer este tratamento?" perguntou Davi. "Por que não posso lutar
contra seus inimigos?"
9 - Mas Aquis insistiu: "Quanto a mim, você é tão perfeito como um anjo de Deus. Porém os
meus comandantes têm medo de ter você na companhia deles na batalha.
10 - Levante-se, pois, de madrugada e assim que clarear o dia vá embora."
11 - Assim Davi, voltou à terra dos filisteus enquanto o exército filisteu prosseguiu em sua
marcha para Jezreel.

CAPITULO 30

1 - TRÊS DIAS DEPOIS, quando Davi e seus homens chegaram à sua cidade de Ziclague, viram
que os amalequitas tinham atacado a cidade e a queimaram completamente;
2 - não mataram ninguém, mas levaram embora todas as mulheres e as crianças.
3 - Quando Davi e seus homens olharam para aquelas ruínas e compreenderam o que havia
acontecido a suas famílias,
4 - choraram até não terem mais lágrimas.
5 - As duas esposas de Davi, Ainoã e Abigail, estavam entre as mulheres que foram presas.
6 - Davi estava muito preocupado, pois os seus homens, aflitos por causa dos seus filhos,
começaram a falar em matá-lo. Mas Davi recebeu forças do Senhor.
7 - Então disse ao sacerdote Abiatar: "Traga-me aqui o manto de sacerdote!" E Abiatar trouxe
a Davi.
8 - Davi perguntou ao Senhor: "Devo persegui-los? Eu os apanharei?" E o Senhor disse a ele:
"Sim, vá atrás deles; você vai recuperar tudo o que eles tomaram de vocês!"
9 e 10 - Então Davi e seus seiscentos homens foram atrás dos amalequitas. Quando chegaram
ao córrego de Besor, duzentos dos homens estavam tão cansados que não agüentaram
atravessar o córrego, mas os outros quatrocentos atravessaram, e continuaram a marcha.
11 e 12 - A caminho, encontraram um moço egípcio num campo, e o trouxeram à presença de
Davi. Fazia três dias e três noites que esse moço não tinha o que comer, por isso deram a ele
um pedaço de bolo de figo, dois cachos de uva-passa e um pouco de água; com isso o rapaz
se reanimou.
13 - "Quem é você, e de onde vem?" Davi perguntou a ele. "Sou egípcio - empregado de um
amalequita," respondeu ele. "Meu patrão me deixou para trás, há três dias, porque eu estava
doente.
14 - Estávamos voltando do nosso ataque aos queretitas no lado sul deles, havíamos atacado o
sul de Judá e a terra de Calebe, e pusemos fogo em Ziclague."
15 - "Pode dizer-me para onde eles foram?" perguntou Davi. O moço respondeu: "Se você
jurar pelo nome de Deus que não me matará, nem me entregará ao meu patrão, então levarei
você a eles".
16 - E o moço os levou ao acampamento dos amalequitas. Eles estavam espalhados pelos
campos, comendo, bebendo e dançando com alegria, por causa da enorme quantidade de
coisas que tomaram dos filisteus e dos homens de Judá.
17 - Davi e seus homens entraram com violência entre eles, e os mataram toda aquela noite e
todo o dia seguinte, até ao anoitecer. Não escapou ninguém, a não ser quatrocentos moços
que fugiram montados em camelos.
18 e 19 - Davi conseguiu trazer de volta tudo o que os amalequitas haviam tomado. Os
homens recuperaram suas famílias e tudo o que lhes pertencia, e Davi salvou suas duas
esposas.
20 - Os soldados de Davi ajuntaram todos os rebanhos, e os levaram adiante do povo.
Disseram: "Este é o despojo de Davi".
21 - Quando chegaram ao córrego de Besor, lá estavam os duzentos homens, que não
puderam ir junto porque estavam cansados demais. Davi os cumprimentou com alegria.
22 - Mas alguns dos malvados dentre os homens de Davi declararam: "Eles não foram com a
gente, por isso não recebem nada. Levem suas mulheres e seus filhos, e vão embora.
23 - Porém Davi disse: "Não, meus irmãos! O Senhor nos guardou e nos ajudou a derrotar o
inimigo que tinha nos atacado,
24 - Acaso pensam que alguém vai dar-lhes apoio? Haverá uma parte igual para os de cada
grupo - uma parte para os que foram à batalha, e outra para os que tomaram conta do
equipamento".
25 - Daquele dia em diante, Davi estabeleceu esse princípio como lei para todo o Israel, e
assim é até hoje.
26 - Quando Davi chegou a Ziclague, mandou aos chefes de Judá uma parte do que haviam
trazido. "Aqui está um presente para vocês; nós tomamos isso dos inimigos do Senhor, Davi
escreveu a eles.
27 a 31 - Os presentes foram enviados aos chefes das seguintes cidades, onde Davi e seus
homens estiveram: Betel, Ramote do Sul, Jatir, Aroer, Sifmote, Estemoa, Racal, as cidades dos
jerameelitas, as cidades dos queneus, Hormá, Bor-Asã, Atace, Hebrom.

CAPITULO 31

1 - NESSE MEIO TEMPO os filisteus começaram a batalha contra Israel, e os israelitas fugiram
deles e foram todos mortos no monte Gilboa.
2 - Os filisteus cercaram a Saul por todos os lados, e mataram seus filhos Jônatas, Abinadabe
e Malquisua.
3 e 4 - Então os que atiravam flechas com arco viram onde Saul estava, e o feriram
mortalmente. Saul disse ao moço que levava suas armas: "Mate-me com a sua espada, antes
que esses filisteus adoradores de deuses falsos me prendam e me torturem". Porém o seu
moço teve medo de matá-lo. Então Saul tomou sua própria espada, atirou-se sobre a ponta da
lâmina, e esta atravessou o seu corpo.
5 - Quando o moço das armas de Saul viu que ele estava morto, também ele se atirou sobre
sua espada, e morreu ao lado do rei.
6 - Dessa maneira, Saul, seu moço de armas, seus três filhos e seus soldados morreram
naquele mesmo dia.
7 - Quando os israelitas que estavam no outro lado do vale e além do Jordão souberam que
seus companheiros tinham fugido e que Saul e seus filhos estavam mortos, abandonaram as
suas cidades. E os filisteus vieram morar nelas.
8 - No dia seguinte, quando os filisteus saíram para tirar o que os mortos possuíam,
encontraram os corpos de Saul e dos seus três filhos no monte Gilboa.
9 - Cortaram a cabeça de Saul e tiraram as armas que ele possuía, e mandaram a maravilhosa
notícia da morte de Saul aos templos das imagens deles, e ao povo da sua terra.
10 - As armas de Saul foram colocadas no templo de Astarote, e o seu corpo foi amarrado ao
muro de Bete-Seã.
11 - Mas quando os moradores de Jabes-Gileade ouviram dizer o que os filisteus tinham feito,
12 - os guerreiros dessa cidade viajaram a noite inteira até Bete-Seã; desceram do muro os
corpos de Saul e seus filhos, e os trouxeram a Jabes, onde foram queimados.
13 - Depois sepultaram os seus restos debaixo de um carvalho em Jabes, e ficaram sem comer
durante sete dias.

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